O ministro do Ambiente apresentou na quarta-feira, 4 de Setembro, em Abrantes os cinco novos vigilantes da natureza que vão fiscalizar e monitorizar os recursos naturais, a quem designou de “guarda-rios”, assegurando que “a impunidade acabou” para os poluidores do Tejo.

“A impunidade acabou e não acabou hoje. Isso dissemos logo há dois anos, com tudo aquilo que foi a criação de um plano integrado de fiscalização ambiental para todo o país, que não existia, e onde diversas entidades com diferentes competências exerciam funções sem que cada um conhecesse o trabalho umas das outras e, por isso, a impunidade está extraordinariamente reduzida desde essa altura”, disse João Matos Fernandes, na cerimónia de assinatura de contrato dos cinco novos vigilantes da natureza, no âmbito do projecto Tejo Limpo.

Para o ministro do Ambiente e da Transição Energética, “mais importante, além de reduzir a impunidade, era reduzir o risco, isto é, melhorar a qualidade da água paulatinamente”, bem como assegurar que vão deixar de acontecer episódios como o do “fatídico dia 24 de janeiro” de 2018.

Na altura, o rio Tejo transformou-se, na zona de Abrantes, num mar de espuma.

Nesse sentido, João Matos Fernandes lembrou as “26 mil análises” efetuadas neste período temporal, a “remoção de 98% das lamas do Tejo”, na zona de Vila Velha de Ródão, “os novos meios de fiscalização” e a contratação de cinco guarda-rios, contrações que “há décadas” não aconteciam em Portugal.

“Estamos a falar de cinco pessoas muito qualificadas, com um perfil profissional e académico muito diferente do que era comum nos guarda-rios, e que são garantia muito relevante de que vai haver mais olhos para o rio Tejo, a par de toda uma panóplia de ferramentas analíticas e de tratamento da informação que agora estão ao dispor destes vigilantes da natureza, aquilo a que continuarei a querer chamar de guarda-rios”, notou.

Os cinco profissionais, duas mulheres e três homens, com idades entre os 21 e os 29 anos, vão desempenhar funções de vigilância, fiscalização e monitorização relativas ao ambiente e aos recursos naturais, em especial no domínio hídrico, desenvolvendo ações de formação e de sensibilização dos utilizadores do rio Tejo.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, disse que “o centro de gravidade operacional dos cinco guarda-rios vai ser em Abrantes”.

O município está a providenciar novas instalações para transferir o atual polo da APA existente na cidade, de modo a poder constituir-se como sede operacional e alojar material de trabalho da nova equipa de vigilantes da natureza.

Nuno Lacasta referiu que estes cinco profissionais “vão percorrer constantemente a bacia hidrográfica do Tejo, exercer pedagogia junto das pessoas para limpeza das ribeiras, ter poderes de fiscalização e levantamento de autos, em estreita colaboração com a GNR, PSP e demais entidades envolvidas no processo”.

Por isso, acrescentou, estas contratações são “mais um passo importante na implementação do Plano de Ação Tejo Limpo, que tem como principal objetivo restabelecer a qualidade de água” no Tejo.

O presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Valamatos (PS), atestou a “evolução muito significativa da qualidade das águas” ao longo do último ano e destacou a importância de um rio limpo para as atividades económicas, turísticas e de lazer em Abrantes e na região envolvente.

Ambientalistas, pescadores e operadores turísticos falaram também na cerimónia para, em sintonia, afirmarem que o Tejo está “completamente diferente para melhor”.

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