O Hospital Distrital de Santarém (HDS) participou no passado mês de Novembro em mais um processo de colheita de órgãos, o qual não só resultou num transplante bipulmonar, que respondeu a um pedido urgente já com extensão internacional, mas também num transplante hepático e dois transplantes renais.
Segundo Custódio Fidalgo, coordenador hospitalar de doação do HDS, com este procedimento “quatro pessoas tiveram acesso à possibilidade de uma qualidade de vida melhor”.
O médico, que também é responsável pela Unidade de Cuidados Intensivos do HDS, conta que o hospital iniciou o seu programa de doação/colheita de órgãos em dador em morte cerebral há cerca de duas décadas, após protocolo com o Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação (GCCT) do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) – Hospital de São José. O HDS participa, em média, em quatro a cinco colheitas por ano.
Questionado sobre os procedimentos perante um potencial dador, Custódio Fidalgo explica: “O processo inicia-se no momento em que é identificado o possível dador. Após o diagnóstico de morte cerebral, o primeiro procedimento é a consulta ao RENNDA (Registo Nacional de Não Dador), pedida ao GCCT, para verificar se o possível dador não manifestou em vida a vontade de não ser dador, sendo que todos os não inscritos são considerados possíveis dadores. Neste caso, e depois de realizados todos os procedimentos prévios e exames complementares de diagnóstico necessários para a análise e avaliação, é contactada a família.”
Custódio Fidalgo salienta que o processo de colheita envolve sempre a participação de uma equipa multidisciplinar do HDS, que participa não só na intervenção e recuperação de pessoas em situação crítica ou, quando tal não é possível, na detecção, avaliação, tratamento e manutenção de potenciais dadores.
O coordenador hospitalar de doação do HDS destaca ainda que neste processo estão envolvidos também meios de apoio que se articulam entre si para assegurar não só o transporte das colheitas de sangue para o Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST) e para LUSOTRANSPLANTE – Centro de Histocompatibilidade do Sul que é feito pela GNR ou pelo INEM, quando é necessária uma maior celeridade, para que se garantam as condições necessárias para o transplante, mas também o transporte das equipas de colheita indicadas pelo GCCT que são externas ao HDS, à excepção dos anestesiologistas.
Custódio Fidalgo defende que é necessário efectuar uma contínua sensibilização da população e dos profissionais de saúde para a doação e uma eficaz organização dos processos de colheita, de modo a “garantir uma melhoria contínua nesta actividade e permitir salvar e melhorar a qualidade de vida de muitos doentes”.