Henrique Colaço Caldas, estudante da Secundária Sá da Bandeira, acredita que as escolas possuem um papel fulcral “na educação de um verdadeiro cidadão capaz de intervir na sociedade”. Nesse sentido, decidiu aderir e dinamizar o Clube de Debate da Escola que, como nos explica, “prioriza a reflexão por parte dos alunos envolvidos, motivando-os a envolverem-se com a comunidade”.

Qual é o propósito do Clube de Debate da Escola Secundária Sá da Bandeira?
O Clube de Debate da Escola Secundária Sá da Bandeira procura, essencialmente, motivar os alunos a quebrarem os dogmas da actualidade e a desejarem ir mais além. Num mundo cada vez mais fragmentado e de difícil compreensão, é necessário que os estudantes, futuros líderes da sociedade, saibam reflectir, escutar e debater, de forma a lutarem pelo bem comum.

É importante as escolas terem o papel de incentivar os alunos a serem mais activos e críticos?
Sim, sem dúvida. Acredito que as escolas possuem um papel fulcral na educação de um bom investigador, artista ou advogado, mas, sobretudo, de um verdadeiro cidadão capaz de intervir na sociedade. Saber respeitar, pensar, ouvir e falar são máximas que deveriam estar verdadeiramente na base da educação e do sistema educativo. Todavia, isso não provém somente da instituição e dos docentes; tem que coincidir, principalmente, com vontade do próprio aluno. Neste sentido, é necessário desenvolver espaços e actividades indicados para que o mesmo aconteça.

Os jovens têm interesse pela política?
Infelizmente, o que se tem verificado nos últimos registos eleitorais é uma grande massa de jovens que se abstêm. Porém, não associo isso a uma falta de interesse, mas sim a um distanciamento entre a política e os mais jovens, algo que tem que ser combatido através de actividades que visem aproximar estas realidades tão aparentemente distintas.

Em que medida é que este Clube pode ajudar no processo de criação de uma cidadania activa?
O Clube de Debate, através das sessões e encontros promovidos, prioriza a reflexão por parte dos alunos envolvidos, motivando-os a envolver-se com a comunidade e com inúmeros projectos. Só desta forma se consegue criar a preocupação com desafios societais e o hábito de intervir assiduamente.

Quando é que nasceu este seu interesse pela reflexão e pelo debate?
A vontade de reflexão e discussão são algo que sempre vivi de forma muito intensa. Motivado inúmeras vezes por viagens, leituras e até mesmo pelo interesse nas “conversas dos mais crescidos”, o espírito de debate exigiu ir mais além. Acabando por aprofundar um pouco ideias e vontades, o “Clube de Debate” nasceu e envolvi-me cada vez mais com este projecto.

Qual é a importância desse clube para si?
Este Clube, para além de representar um local de pura reflexão, procura de conhecimento e até mesmo descontracção do ritmo escolar alucinante, acaba por se revelar o verdadeiro paradigma de uma escola: uma segunda casa onde aprendo a crescer enquanto cidadão. Para além disso, representa também uma enorme fonte de felicidade, uma vez que marca um ponto de viragem no estático ensino português.

Qual foi o debate mais importante realizado até ao momento?
Penso que, apesar dos três debates realizados terem sido realmente marcantes, o terceiro debate, cuja temática incidiu sobre “Populismos e Direitos Humanos”, foi verdadeiramente importante, uma vez que assinalou o final do ciclo de Debates previstos e o culminar de um ano repleto de dedicação e empenho.

Que iniciativas estão programadas?
Neste momento, o Clube de Debate está a procurar não só manter os debates abertos à comunidade escolar e os encontros semanais dedicados à reflexão e discussão de ideias, bem como continuar a participar nas iniciativas de “Filosofia para Crianças” e a promover a participação e a envolvência de outras entidades regionais nas actividades a desenvolver, de forma a motivar a expansão de iniciativas semelhantes.

Viagem?
Nova York.

Música imprescindível?
Qualquer vertente dentro do jazz.

Quais os seus hobbies preferidos?
Jogar ténis, ler, escrever e estar com amigos.

Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?
O aprisionamento de Nelson Mandela.

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?
Documentário.

O que mais aprecia nas pessoas?
A capacidade de sonhar.

O que mais detesta nelas?
O abuso de poder contra outros.

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