A historiadora Maria João Castro, da Faculdade Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, venceu o Prémio António Quadros/2024, em História Contemporânea, anunciou a Fundação António Quadros.
A sua obra “Viagem à década de 1920. O diáfano brilho da extravagância” (2023) valeu à historiadora este galardão que é atribuído desde 2011, destacando anualmente diferentes domínios, da Filosofia ao Turismo, passando pela Poesia, Biografia, Romance ou Música Popular, História e Empreendorismo.
Sobre a obra, prefaciada pelo escritor Nuno Júdice (1949-2024), um dos membros do júri, António Roquette Ferro, disse, em acta, que a sua leitura “é [como] mergulhar num poço de vivências, cujos reflexos [lhe] chegaram, como [se se] estivesse presente em cada uma das páginas deste fantástico livro”.
“Maria João Castro convida-nos a visitar os ‘loucos anos 1920’ e, com ela, experimentar o sal da cultura, em toda a sua amplitude. O livro respira arte, uma arte efémera e espartilhada, em época vivida em velocidade, mas que deixou marca indelével, consistente e duradoura; chegando aos nossos dias, envolta em mistério e dificilmente decifrável!”, acrescenta Roquette Ferro.
Francisco Gautier, outro membro do júri, destaca, por seu turno, a abordagem da historiadora ao seu bisavô, António Ferro (1895-1956), que entre outras funções, foi editor da revista Orpheu (1915), liderou o ex-Secretariado de Propaganda Nacional de 1933 a 1944, e o seu sucessor, o Secretariado Nacional de Cultura Popular, Informação e Turismo (SNI) e foi diplomata em Berna.
“A autora explora magistralmente a influência de figuras chave como António Ferro, cuja visão modernista e defesa do movimento futurista foram cruciais para a transformação cultural de Portugal nessa época”, escreveu Gautier.
O júri foi presidido por Mafalda Ferro, presidente da Fundação António Quadros, e constituído por António Roquette Ferro, Francisco Ferro Gautier e Madalena Ferreira Jordão.
“Não se cingindo apenas aos acontecimentos em Portugal, Maria João Castro contextualiza, cruza informação, refere personalidades e ocorrências significativas para a História Contemporânea de Portugal e do mundo ocidental, citando sempre as suas fontes”, escreve Mafalda Ferro, realçando que, “de página em página, de imagem em imagem, respiramos o início da modernidade em Portugal, atravessando as circunstâncias em torno da publicação de revistas como a ABC ou de livros como ‘Teoria da Indiferença’, ‘Leviana’ e ‘A Idade do Jazzband’, de António Ferro; dos cabarets e clubes nocturnos que apenas se conhece através de memórias dos antigos e de escritos; de novos estilos de dança e de espectáculos; das façanhas de aventureiros e burlões como Artur Alves dos Reis cujo julgamento foi registado por Ferro numa série de artigos; do início da ditadura militar em Portugal; do percurso de tantos e tão excelentes pintores modernistas; de novas casas de teatro, de hotéis e termas”.
O prémio foi entregue na tarde da passada terça-feira, na Biblioteca Municipal de Rio Maior.
No ano passado, na categoria Biografia, o vencedor foi Richard Zenith pela obra “Fernando Pessoa: Uma Biografia”.