A Federação Portuguesa de Tauromaquia (ProToiro) indicou hoje que a temporada tauromáquica em Portugal contou este ano com uma “forte afluência” de público, mas sofreu uma “grande redução” no número de espectáculos devido à pandemia de covid-19.
“A temporada ficou marcada pelos impactos da covid-19, com uma grande redução de espectáculos, mas por uma forte afluência de público e pela união do sector para se adaptar à pandemia”, lê-se num comunicado.
A ProToiro, que sublinha que o sector “sobreviveu” sem o apoio de dinheiros públicos, indica que se realizaram este ano em Portugal 48 espectáculos, quando em 2019 ocorreram 207.
“Estes números vêm interromper a tendência de crescimento do sector nos últimos três anos, que obteve 469 mil espectadores em touradas no ano de 2019”, indica a federação.
A temporada tauromáquica em Portugal arranca anualmente no dia 01 de Fevereiro em Mourão (Évora) e termina no dia 01 de Novembro no Cartaxo (Santarém). Este ano, devido às restrições provocadas pela pandemia, o espectáculo no Cartaxo foi cancelado.
A ProToiro recorda que a retoma dos espectáculos se deu na segunda metade de Julho, em Estremoz (Évora), depois de uma “luta intensa e tenaz” de todo o sector por um “tratamento igualitário” e para a definição das regras de funcionamento dos espectáculos tauromáquicos, por parte do Ministério da Cultura e da Direcção Geral de Saúde (DGS), que teve como “momento decisivo” a acção de protesto com toureiros e forcados acorrentados na porta do Campo Pequeno, em Lisboa, seguida de uma manifestação de profissionais de todo o sector.
“É importante ainda frisar que o sector conseguiu organizar-se e construir uma temporada nas principais praças de toiros do país – por exemplo, o Campo Pequeno, Alcochete, Moita, Coruche, Vila Franca, Santarém, Évora ou Figueira da Foz -, num exemplo de resiliência notável, sendo um dos poucos sectores culturais que funcionaram com a normalidade possível entre os meses de Julho e Outubro”, lê-se no documento.
Citado no comunicado, o presidente da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos (APET), Ricardo Levezinho, alerta que em termos económicos “foi um ano negativo” para o sector.
“Estamos satisfeitos por conseguirmos realizar os espectáculos seguindo rigorosamente as normas definidas com a DGS e a Inspecção Geral das Atividades Culturais (IGAC), sendo que a aplicação de uma nova taxa de IVA de 23% a estes espectáculos é absurda e ilegal, pelo que estamos a trabalhar para que seja reposta nos 6%”, lê-se.
Já o presidente da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide (APCTL), João Santos Andrade, refere no documento que, devido à diminuição do número de touradas, as ganadarias debatem-se agora com o “excesso de produção”, sendo “obrigadas” a enviar os seus animais para o matadouro sem serem lidados.
De acordo com o responsável, esta situação “impede o apuramento” da bravura da raça e gera uma “elevada perda”.
“Esperamos no próximo ano conseguir uma temporada o mais normal possível, para evitarmos a diminuição do efectivo desta raça autóctone, pois a criação do toiro de lide revaloriza os recursos naturais fazendo um aproveitamento racional dos mesmos, mantendo o ecossistema e contribuindo para o equilíbrio do meio ambiente, promovendo a biodiversidade de 70 mil hectares, sobretudo de montado e lezíria. Também estes ecossistemas podem ser afectados com a redução de toiros bravos no campo”, alerta o presidente da APCTL.