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O proTEJO – Movimento pelo Tejo considerou hoje que a estratégia “Água que nos une” configura um “desastre ecológico e social”, com medidas que favorecem o crescimento de alguns setores económicos em detrimento da sustentabilidade ambiental.

Em comunicado, o proTEJO, com sede em Vila Nova da Barquinha, no distrito de Santarém, refere que apresentou hoje a sua “discordância” sobre a estratégia “Água que une”, no portal Participa, por considerar que se trata de “um desastre ecológico e social” que “favorece o crescimento dos setores do agronegócio, da banca, da construção civil e do imobiliário à custa da degradação de uma ecologia favorável […] à sustentabilidade” da vida.

A estratégia nacional “Água que nos une”, apresentada em março pelo Governo e em consulta pública até 25 de abril no portal Participa, prevê a construção de novas barragens, redução de perdas nos diferentes sistemas e, como último recurso, interligação entre bacias hidrográficas.

“Esta estratégia é essencialmente apressada, eleitoralista, economicista e megalómana face à circunstância de um Governo demissionário cujas propostas estão objetivamente focadas, em termos de prazos de execução no curto prazo, na construção de inúmeras novas infraestruturas hidráulicas (barragens, transvases e açudes) que conduzem a um desastre ecológico e social”, refere o Movimento pelo Tejo.

Na nota, o proTEJO acrescenta ainda que as novas infraestruturas previstas no plano apresentam um “risco elevado de ficarem rapidamente subutilizadas sem o retorno económico esperado”, além de não terem sido “consensualizadas com a sociedade portuguesa e com as pessoas que vão ser diretamente afetadas”.

A estratégia “Água que nos une” conta com quase 300 medidas a implementar (algumas vão até 2050) e prevê um aumento da eficiência, através da redução de perdas de água nos sistemas de abastecimento público, agrícola, turístico e industrial, a utilização de água residual tratada, a otimização de barragens e a construção de novas.

Para a proTEJO, a “estratégia não concilia os valores económicos com os valores ecológicos e sociais, por não assegurar nem a sustentabilidade económica de médio e longo prazo, nem a sustentabilidade ambiental”.

Segundo o movimento, os “transvases de ligação de bacias hidrográficas distintas, nomeadamente, do Douro e do Mondego para o Tejo e do Tejo para o Guadiana, com as denominadas “autoestradas da água”, vão afetar populações e “permitir a transferência de poluição e de espécies entre estas bacias provocando alterações nos seus ecossistemas”.

Por outro lado, acrescenta a proTEJO, a construção de barragens e açudes “altera a dinâmica e limita a conectividade fluvial” dos rios, “destruindo a biodiversidade” pela afetação dos habitats e das condições de sobrevivência das diversas espécies.

A estratégia, ainda de acordo com o movimento, está orientada para o aumento do regadio (30%) com maior consumo de água e não para satisfazer as atuais e futuras necessidades das populações com as disponibilidades de água que existem, não sendo esclarecido “qual o objetivo deste aumento do regadio, para quem plantar o quê, e para produzir como e consumir onde”.

Em contrapartida, “ficaram esquecidas medidas estratégicas cujo impacto se prolonga em prazos mais ou menos longos, nomeadamente, as soluções de engenharia natural e as que promovem o restabelecimento de zonas húmidas e a infiltração da água nos solos, como sejam, uma floresta com maior biodiversidade, a adaptação das culturas agrícolas às alterações climáticas e o incentivo para uma agricultura regenerativa”, indica a proTEJO.

Quanto ao Médio Tejo, segundo o movimento, a estratégia propõe a concretização de três projetos que a proTEJO também rejeita, nomeadamente o novo açude no rio Tejo, em Constância/Praia do Ribatejo (Vila Nova da Barquinha), o estudo da ligação da bacia do Tejo à bacia do Guadiana e a construção de uma nova grande barragem no rio Ocreza.

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