A gestão do Mercado Municipal de Santarém vai custar 310 mil euros à Câmara Municipal só nos primeiros nove meses de funcionamento, entre Março e Dezembro deste ano. O valor foi aprovado segunda-feira, 24 de fevereiro, com a autarquia a celebrar um contrato-programa com a empresa municipal Viver Santarém, que ficará responsável pela exploração do espaço.

A decisão, votada favoravelmente pelo PSD e PS, contou com o voto contra do Chega, num debate marcado pela divergência de visões sobre o modelo de gestão e os custos associados ao funcionamento do mercado.

Rendas baixas e défice de exploração assumido

Na reunião do executivo municipal, o presidente do Conselho de Administração da Viver Santarém, Carlos Coutinho, apresentou os principais números da gestão do espaço, sublinhando que as receitas previstas são insuficientes para cobrir os custos operacionais.

As 13 bancas destinadas aos “Comerciantes Históricos”, ou seja, aqueles que já ocupavam o mercado antes das obras, terão uma renda anual de 255 euros cada, o que equivale a 85 cêntimos por dia. No total, estes comerciantes pagarão 3.315 euros por ano.

As 17 lojas e 4 torreões terão um valor de renda máximo de 480 euros por loja, podendo gerar, na melhor das hipóteses, uma receita anual de 145 mil euros.

Estes valores estão longe de cobrir as despesas operacionais. Segundo previsões da Viver Santarém, apenas a limpeza do espaço poderá custar cerca de 200 mil euros anuais. A isto acrescem custos com segurança, eletricidade, recolha de resíduos especializados e outras despesas, podendo o défice de exploração do mercado rondar o meio milhão de euros.

Presidente da Câmara reconhece desafio financeiro

O presidente da Câmara Municipal de Santarém, João Teixeira Leite, reconhece que a gestão municipal do mercado representa “um grande desafio”, mas acredita que será possível reduzir ou até eliminar o défice de exploração.

“Queremos que o mercado seja sustentável e auto-suficiente. Vamos procurar atrair patrocínios e marcas de impacto nacional, para que a estrutura possa gerar receitas próprias e equilibrar as contas. O mercado será uma âncora importante para trazer e fixar pessoas no centro histórico, e essa dinamização é essencial para a cidade”, afirmou João Leite.

O PS, através do vereador Manuel Afonso, defendeu que o mercado “nunca será para dar lucro”, argumentando que o foco deve estar em garantir que “o prejuízo seja o menor possível”.

Oposição critica modelo de gestão

A vereadora Manuela Estêvão, do Chega, justificou o seu voto contra não por desacreditar na capacidade de gestão da Viver Santarém, mas por defender um modelo diferente de exploração.

“A entrega da gestão à Viver Santarém é mais um erro num processo longo e marcado por falhas. Defendemos uma parceria público-privada, que poderia assegurar uma gestão mais eficiente, sem que os contribuintes tenham de suportar o défice. Tal como está definido, este modelo só irá gerar mais despesa pública para cobrir as contas do mercado”, afirmou.

Reabertura oficial marcada para 19 de Março

Após mais de cinco anos encerrado para obras de reabilitação, o Mercado Municipal de Santarém reabrirá oficialmente a 19 de Março, feriado municipal.

A intervenção no edifício, iniciada em 2019, prolongou-se por cerca de cinco anos, tendo um custo total superior a 2 milhões de euros. O espaço foi remodelado para receber novos conceitos comerciais, mantendo simultaneamente a identidade tradicional dos mercados municipais.

O objectivo do executivo passa agora por transformar o mercado num polo comercial e gastronómico, capaz de atrair tanto a população local como visitantes, garantindo a requalificação e dinamização do centro histórico.

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