O Museu Municipal Carlos Reis, em Torres Novas, recebeu um prémio e três menções honrosas na cerimónia de entrega dos prémios APOM – Associação Portuguesa de Museologia, que se realizou esta manhã em Loulé. De destacar a nomeação para Melhor Museu Português, juntamente com o Museu de Serralves, tendo o MMCR alcançado uma menção honrosa nesta categoria. Foi valorizado o facto de, nos dois últimos anos o museu torrejano ter sido profundamente renovado, com a abertura de três novos espaços: pólo de arqueologia industrial, assente na requalificação da antiga central hidroelétrica de Torres Novas; o CHUDE | Centro Humberto Delgado – casa onde nasceu Humberto Delgado, requalificada para dar lugar ao centro de estudos sobre o republicanismo e oposição à ditadura portuguesa; e o pólo de arqueologia – Cerca da Vila, integralmente dedicado à arqueologia do concelho. Passos decisivos para a concretização do programa museológico definido nos anos 90. O MMCR tem contribuído, com relevância, para o avanço do conhecimento científico acerca do território, da sua história e da sua cultura, procurando ligar toda a comunidade em torno da sua memória coletiva.
O projeto CHUDE i resist? CHUDE i protest? CHUDE i participate? venceu na categoria «Projeto de Educação e Mediação Cultural». Este projetotrabalha para e com públicos diversos, decorrente da renovação do conceito museológico da casa memorial Humberto Delgado para CHUDE-Centro Humberto Delgado, situado na aldeia do Boquilobo, que, acaba, assim, por se tornar também o epicentro de conversas e debates, do dissenso e da multivocalidade. Neste projeto desdobra-se a imaginação museal, enfatizando a experiência na primeira pessoa e acolhendo a participação coletiva seja nas rodas de conversa, com a valorização de memórias silenciadas ou marginalizadas e de populações mais idosas (populares anónimos, ex-combatentes, ex-presos políticos, etc.,) ou na participação reivindicativa, curiosa e provocatória de crianças e jovens.
O MMCR recebeu também uma menção honrosa na categoria «Salvaguarda, Conservação e Restauro em Património Cultural» com o tratamento de conservação e de restauro de vinte e sete obras que compõem o núcleo expositivo dedicado a Carlos Reis. Trata-se de um conjunto de 27 obras particularmente estimado pelos torrejanos e visitantes, que reconhecem o seu valor artístico e patrimonial, sendo a coleção que catapulta o museu para a esfera nacional (e internacional), especialmente relevante por razões de ordem histórica, cultural, estética e social. A candidatura, cujo investimento total foi de 60 000,00 €, integralmente suportada pelo Município de Torres Novas na parte não comparticipada, permitiu contar com a presença dos conservadores restauradores José Mendes e Miguel Carrinho durante um ano, trabalhando in situ, à vista de quem visitou o espaço, e sentir a emoção de ver cada pintura regressar ao estado muito próximo daquele que teria há cerca de 100 anos, quando foi criada por mestre Carlos Reis.
Foi ainda atribuída uma menção honrosa ao núcleo de arqueologia Cerca da Vila, na categoria «Museografia». Este núcleo, inaugurado a 8 de julho de 2025, conta com duas áreas expositivas, centro de documentação, oficina visitável e auditório exterior. A exposição de longa duração Um rio, um território, uma história humana adota uma atmosfera serena e equilibrada, favorável à análise dos objetos e à reflexão do seu contexto. A exposição temporária Arqueologia do Almonda: uma janela sobre meio milhão de anos de história é pioneira na apresentação da investigação nas grutas torrejanas.
O Município de Torres Novas esteve representado por Elvira Sequeira, vereadora da Cultura.