A Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Santarém (BVS) foi fundada em 1871 e no próximo mês de Outubro assinala 150 anos de existência. Um ano em que as exigências de socorro são altas devido à crise pandémica que o País atravessa. O Comandante Rui Carvalho disse ao ‘Correio do Ribatejo’ que neste mês de Abril este Corpo de Bombeiros está a assegurar “100 por cento de todo o serviço de socorro em Santarém” e fez uma retrospectiva dos oito anos à frente da segunda Corporação mais antiga do País.

Rui Carvalho é comandante dos BVS e está na corporação há mais de três décadas. Sente orgulho em comandar uma corporação que completa este ano, em Outubro, 150 anos?
Sim, é com muito orgulho que sou o responsável operacional. Desde 2005 que pertenço ao quadro de comando e, desde 2013, comando este corpo activo de excelência.

Que balanço faz do seu comando?
O balanço que faço é muito positivo, operacionalmente somos muito profissionais naquilo que fazemos e o número de ocorrências onde estamos envolvidos confere isso mesmo.

Estes últimos dois anos têm sido de constantes desafios devido à pandemia da Covid-19. Como é que a corporação se adaptou para enfrentar este problema?
Foi uma aprendizagem para todos nós corpo activo. No entanto, muito rapidamente nos adaptámos a esta nova realidade e somos, sem dúvida, seres humanos com uma capacidade acima da média.

O socorro tem sido o grande foco dos BVS nos últimos anos. Os escalabitanos podem contar com a corporação para colmatar alguma falha que ocorra noutra corporação da região?
Nestes últimos dois anos, o nosso foco tem sido só o socorro à população de Santarém e às suas freguesias. Estando sempre disponíveis para ajudar, também os concelhos vizinhos, sem nunca olhar para trás.

No mês de Abril, os Voluntários de Santarém estão a suportar grande parte do socorro que era efectuado pelos Sapadores de Santarém. Isto levou a algum tipo de reforço e adaptação das equipas?
Sim, neste momento fazemos 100 por cento das ocorrências de socorro em Santarém. Pode toda a população ficar descansada, não vamos deixar ninguém sem socorro, nas suas casas ou via pública. Duplicamos o número de operacionais nos piquetes diurnos, nocturnos e no período do dia, de segunda a sexta-feira, das 07h00 às 22h00, onde empenhamos 16 operacionais profissionais. Estou muito grato, por isso mesmo, aos elementos voluntários e profissionais deste Corpo de Bombeiros.

Na sua opinião, o dispositivo concelhio tem capacidade operacional para responder a todas as ocorrências?
Sim, somos uma força operacional de elevado nível e estamos também apoiados por toda a estrutura operacional do Distrito de Santarém, em caso de necessidade de apoio para as diversas ocorrências que possam acontecer em simultâneo.

Quais são os principais desafios que se levantam aos BVS nos próximos tempos?
O nosso principal objectivo é continuar a apostar no corpo activo e no recrutamento de mais elementos para as nossas fileiras. Espero que nos próximos tempos a nossa prestação operacional seja avaliada como o elo mais importante na Protecção Civil em Santarém. Estamos e vamos continuar a estar ao lado de quem nos apoia e reconhece, como uma mais valia para a nossa população.

Equipamentos e recursos humanos, os que existem actualmente, são suficientes ou existem carências?
As carências que temos são mesmo os apoios financeiros por parte da Tutela, via ANEPC e INEM (com um posto PEM, que já justificávamos). Já a Câmara Municipal de Santarém ajuda dentro das suas disponibilidades e capacidades financeiras os Corpos de Bombeiros do Concelho. No entanto quer a Associação de Bombeiros Voluntários de Santarém, quer o município, vão ter de encontrar uma solução mais equilibrada de garantir os necessários apoios financeiros ao Corpo de Bombeiros Voluntários de Santarém, tendo em conta que estamos só dedicados à missão de socorro.

Em termos de Protecção Civil como é que classifica o trabalho que tem sido realizado a nível Municipal?
Nesta área, o concelho de Santarém evoluiu muito e isto deve-se ao excelente Coordenador Municipal de Protecção Civil de Santarém, Comandante José Guilherme. Fez e continua a fazer, um trabalho de excelência. Começo a temer que os diversos convites que tem, o façam sair desta estrutura. No entanto, tendo em conta o que se verifica actualmente, mesmo sendo uma situação excepcional, em que um só Corpo de Bombeiros faz todas as ocorrências da Cidade e suas Freguesias, pode levar-nos a especular uma reestruturação do socorro, especialmente na cidade ou até no concelho.

Que mensagem gostaria de deixar a todos os que consigo trabalham e à população de Santarém?
Ao Senhor Adjunto de Comando, Luís Casimiro e ao Corpo Activo quero agradecer o trabalho extraordinário que têm desenvolvido. Voluntários por opção, mas profissionais na acção. À população de Santarém e a todo o seu concelho quero dizer que, contem connosco. Jamais as vossas vidas ficaram em risco por qualquer acto imoral, por parte deste Corpo de Bombeiros. Existimos porque estamos ao vosso serviço. “O Caminho faz-se Caminhando”.

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