O último álbum do músico Pedro Barroso, que morreu em Março último ao 69 anos, tem o título “Novembro” e já está disponível no mercado nacional.

“O título ‘Novembro’ foi escolhido por ser o mês de aniversário de Pedro [Barroso]”, explicou à agência Lusa Fernando Matias, editor da Ovação, referindo que o disco foi concluído em Novembro do ano passado.

O músico Pedro Barroso, natural de Riachos, concelho de Torres Novas, em declarações à Lusa, em 2019, apontava “Novembro”, como a sua “despedida das canções”.

O álbum conta com a participação do músico espanhol Patxi Andión, que morreu em Dezembro do ano passado. Andión e Barroso partilham a canção “Rumos”, que abre o alinhamento do disco.

Sobre a participação de Andión, disse Barroso à Lusa: “A escolha tímbrica e o simbolismo desta geração ibérica de cantores de luta e da sensibilidade, diz tudo. Ambos nos estreámos no [programa televisivo] Zip Zip, em 1969. Também aí é histórico”.

O músico mostrou-se, na ocasião, esperançoso na “valorização” deste seu último trabalho discográfico.

Na canção “Rumos”, Barroso interroga: “Que lutas nos sobram, que ninhos/ Que gaivotas esvoaçam pelo mar?/ Que sustos, e dores e caminhos/ Que causas inda’ há para lutar?”

E termina, afirmando: “Aqui vos deixo esse aviso/ Por tudo o que quis urgente/ Viver é sempre improviso/ Por isso mesmo é preciso/ Crescer nas bermas do vento”.

Num texto incluído neste álbum, Pedro Barroso afirma que se regia pela busca do “Belo” e dos “Valores”, “algo sempre pessoal e distinto”.

Sobre si escreveu que perseguiu sempre “aquilo que [lhe era] tão essencial respirar em arte, busca, olhar, harmonia”, referindo que “as prioridades variam em todos nós”.

Num esboço sobre a sua militância artística e cívica, no mesmo texto escreveu: “Atravessei os dias deste país, desde o velado e negro ao entusiasmo da estrada descoberta. Ao fim de uma vida cheia de episódios, amores, paixões e acreditares vários, as nossas exortações reduzem e transformam-se. Mas que nunca pereça o sentido maior da Liberdade”.

Pedro Barroso tinha “como causas prioritárias a humanidade, a arte e a ternura, o estudo, a tolerância e a paz”, escreveu. E, deixou um apelo: “Continuemos todos a amar a vida nos seus objectos, sabores, cores, sons, pessoas e lugares”.

Pedro Barroso, que morreu em Março passado, aos 69 anos, definia-se como um “homem de música e palavras”, tendo gravado “mais de 30 discos”,

“Novembro” é constituído por dez canções, todas com letra e música de Pedro Barroso.

É acompanhado pelos por Miguel Carreira (viola e acordeão), Susana Castro Santos (violoncelo), Nuno Flores (violino), Ricardo Parreira (guitarra portuguesa), Rodrigo Serrão (contrabaixo) e António Cordeiro (saxofone), a quem deixou o agradecimento da colaboração. Pedro Barroso protagonizou um carreira de 50 anos.

Em 2009, em declarações à Lusa o músico defendeu que a “canção tem de consubstanciar algumas reflexões” e, não rejeitando “o fazedor de chulas” que foi, afirmou que fez “música bonita com palavras inteligentes”.

Da carreira musical, Barroso afirmou guardar “gratas recordações” e ter “um mundo de abraços” pelos muitos que espalhou. Se não fossem as cantigas, garantiu, “não tinha conhecido mundo”.

Ao longo da carreira, o músico atou em todo o país e efectuou concertos em Espanha, França, Croácia, Canadá, Estados Unidos, Brasil, Países Baixos, Bélgica, Suécia, Suíça, Luxemburgo, Hungria, Alemanha e China.

Foi distinguido com vários prémios nacionais e no estrangeiro, e recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores.

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