Cerca de um ano após o lançamento da sua biografia, Pedro Canavarro lançou, na passada quinta-feira, dia 10, uma nova obra intitulada “Liberdade em Morrer”.
Com a chancela da Editora Caleidoscópio, o livro reúne 26 contos e poemas, ilustrados com algumas das imagens de aguarelas e pinturas que fazem parte da Colecção da Casa-Museu Passos Canavarro. Uma espécie de “mapa-visual” que ajuda os leitores a compreender os textos.
“O livro é o reflexo destes dois últimos anos – 2019 e 2020 – e da minha perspectiva de um despojamento necessário na nossa condição humana”, disse o autor ao Correio do Ribatejo.
Um despojamento de uma “realidade querida e imposta no decorrer de 2019, para uma liberdade, embora confinada, neste ano de 2020, consentida e usufruída. No fundo, é uma liberdade para morrer”, acrescentou.
Segundo afirmou, “o despojo é necessário para estarmos livres, através do silêncio criativo, para aceitar essa nova realidade, que é a morte”.
“O despojamento impõe-se para irmos mais além… É atitude de vida consciente numa perene liberdade a alcançar, assinando o nosso nascer para a Vida. Construída em liberdade torna-nos mais íntegros na entrada do portal do infinito e mais ansiosos pelo Novo a descobrir”, disse ainda o autor.
Para o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, presente nesta sessão de lançamento, Pedro Canavarro “é um Homem a quem a palavra morte não assusta”.
“Homem de grande conhecimento e Sabedoria, Pedro Canavarro soube aproveitar o confinamento de uma forma criativa: foi um confinamento criador”, afirmou ainda o autarca.
Jorge Ferreira, editor da Caleidoscópio, afirmou este é um livro que proporciona “um diálogo fabuloso” entre os escritos de Pedro Canavarro e as obras de arte que consigo convivem quotidianamente.
“Quando chegamos a um ponto da nossa vida em que conseguimos pensar livremente acerca do tema da morte, é sinal que demos um passo enorme”, concluiu o responsável.
Trineto de Passos Manuel, é na casa que o político e ministro liberal do século XIX construiu em Santarém que Pedro Canavarro vive, e que transformou em “casa-museu”, convidando quem o visita a ver a paisagem que Almeida Garrett descreve em “Viagens na Minha Terra”, depois de ter pernoitado no quarto que hoje é o seu.
Pedro Canavarro é licenciado em História pela Faculdade de Letras de Lisboa, onde leccionou História de Arte, Arte Portuguesa e Ultramarina, Civilização Grega, Urbanismo e Cultura Portuguesa. É também diplomado em Museologia e Conservação de Museus e foi leitor de português no Japão, tendo dirigido a Associação de Amizade Portugal-Japão. Foi comissário-geral da XVII Exposição de Arte, Ciência e Cultura, sobre os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento, em 1983. Foi deputado no Parlamento Europeu entre 1989 e 1991 pelo Partido Socialista e entre 1991 e 1994 pelo PRD, tendo sido ainda candidato independente às eleições europeias em Itália.