Após quatro anos de interregno, devido à pandemia de Covid-19, o Festival Internacional de Folclore, Cultura e Artes (FIFCA) esteve de regresso à região, trazendo consigo, entre os dias 21 e 25 de Abril, manifestações etnográficas, culturais e artísticas de vários pontos do globo.
Este ano, o festival contou com a presença de três grupos de Portugal: Rancho Folclórico de Vila Nova da Erra, de Coruche; Rancho Folclórico Os Camponeses de Malpique, de Constância, e Rancho Típico de Vila Nova de Cernache, do município de Coimbra, e de comitivas de países como Índia, Bulgária, Paraguai, Timor, Polónia ou Ucrânia.
Por essa razão, Ricardo Casebre, presidente do FIFCA, não tem dúvidas que este evento é muito mais que um Festival de Folclore: trata-se de uma forma, também, de “reconciliar os portugueses com as suas tradições”.
O FIFCA é, na prática, um encontro de artes e culturas que se realiza em simultâneo em vários municípios parceiros que colaboram na organização local, proporcionando uma oportunidade única de dar a conhecer as tradições culturais de outros países, e fá-lo com compromisso social junto de lares, centros de dia, creches e escolas.
O lema “O mundo aqui tão perto” descreve bem o espírito de um evento onde o colorido dos trajes e os movimentos das danças não se confinam aos palcos e invadem o espaço público e as ruas das freguesias, misturando- se com as populações e criando laços de afinidade com povos de outras paragens.
Além dos eventos de abertura e encerramento em Almeirim, o programa contemplou a realização das “Galas das Nações” em Alpiarça, Benavente e Coruche.
Quais foram as principais atracções do FIFCA 2023?
As principais atracções são, sem sombra de dúvidas, todas as comitivas internacionais que estiveram presentes em mais uma edição do FIFCA.
De que forma este festival contribui para a promoção da cultura portuguesa e de outras culturas mundiais?
Este Festival serve acima de tudo para mostrar o que de melhor se faz lá fora: cada região, dentro desse mesmo país, tem tradições e danças diferentes, tal como ficou provado a quem assistiu às Galas das Nações. Estiveram presentes duas comitivas da Bulgária, que apresentaram danças
e músicas diferentes. Mostrar o melhor do que se faz lá fora vai, com certeza, ajudar a que, por cá, os Ranchos Folclóricos melhorem e muito a sua qualidade. Todo este envolvimento e partilha vai, com certeza, ajudar a promover a cultura portuguesa junto dos grupos estrangeiros participantes, alguns deles nunca tinham visto uma dança portuguesa, exemplo disso é o caso da directora da comitiva ucraniana que ficou surpreendida com o fandango. A nível nacional, a nossa expectativa é que este festival ajude a reconciliar os portugueses com as suas tradições, o folclore é a nossa tradição cultural, embora durante anos tivesse sido o parente pobre da cultura nacional.
Esperamos que com este evento as pessoas comecem a olhar de outra maneira para as nossas raízes culturais.
Quais foram os principais desafios enfrentados na organização do festival este ano?
O primeiro grande desafio foi o retomar, voltar a colocar todas as peças nas engrenagens depois de tanto tempo parados.
Este festival é organizado por voluntários e nem sempre as pessoas estão viradas para o voluntariado, e neste caso um voluntariado que dá muito trabalho e empenho, e nem sempre existe disponibilidade para estar de corpo e alma num projecto como este. Depois são os pequenos problemas de gestão de mobilidade dos grupos, mas são problemas muito pequenos e rapidamente solucionados.
Os resultados alcançados pelo festival, em termos de público e participação, foram os esperados pela organização?
É claro que queremos sempre mais, mas não podemos dizer que tivemos pouco publico, nas várias Galas das Nações tivemos sempre casa praticamente cheia ou cheia.
No entanto se olharmos para as imagens da Arena de Almeirim, pode parecer despido, mas o espaço em si é muito grande, foi um passo de gigante muito arriscado, mas um passo na direcção certa, não existia em Almeirim um outro espaço que tivesse capacidade para ter tanta gente como estavam na arena de Almeirim, naquela tarde, isto sem contarmos com muitos que acabaram por desistir devido ao muito calor que se fazia sentir no dia 25 de Abril, portanto não ficamos decepcionados com a participação do publico.
Quais foram as principais mudanças implementadas no festival em relação às edições anteriores?
Existe um ditado português, que diz “em equipa que ganha não se mexe”, o festival tem um formato que achamos ser o ideal, apesar disso este ano reduzimos o número de dias do festival, uma experiência que vai agora ser analisada para vermos se resultou esta pequena alteração.
Como é que o festival contribui para o desenvolvimento cultural e artístico da região?
É a nossa convicção que se começarem a aparecer espectáculos culturais de grande qualidade, os outros não vão querer ficar para trás e isso vai fazer com que a nossa cultura se desenvolva.
Quais foram os principais parceiros na organização do festival este ano?
Os municípios de Almeirim, Alpiarça, Benavente e Coruche, são sem sombra de dúvida os principais parceiros, Por isso, nunca é demais agradecermos as nossos parceiros: Município de Almeirim; Município de Alpiarça; Município de Coruche; Município de Benavente; Junta de Freguesia de Almeirim; Junta de Freguesia de Benfica do Ribatejo; Junta de Freguesia de Fazendas de Almeirim Fazendas de Almeirim; Paço dos Negros e Marianos; Junta de Freguesia de Raposa;- Fundação INATEL / Delegação de Santarém (Fernando Lopes); Agrupamento de Escolas de Almeirim; Agrupamento de Escolas de Fazendas de Almeirim Santa Casa da Misericórdia de Almeirim; Arena de Almeirim; (Comandante Telmo Ferreira) Bombeiros Voluntários de Almeirim;
GNR – Comando Territorial de Santarém /Comandante Posto GNR Almeirim; SMPC Almeirim; Sumol+Compal; Adega Cooperativa de Benfica do Ribatejo; Crédito Agrícola Ribatejo Sul-Benfica do Ribatejo, Associação Cultural e Desportiva de Benfica do Ribatejo Associação ProAbraçar, Associação de Restaurantes da Sopa da Pedra; Confraria G. Almeirim; Gentes de Almeirim; Rancho Folclorico Paço Dos Negros; Rancho Folclorico Erra; Mov Almeirim; Movimento Palco; Crial Almeirim e muitos outros que tornariam a lista extensa.
Quais são os planos para o futuro do FIFCA e como é que o festival pretende evoluir nos próximos anos?
O futuro acontece já em 2024, este festival acontecia de dois em dois anos, mas como o FIFCA está em fase de certificação para ser um festival CIOFF® (Conselho Internacional
de Organizações de Festivais de Folclore e Artes Tradicionais), vai passar a ser anual, pelo menos nos próximos anos. Esta aventura já começou há 15 anos e leva sete 7 Edições.
O festival prevalece como fruto da dedicação e muito empenho por parte dos seus organizadores e todos que à sua voltam ajudam, para que num mundo em que alguns desejam dividir, queremos mostrar que são muito mais os que desejam o contrário.
A união será sempre um mote da Organização FIFCA, o festival será sempre um veículo de divulgação da diversidade cultural e uma partilha de conhecimento e emoções.
“Se um dia a Humanidade se unir e pensar, um mundo melhor surgirá.”