As músicas e paisagens sonoras da tradição rural de Pombal, no distrito de Leiria, e de Alcanena e Tomar, no distrito de Santarém, inspiram um novo projecto de Omiri, com estreia marcada para sábado.
“Beira Litoral e Ribatejo Vol. 1 Pombal Alcanena e Tomar” foi desenvolvido nos últimos meses, com gravações vídeo e áudio naqueles territórios, material a partir do qual Vasco Ribeiro Casais, músico, compositor e produtor de Omiri, criará três espectáculos originais, remisturando sons, imagens e música ao vivo.
A estreia está agendada para sábado, na Praça Marquês de Pombal, em Pombal, seguindo o espectáculo para Alcanena (09 de Setembro) e Tomar (09 de Outubro).
Integrado na Artemrede, “Beira Litoral e Ribatejo Vol. 1 Pombal Alcanena e Tomar” nasce de um desafio lançado para “misturar num só espectáculo práticas musicais já esquecidas”, combinando “formas e músicas da nossa tradição rural com a linguagem da cultura urbana”, avança aquela estrutura em comunicado.
Em Pombal, captou o tear de Maria das Mantas, as mulheres do bracejo da Ilha, os moinhos das Cassinheiras e o tanoeiros de Matos da Ranha, entre outros.
Já em Alcanena, a indústria dos curtumes, os fabricantes de vassouras, os teares de Minde ou toque das pinhas da Serra de Santo António são matéria-prima para o espectáculo.
Por Tomar, a criação conta com os almudes e tréculas dos ranchos folclóricos, sons da olaria ou o contador de histórias de Cem Soldos.
“De norte a sul de Portugal encontramos coisas brutais. Somos um país muito rico, também porque somos um país muito antigo”, afirma à agência Lusa Vasco Ribeiro Casais, que há uma década dá vida a Omiri.
Em Pombal, Alcanena e Tomar a investigação beneficiou, uma vez mais, da “riqueza das pessoas”.
“O que transmitem é o reflexo do que são. O mais giro é a espontaneidade. Depois, é tudo misturado por mim”, cruzando música, dança, vídeo, electrónica e instrumentos – como viola braguesa, gaita-de-foles, bouzouki ou nyckelharpa -, num exercício que leva a tradição para linguagens que vão do ‘hip hop’ ao ‘metal’.
O resultado faz com que Omiri sirva para “desbloquear o preconceito que existe nos meios urbanos, de que a tradição é meio foleira”, acredita Vasco Ribeiro Casais.
“Só quem vive o concerto é que percebe realmente. Isto é mesmo a experiência daquele momento”, explica o músico, que procura conciliar entretenimento e identificação cultural em espectáculos com “uma carga emocional”, porque funcionam como reconhecimento e valorização de quem fica registado.
Por isso, assume “muita preocupação em tratar com dignidade e respeito” as pessoas que grava.
Antes destas apresentações ao vivo, Vasco Ribeiro Casais confessa-se “um bocadinho ansioso”. Afinal, “é a cultura do sítio” que está em jogo e pela primeira vez as novas remisturas serão reveladas ao público.
“É um bocado um tiro no escuro. Sinto um certo peso. Gostava que as pessoas se sentissem identificadas e viajassem comigo de uma forma boa”, conclui.