O projecto de reconhecimento das Publicações Centenárias Portuguesas como Memória do Mundo (Unesco) e como marco na luta contra a manipulação jornalística e desinformação (Fake News) tem, nos últimos anos, avançado a um passo mais rápido e proporcional ao impacto que começa a ter.

Tanto é que neste momento caminhamos no sentido do reconhecimento dos jornais centenários não só portugueses mas de todo o mundo como Património Memória do Mundo da Unesco que, desde 1992, convida os Estados Membros da Unesco e a Sociedade Civil a depositarem acervos sem os quais o nosso futuro seria uma mera constatação de cada dia que passa.

Não podemos esquecer que foi há oito anos, por ocasião dos 120 anos do Correio do Ribatejo, que começou este movimento pelo reconhecimento das Publicações Centenárias Portuguesas. As trinta e quatro publicações Portuguesas em publicação contínua há 100 ou mais anos constituem uma parte fundamental desse acervo global e uma parte determinante do jornalismo em língua portuguesa. Em todo o mundo são cerca de 180 as publicações que periodicamente chegam aos seus leitores, em papel ou mais recentemente em suporte digital, a que temos de somar as 34 que se publicam em Portugal.

Se pensarmos em Portugal como um País que geográfica e demograficamente é uma nação de pequena dimensão, mas que, comparativamente, apresenta um número bastante superior deste tipo de publicações, chegamos facilmente à conclusão que somos um caso único no Mundo. Este quase “estatuto único” deve-se muito ao facto de Portugal, nos últimos 200 anos, ter passado ao lado da grande maioria dos conflitos europeus e mundiais e de não ter sido afectado por catástrofes naturais.

Hoje, dia em que completa 128 anos de publicação, o jornal Correio do Ribatejo tem como “jornais irmãos”, aqueles que como ele foram lançados em 1891, o Daily Cargo News (Austrália), a Gazet van Antwerpen (Bélgica), o Corriere del Ticino (Suíça) e o The Herald (Zimbabué).

Este ano, um dos Projectos da Associação Portuguesa de Imprensa é precisamente a criação do Observatório da Imprensa Portuguesa no Mundo e do Centro de Investigação e Interpretação das Publicações Centenárias Portuguesas, em Alcáçovas. Ao longo destes 128 anos de publicação, o Correio do Ribatejo criou confiança e reconhecimento nas sucessivas gerações de Ribatejanos que, na sua cidade ou espalhados pelo país e pelo mundo, conheceram factos e formaram opinião sempre com base num jornalismo seguro e ativo que é reconhecido nas páginas deste jornal centenário, facto essencial na nossa luta contra a desinformação e manipulação jornalística.

Ao Paulo Narciso, a todos os colaboradores e leitores do Correio do Ribatejo, deixo o meu reconhecimento e amizade, mas também o muito obrigado e o apoio e solidariedade para que continue a informar com jornalismo de qualidade o Ribatejo, o País e os portugueses espalhados pelo mundo.

João Palmeiro – Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Imprensa

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