“Segredos de Liderança” é o nome do livro que Patrícia Matos acaba de lançar. Nesta obra, a autora reuniu dez histórias de liderança, homens e mulheres, da sociedade actual portuguesa.

Rui Nabeiro, Graça Freitas, Henrique Gouveia e Melo, entre outras personalidades entrevistadas por Patrícia Matos utilizaram vários adjectivos para caracterizar um líder: assertivo, resiliente, sonhador, eficaz, faminto.

Natural de Santa Margarida da Coutada, Patrícia Matos foi jornalista durante 13 anos na TVI, foi directora de inovação do Grupo Global Media, coordenadora de comunicação do deputado Francisco Guerreiro no Parlamento Europeu, e é actualmente adjunta da Ministra da Agricultura e da Alimentação.

O que a motivou a escrever o livro “Segredos de Liderança”?

Liderança é uma palavra com um sentido muito importante. Além de ser vasto, naturalmente. Liderança está em todo o lado, presente em todas as situações da vida e nem sempre estamos

atentos. Por testemunhar tantas dessas realidades é que percebi que teria de contar muitas histórias, era importante que esses exemplos chegassem as pessoas e ainda que ficassem para a eternidade.

É esse o meu sentido de missão, que também apliquei aqui. Acredito que é possível melhorar a vida das pessoas e estes exemplos podem fazê-lo, eu fui apenas o canal.

Como foi o processo de pesquisa e selecção dos líderes entrevistados no livro?

Os líderes entrevistados – uns mais declarados do que outros – foram escolhidos pela admiração que recolhem junto dos seus liderados. Acima de tudo, esse reconhecimento, mas, também, o meu reconhecimento enquanto membro da sociedade que olho para estas 10 pessoas como extraordinários exemplos de resistência, resiliência e adaptação. Todos, sem excepção.

Quais são os principais segredos de liderança que descobriu durante a pesquisa para o livro?

Descobri, ou melhor, confirmei que os grandes líderes também improvisam, também erram e adaptam-se. E descobri que o assumem, sem reservas, que reflectem sobre tudo o que os rodeia e que fazem aquilo que outros não quiseram fazer. Têm uma capacidade de trabalho inigualável.

A liderança é uma aptidão inata ou pode ser aprendida e desenvolvida?

Ambas. Podemos querer ser líderes, mas se não tivermos algumas características fica difícil. Podemos desenvolver algumas de forma mais intensiva, mas é preciso que já exista uma sensibilidade para isso. Se não gostarmos de pessoas, jamais poderemos ser um bom líder.

Quais são os principais desafios que os líderes enfrentam actualmente?

A mobilização. Um líder tem de transmitir aos liderados a capacidade de sonhar. A pandemia, as diversas crises tornaram as pessoas descrentes. É preciso mostrar, de novo, que os sonhos são alcançáveis e que faz sentido trabalhar com um sentido comum.

A tecnologia está a mudar a forma como os líderes actuam?

Como tudo, olhamos para a tecnologia com desconfiança. Acho que é importante olhar como uma oportunidade, sempre. Tudo é uma oportunidade.

Por exemplo, na pandemia as empresas tiveram de lidar com a realidade do teletrabalho. Se funciona, é eficaz, produz resultados e potencia bem-estar e felicidade aos colaboradores, qual a dúvida de que é uma vantagem? O argumento ‘foi sempre assim que se fez’ não se aplica às lideranças modernas.

Quais são as principais diferenças entre liderar organizações públicas e privadas?

Podendo também ser dirigida ao melhoramento da sociedade, uma instituição privada é, maioritariamente, vocacionada para o lucro e a sobrevivência.

Tem, normalmente, um sentido comercial. Uma instituição privada tem esse sentido na sua génese. Percebi, nos últimos tempos, que no público, trabalhamos com sentido de missão. Pode tudo ser semelhante, mas o sentido de dever não se compara.

Quais são as principais características que um líder deve ter para ser bem-sucedido?

Não há fórmulas mágicas ou infalíveis, mas diria que deve ser conhecedor da área em que se movimenta, deve saber comunicar, saber ouvir e ter a capacidade de sonhar e fazer sonhar.

Por fim, penso que é importante estar rodeado das pessoas certas e ter a capacidade de as ouvir.

Quais são os principais desafios que as mulheres enfrentam ao liderar organizações dominadas por homens?

Falemos de pessoas, capazes e competentes que ajudam as instituições a crescer e que não devem ser divididas em homens ou mulheres. Só isso, já é um problema. Enquanto a pergunta se colocar desta forma, significa que temos, ainda, um longo caminho.

Considera que um livro pode mudar uma vida?

Acho que pode inspirar pessoas a mudar a sua vida. Já aconteceu um livro alterar a minha tese de doutoramento, o que é quase uma vida.

Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa?

Para já, é tempo de respirar: o livro e eu.

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