Eduardo Gonçalves é presidente da Associação de Atletismo de Santarém há mais de 25 anos, um organismo que conta com 24 clubes e 950 atletas filiados. Em entrevista ao Correio do Ribatejo, o dirigente dá conta que não há ainda certeza quanto à forma como será definido o regresso à competição, estando o organismo à espera de orientações por parte da Federação Portuguesa de Atletismo. Eduardo Gonçalves destaca os impactos negativos da paragem forçada, tanto a nível desportivo como financeiro, junto dos clubes da região.

Como está a ser preparado o regresso do Atletismo ao distrito de Santarém?
A Associação de Atletismo, neste momento, está à espera do desenvolvimento da própria pandemia e de um programa a desenvolver pela Federação Portuguesa de Atletismo. Em função desse programa poderemos ainda realizar uma ou outra competição, mas sempre em linha de conta com a segurança dos atletas e de toda a estrutura necessária para a realização de um evento.
Lembramos que num evento de pista são necessárias cerca de 30 pessoas, para além das necessidades de higienização que implicarão requerer ainda mais elementos.

Quais serão as primeiras especialidades a regressar à competição?
Neste momento ainda não sabemos quais as especialidades que se poderão realizar e a forma como poderão fazê-lo. Só temos uma certeza: não é possível realizar programas completos, idealmente numa jornada, e com um número limitado de atletas.

A Associação de Atletismo de Santarém tem estado em contacto com a Federação para planear esse regresso?
As Associações estão em contacto permanente com a Federação Portuguesa de Atletismo. Para além de termos tido uma reunião, em videoconferência, sabemos que tem havido reuniões com os técnicos nacionais. Dentro de dias vai realizar-se mais um encontro com os técnicos regionais, estando programado, logo de seguida, mais um encontro com as Associações para a apresentação de um programa de acção a curto prazo.

Que impacto teve esta paragem na região a nível desportivo e financeiro?
Como é fácil de perceber, uma paragem realizada nos moldes como esta aconteceu, tem sempre impacto, nomeadamente na parte desportiva.
Após a época de Inverno havia a perspectiva de alguns dos nossos atletas conseguirem marcas e resultados que lhes permitiriam ser seleccionados para a selecção nacional. Lembramos que não começámos a época de Verão, quando começou a pandemia estávamos no período de transição entre a época de Inverno e a de Verão.
A nível financeiro esta paragem fez com que os clubes não recebessem qualquer apoio. O regresso vai criar ainda o problema das deslocações pois as carrinhas não podem levar nove passageiros e serão precisos mais meios alternativos.

Já algum clube do distrito manifestou dificuldade durante este período?
Neste período os clubes não manifestaram as suas dificuldades, estão a fazê-lo sempre que possível. São poucos os clubes com contratos programa definidos e estruturados, a maioria vive com apoios esporádicos.

Que apoios estão previstos para estas situações?
A Associação de Atletismo tem dificuldade em criar linhas de apoio para os clubes. A gerência é feita através de duodécimos e de um ou de outro apoio esporádico.
No processo de distribuição de duodécimos estávamos esperançados nos resultados de Inverno e o que poderia surgir no Verão, para que no próximo ano pudéssemos recuperar alguns dos programas de apoio que já tivemos em funcionamento, mas neste momento temos de esperar para ver o que se segue.

Considera que as autarquias têm de olhar mais para estas modalidades?
As autarquias têm que ver o atletismo como a modalidade que movimenta centenas de jovens e menos jovens, todos os fins-de-semana, quer no âmbito distrital, como a nível nacional. Devia haver apoios estruturados em contratos programa, em especial aos clubes com atletas filiados.
Todos os fins-de-semana realizam-se campeonatos distritais e nacionais, com os respectivos campeões e este trabalho deve ser apoiado e valorizado.

Que balanço faz dos últimos anos do Atletismo no distrito de Santarém?
A Associação de Atletismo de Santarém tem ao longo dos últimos anos crescido no número de atletas filiados. Ainda não se atingiu o grande objectivo dos quatro dígitos, mas esperamos que aconteça em breve. Nos últimos anos, pódios em campeonatos nacionais e atletas em representação das diferentes selecções nacionais demonstram o excelente trabalho que tem sido feito nos clubes. O convite para a organização de alguns eventos nacionais demonstra ainda o nosso bem fazer, facto que muito nos orgulha.

Nos próximos Jogos Olímpicos a região terá diversos representantes a competir. É um objectivo da Associação ter cada vez mais atletas neste tipo de competições?
O universo dos atletas filiados tem diversos escalonamentos. Existem atletas que o seu grande objectivo será serem campeões regionais. Teremos outro grupo que os pódios nacionais é o seu lugar mais alto e sempre o seu grande objectivo. Existe também um grupo mais restrito em que as selecções nacionais e os Jogos Olímpicos são os focos da sua vida. Como tem acontecido nos últimos ciclos olímpicos, têm sempre participado neste evento filiados em Santarém, esperamos que em Tóquio não seja diferente, ainda estamos a mais de um ano e teremos de esperar, pacientemente.

Concorda com o adiamento dos Jogos Olímpicos decidido pelo Comité Olímpico Internacional?
Não poderia ser de outra forma. O nosso país está parado há cerca de dois meses e meio, os países da América do Norte e do Sul estão a viver agora a grande onda da pandemia. Quando é que podem fazer marcas? E a preparação? Todas as modalidades estão paradas, a grande festa do desporto estava hipotecada.
A grande questão que podemos colocar é se para o próximo ano existem condições para a realização dos Jogos.

Que mensagem gostaria de deixar aos atletas, treinadores e clubes da região?
Para os clubes e praticantes os tempos que se aproximam não vão ser fáceis. Vão acontecer grandes adaptações, grandes concentrações não vão poder acontecer, partidas individuais, partidas em grupos pequenos, concursos individuais, entre outras restrições, mas a modalidade tem um grande poder de adaptação, vamos ver o que o futuro nos reserva. O mais importante é que nos possamos encontrar, mesmo a alguma distância.

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