A X edição do Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo vai unir as populações ribeirinhas de Portugal e Espanha numa peregrinação fluvial que, a partir de sábado, vai percorrer o rio Tejo durante seis semanas, anunciou hoje a organização.

“Ao longo de cerca de 325 quilómetros pelo ‘Tejo ibérico’, segue um cortejo de embarcações tradicionais engalanadas, atracando em 69 locais, onde as comunidades ribeirinhas têm preparadas festividades de receção aos participantes, concluindo-se este trajeto fluvial em um mês e meio (18 de maio a 30 de junho)”, indicou a Confraria Ibérica do Tejo num comunicado.

A X edição do Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo/IV Cruzeiro Ibérico inicia-se no sábado no Rosmaninhal (Idanha-a-Nova), seguindo para Espanha (Alcântara) onde será recebido pela comunidade local, descendo a partir daí o rio Tejo, ao longo de 16 etapas, com a chegada prevista à marina de Oeiras, em Lisboa, em 30 de junho.

“Neste momento, são mais de 60 comunidades que estão em conjunto no Cruzeiro, razão pela qual a duração não é um mês, mas um mês e meio. Isto mostra o interesse que as comunidades têm em conviverem e em fazer atividades em conjunto para um bem comum, não só de caráter religioso mas também a nível de projeção das suas comunidades e do Tejo”, disse hoje à Lusa Rui Rodrigues, da Confraria Ibérica do Tejo.

Segundo o responsável, esta é a mais longa das peregrinações até agora realizadas e com mais paragens, “dando força à identidade ribeirinha”, quer de portugueses, quer de espanhóis “que vivem nas margens e na bacia hidrográfica do Tejo”.

Assim, a imagem de Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo vai descer todo o rio, durante um mês e meio, sempre ao fim de semana, transportada por uma embarcação tradicional (bateira) e acompanhada por barcos lúdicos e de pesca que se juntam ao cortejo nas várias etapas, numa iniciativa que pretende “projetar os saberes, as tradições e as diferentes culturas e modos de viver o Tejo”.

A chegada dos barcos tradicionais, nomeadamente uma antiga bateira, às comunidades ribeirinhas e aldeias avieiras é assinalada com bandas filarmónicas, piqueniques, celebrações religiosas e outras manifestações desportivas e culturais, envolvendo as populações.

“Temos tido uma grande receção por parte das comunidades e sentido que o Cruzeiro tem ajudado muito as mesmas a projetarem-se, a darem valor, e, inclusivamente, a sentirem o Tejo de forma diferente”, destacou Rui Rodrigues.

“Nós pura e simplesmente consideramo-nos os transportadores da imagem e dos barcos. A festa e a forma de receber o Cruzeiro não é da nossa parte. São as comunidades locais que decidem a forma como se recebe o Cruzeiro. É uma decisão própria, o que lhe confere, na realidade, uma dinâmica muito grande”, realçou.

Os baixos caudais do Tejo, que se tornam mais evidentes em alguns troços, obrigaram nas últimas edições a que, em alguns locais, a deslocação da imagem peregrina fosse feita por via terrestre, situação que Rui Rodrigues perspetiva não venha a suceder este ano.

“A situação do problema dos caudais e a falta de água é visível para todas as comunidades e para toda a gente, infelizmente, embora este ano, com aquilo que choveu, não haverá esse problema”, afirmou.

Tendo feito notar que “nem o Cruzeiro nem a Confraria Ibérica do Tejo são entidades interventivas a nível de políticas”, Rodrigues disse, no entanto, que “as pessoas vêm ao rio e veem o que é que se passa. Isso é na realidade aquilo que nós pretendemos. Que sejam as pessoas a verem o que se passa”, declarou.

A peregrinação fluvial de caráter religioso, em nome da Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo, conta este ano com o apoio de municípios, juntas de freguesia e associações, num total de cerca de 160 entidades.

A primeira etapa, no sábado, vai ligar Rosmaninhal e Alcântara, localidades fronteiriças, a Perais (Vila Velha de Ródão). No domingo, o cruzeiro continuará a descer o Tejo, ligando as localidades de Perais e Belver (Gavião).

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