Carolina Ferreira, 28 anos, decidiu deixar Portugal para trás em busca de uma vida melhor. A jovem que residia em Almeirim escolheu Londres como destino, quando aos 24 anos decidiu embarcar na aventura de mudar de país. Desde que chegou ao Reino Unido que se estabeleceu na capital, onde trabalha actualmente num bar de um restaurante mexicano. Ao Correio do Ribatejo diz que não pensa em regressar em definitivo a Portugal, a não ser, talvez, para gozar os anos de reforma, pois afirma que “Portugal é um país perfeito para passar férias”.

O que a levou a emigrar?

Sempre tive o desejo de emigrar para ir em busca de melhores oportunidades de trabalho e qualidade de vida. Tive a oportunidade de mudar de país com alguma segurança e eu decidi aproveitar. Nada me prendia em Portugal.

Porque escolheu o Reino Unido?

Sempre gostei de Londres e o feedback que tinha de pessoas amigas que viviam lá era muito positivo. O convite veio de uma pessoa que também vivia em Londres, acabou por ser uma decisão bastante fácil.

Como foi o processo de mudar de país?

Mais fácil do que pensava. No meu caso, em que a minha vida estava estagnada em Portugal, foi basicamente fazer as malas, comprar o bilhete, despedir-me da família e amigos e ir embora. Quando cheguei a Londres, as pessoas com quem ia viver já tinham tratado da marcação para fazer o número de segurança social, por isso passado nem uma semana já estava pronta para começar a trabalhar.

O choque cultural foi grande?

Bastante. Não num mau sentido. A diversidade cultural é gigante, e passei a ter contacto com pessoas de outras religiões que nunca tive em Portugal. Quem diz religiões também diz nacionalidades, género, orientação sexual e afins. Por exemplo, é muito raro ver em Portugal uma mulher num posto de atendimento a usar um hijab, quando em Londres isso é algo normal. A inclusão e normalização das diferenças culturais fazem parte do quotidiano.

Como foi a adaptação a um novo país?

Mais fácil do que pensei. Vindo de uma cidade tão pequena e pacífica como Almeirim, mudar bruscamente para uma das maiores capitais europeias foi uma lufada de ar fresco. Ainda hoje descubro coisas em Londres que me fascinam – a monotonia é inexistente e isso é óptimo. Os transportes são acessíveis e fáceis de perceber, por isso é fácil a deslocação em Londres. A língua nunca foi uma barreira porque o inglês que trazemos de “casa” é mais do que suficiente para comunicar, e a partir daí vai-se ganhando experiência e aprendendo coisas

novas todos os dias. Além disso, onde quer que se vá, há pessoas de todos os cantos do mundo que falam as mais variadas línguas, o que torna tudo muito mais fácil.

Porém nem tudo é um mar de rosas, e existem muitas diferenças que fazem Portugal um sítio melhor de se viver, e sinto falta dessa segurança, nomeadamente, o sistema nacional de saúde.

Quais as principais diferenças que encontrou, em relação a Portugal?

Penso que a diversidade de pessoas, negócios, línguas e costumes é definitivamente a maior diferença. Também as oportunidades de trabalho, de bons trabalhos, que existem ao virar da esquina, ao contrário de Portugal.

O que mais gosta em Londres?

Adoro o facto de estar sempre alguma coisa a acontecer. Exposições, peças de teatro, concertos e os mais variados eventos com diferentes temáticas.

Gosto também da estabilidade que me oferece, em termos financeiros e profissionais. É uma cidade onde se pode encontrar muitas oportunidades.

E o que menos gosta?

O facto de não ter tanto sol como gostaria e do metro ser muito quente no Verão. O sistema de saúde público e o sistema educativo não são os melhores.

Já adoptou algum hábito tradicionalmente britânico?

Comer feijão ao pequeno almoço. Não acontece sempre, mas quando acontece sabe- me bem. À parte disso, beber café com leite, e entrar num estabelecimento e pedir um café para fora. Em Portugal geralmente não bebemos café com leite e sentamo-nos, nem que seja por cinco minutos, para tomar o nosso café e seguir caminho.

Do que mais tem saudades de Portugal?

Sem dúvida nenhuma, dos meus avós. Se tivesse aqui a pouca família que ficou em Portugal, acho que estaria completa. E claro, a comida. Come se muito bem em Portugal.

Como é que mata saudades da família?

Geralmente por vídeo chamadas. É assim que falo com os meus avós, e mesmo assim, não tanto quanto gostaria. Fora as vídeo chamadas só mesmo com visitas a Portugal.

Vem a Portugal com que regularidade?

Vou pelo menos 2 ou 3 vezes. Vou sempre no aniversário da minha avó, geralmente tiramos uns dias para ir até à Nazaré.

Como é que a família e amigos encararam a decisão de sair do país?

Os meus avós ficaram muito tristes, e dizem me muitas vezes que têm saudades minhas. Na verdade, a minha avó chora sempre que me vê. Mas sei que estão muito orgulhosos de mim e da minha decisão.

O resto da família (mãe, padrasto e irmão) acabaram por vir para Londres também passados 2 meses. Tenho muita sorte porque tenho grande parte da minha família aqui.

Como vê Portugal nos dias de hoje?

Um país com imenso potencial e recursos, mas muito mal gerido. É um país lindo, mas perfeito para passar férias.

Pensa em regressar algum dia a Portugal?

Não faz parte dos planos, mas quem sabe? Talvez para gozar a minha reforma, no futuro. A curto-médio prazo, de certeza que não.

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