Há um efeito claro e sentido nas nossas carteiras, de forma muito evidente, desde há um ano para cá: uma clara subida dos preços na larga maioria de bens.

Claro está que a invasão da Ucrânia pela Rússia contribuiu de forma direta para esse fenómeno, desde logo em tudo aquilo que aquele país produzia e colocava nos centros de negócio mundial: fundamentalmente petróleo e seus derivados, cereais, metais ferrosos e não-ferrosos, produtos químicos, máquinas e equipamentos de transporte.

E a consequência desta escassez nos mercados provocou um aumento generalizado desses produtos e outros derivados, à escala global.

Os principais produtos das exportações ucranianas para Portugal, dados de 2021, eram os produtos agrícolas (71,5% do total das exportações, com destaque para cereais, sementes e frutas de plantas oleaginosas, gorduras e óleos de origem animal ou vegetal), bem como metais ferrosos (16,2%), máquinas elétricas (2,6%) e compostos químicos orgânicos (2,2%).

Daqui resultou, sem grande surpresa, um aumento dos produtos alimentares, provocado de forma direta pela menor oferta nos mercados e pelo aumento direto dos custos de produção.

A par disto, e num fenómeno que já vinha a dar sinais de preocupação, a subida generalizada dos preços, inflação, que começou ainda em 2021 a crescer e a ter impactos nas economias mundiais viria a atingir um valor histórico no ano de 2022.

Para termos uma noção do grau de crescimento, neste caso negativo, passámos de uma taxa de 1,3% em 2021 para 7,8% em 2022, considerando o total do índice de preços ao consumidor.

Foi um crescimento galopante, em menos de 24 meses.

Começa agora em 2023 a dar sinais de abrandamento, ainda ténues, esperando-se que em 2025 possa recuar até próximo dos 2%. Deste modo, o período de ajustamento dos preços durará quase o dobro do tempo para o seu crescimento.

Até lá, muita especulação existirá à volta dos preços.

Hoje, uma parte da produção já consegue acomodar os novos custos e já os integrou nos processos de venda, pelo que quando ocorrer a redução do custo no produtor essa redução não será automática para o consumidor final. Vai demorar.

É a economia a funcionar, dirão uns. É a especulação no seu esplendor, dirão outros.

No meio desta dicotomia ficam os consumidores.

Que normalmente fica sempre a perder.

Aqui ao lado, em Espanha foram adotadas diversas medidas para minorar o impacto nos consumidores e algumas delas tiveram um resultado de double loss.

Perdeu o Estado Espanhol e perderam os consumidores.

Entre elas, a redução de IVA pago em bens de primeira necessidade, como o pão, o leite, as frutas e os legumes de 4% para 0%. E também os azeites e as massas virão reduzidos o imposto para 5%.

Qual foi o resultado desta redução? Uma enorme redução na receita dos impostos.

A manutenção dos preços aos consumidores. O aumento das margens de lucro das empresas.

Também aqui é a economia a funcionar?

Apenas especulação? Ou a demonstração de que a redução de impostos indiretos nem sempre melhora a vida dos consumidores.

Talvez esta…

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