Foto de arquivo
Foto de arquivo

O Movimento proTEJO criticou hoje o acordo assinado entre os governos de Portugal e Espanha para caudais diários no rio Tejo, considerando que se desperdiçou uma oportunidade única para a implementação de caudais ecológicos no maior rio ibérico.

“Este acordo não satisfaz o rio Tejo porque o que satisfaria as populações ribeirinhas, quer para o seu usufruto, quer para as atividades económicas, da agricultura e da indústria, quer para os próprios ecossistemas ribeirinhos e biodiversidade, era ter um regime de caudais ecológicos e partilha de água com Espanha para usos económicos”, disse hoje à Lusa Paulo Constantino, porta-voz do Movimento pelo Tejo – proTEJO, com sede em Vila Nova da Barquinha (Santarém).

Para o dirigente ambientalista, “não é compreensível a razão pela qual se continuam a fixar caudais mínimos, política e administrativamente, sejam eles diários, semanais, trimestrais ou anuais, enquanto se mantém suspenso o articulado principal da Convenção de Albufeira que estabelece a necessidade de implementação dos caudais necessários à conservação dos ecossistemas e do bom estado ecológico das massas de água”, segundo a Diretiva Quadro da Água.

Os governos de Portugal e Espanha acordaram hoje um caudal diário no rio Tejo, tendo formalizado também o compromisso de um caudal mensal mínimo para o rio Guadiana.

O entendimento entre os dois países para os caudais no Tejo e do Guadiana foi assinado na 35.ª Cimeira Luso-Espanhola, que decorreu em Faro.

O acordo “relativo aos princípios orientadores para o estabelecimento de um caudal diário no rio Tejo, a partir da barragem [espanhola] de Cedilho” tem como objetivo “manter os caudais circulantes”.

“Os caudais mínimos diários […] não resolvem o problema de enorme volatilidade dos caudais do rio Tejo com origem em Espanha, não permitem a conservação dos ecossistemas em todo o curso do rio Tejo, nem garantem a penalização da Iberdrola pela ocorrência de caudais nulos no rio Tejo. É uma desilusão, porque é a perda desta oportunidade única”, afirmou Paulo Constantino.

Em comunicado, o Movimento proTEJO responsabiliza a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, “pelo desperdício de uma oportunidade única de impor à Iberdrola o cumprimento de um regime de caudais ecológicos” no rio Tejo, “em contrapartida da autorização, a esta mesma empresa, da construção de dois projetos hidroelétricos de bombagem reversível” nas barragens de Alcântara e Valdecañas.

O movimento lembra que “o projeto de Alcântara necessita da autorização das autoridades portuguesas no âmbito da Convenção de Albufeira, por se localizar a menos de 100 quilómetros do território português”, e que a implementação dos dois projetos hidroelétricos de bombagem reversível “permitirá à Iberdrola manter a água em ciclo fechado durante mais tempo, gerando um enorme incremento da capacidade de armazenamento de água e de produção de energia”.

Por estes motivos, defende, “existirá razão suficiente para negociar a libertação de água necessária a um verdadeiro regime de caudais ecológicos destinados à conservação dos ecossistemas e, ainda, caudal suficiente para os usos económicos e de lazer das populações ribeirinhas”.

É “lamentável a incapacidade de impor à Iberdrola a obrigação de cumprimento de um regime de caudais ecológicos” no rio Tejo, lê-se ainda na nota.

Numa reunião em 27 de setembro, em Aranjuez, na região de Madrid, as ministras com a tutela do Ambiente de Portugal e Espanha tinham já anunciado um princípio de acordo para definir caudais diários mínimos para o rio Tejo e estabelecer também, pela primeira vez, caudais para o Guadiana.

Nessa ocasião, as ministras remeteram a assinatura dos acordos definitivos para a cimeira ibérica que hoje se realizou em Faro, assim como a concretização de que caudais seriam definidos para os rios Tejo e Guadiana.

Leia também...

Entroncamento assinala 50 anos da revolução com música, teatro, cinema e poesia

O município do Entroncamento vai assinalar o 50º aniversário do 25 de…

Santuário de Fátima promove primeiro retiro ‘online’

O Santuário de Fátima promove em Fevereiro o primeiro retiro ‘online’, desafiando…

“Portugal é um país perfeito para passar férias”

Carolina Ferreira, 28 anos, decidiu deixar Portugal para trás em busca de…

Agrupamento de Escolas de Almeirim recebeu Laboratório Móvel

No âmbito das iniciativas de promoção do sucesso escolar, o Agrupamento de…