O distrito de Santarém perdeu, na última década, 26 851 habitantes. Na região, o concelho de Benavente aumentou a população residente, registando um aumento de 2,5% (mais 728 habitantes). Todos os outros concelhos tiveram reduções populacionais. Chamusca é o concelho com maior quebra populacional: perdeu cerca de 15,7% da população. Nestes dez anos, o país acentuou o padrão de litoralização e reforçou o movimento de concentração da população junto da capital. Um padrão que os autarcas da região ouvidos pelo Correio do Ribatejo dizem ser necessário inverter. Mas, para isso, é essencial o investimento do Estado na construção de infra-estruturas e na melhoria das acessibilidades.
Pedro Ribeiro – Presidente da CIMLT e da autarquia de Almeirim
A região da Lezíria, à excepção de Benavente, perdeu população. Que leitura faz destes números?
Faço a leitura que penso todos fazemos. Ao longo das últimas décadas o País tem vindo a concentrar-se no litoral e nas grandes cidades. Se por um lado isso foi sendo compensado com um aumento de população nos últimos censos, desta vez com a diminuição, essa litoralização acentua-se.
Como contrariar esta tendência de desertificação progressiva do interior do País?
Criando condições de acessibilidades, de mobilidade, de infra-estruturas tecnológicas, como a fibra etc. sem isso não será possível. Depois deixarmos de lado uma ideia muito “centralista” que o interior é intocável e que deve estar como está desde o Seculo passado. Precisamos de empresas e estas não podem esperar o que esperam por pareceres de entidades que nunca mais chegam. Para fixar as pessoas precisamos de mais agilidade.
Estes resultados vêm dar razão aos municípios que reclamam mais e melhores políticas de desenvolvimento e coesão territorial, mais e melhores serviços públicos e melhores acessibilidades?
Sim. O Estado não pode ir saindo porque não há pessoas. Porque assim isto nunca acaba. Temos de investir, mas, para isso o Estado devia ser o dono de muita coisa que vendeu. O último exemplo são os CTT.
Recentemente, as CIM da Lezíria, Médio Tejo e Oeste firmaram um memorando de entendimento visando a separação das três regiões da actual NUT de Lisboa e Vale do Tejo e a sua junção numa nova unidade territorial de nível 2. Estes números dos Censos vêm dar força a esta proposta?
É a única forma. E mais do que essa NUT o que queremos é uma região onde quem a governa possa ser eleito. Se assim for estou certo que aqui, como noutras regiões muita coisa muda. Quem está no território é quem sabe o que esse território precisa.