A reabertura do troço da Estrada Nacional 114, que liga o planalto de Santarém à ponte D. Luís, encerrado no verão de 2014 devido a uma derrocada, só acontecerá depois da instalação de inclinómetros, segundo a Infraestruturas de Portugal.
A empresa afirma que estão a decorrer os procedimentos necessários para a contratação da instalação de inclinómetros na encosta, que permitirão aferir se esta se encontra estável.
“Existindo um parecer do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) no sentido de que a EN114 apenas poderá reabrir quando a encosta contigua à estrada se considerar estabilizada, importa assegurar que tal facto se dê como verificado”, afirma a Infraestruturas de Portugal (IP).
A IP afirma que, “na posse dos elementos obtidos pelos inclinómetros, e após parecer favorável do LNEC, que confirme a estabilização da encosta, a estrada poderá ser reaberta”.
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), tem remetido para a IP a responsabilidade pela reabertura da estrada, que, sendo nacional, se encontra sob a sua tutela, sublinhando que o município concluiu no final do verão passado as obras identificadas como necessárias para suster a encosta e garantir a segurança na via, situação que, afirmou, está atestada pelos técnicos do município.
No final de setembro, a IP admitia a reabertura do troço assim que ocorresse a inspeção do LNEC para confirmar se os trabalhos realizados “permitiram corrigir/mitigar os riscos de novas derrocadas sobre a estrada”.
Na resposta enviada agora à Lusa, a IP afirma que, em reunião realizada em dezembro, entre a empresa, a autarquia e o LNEC, “foi entendido que a instalação de inclinómetros na encosta permitirá aferir se a mesma se encontra estável, como já referido, condição necessária para a reabertura ao trânsito”, processo que será monitorizado pelo LNEC.
Após um “impasse na determinação de qual a entidade responsável pela instalação dos inclinómetros, a IP assumiu tal instalação, decorrendo nesta altura os procedimentos necessários à respetiva contratação”, acrescenta.
Ricardo Gonçalves classificou a reunião realizada em dezembro de “surrealista”, ao querer imputar-se mais responsabilidades ao município do que as que este já assumiu, com o argumento de que o protocolo celebrado responsabilizava o Ministério da Economia, quando a IP e o LNEC estão agora sob a alçada do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas.
“A estrada não é nossa e não vou aceitar mais o ónus para o município de Santarém”, declarou, lamentando que tenham passado vários meses desde a conclusão da intervenção do município na encosta sem que a IP “nada tenha feito” para a reabrir.
A intervenção na encosta de Santa Margarida, onde se deu a derrocada em agosto de 2014, insere-se na primeira fase da intervenção nas barreiras de Santarém, que no global tem um custo estimado de 13 milhões de euros.