A Câmara de Salvaterra de Magos quer candidatar as artes de pesca da aldeia avieira do Escaroupim ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, numa iniciativa que pretende preservar e valorizar a identidade ribeirinha do concelho.
Em declarações à Lusa, o presidente do município, Hélder Esménio(PS), explicou que a iniciativa surge no seguimento de outros projetos de valorização do património local, como a classificação da falcoaria como património da UNESCO e a inclusão dos bordados da Glória no inventário nacional.
“A aldeia do Escaroupim mantém uma ligação histórica ao rio Tejo, com uma comunidade que ainda hoje utiliza artes de pesca adaptadas às características do rio. Esta candidatura pretende salvaguardar esse conhecimento, que foi determinante para a fixação de famílias vindas da Vieira de Leiria no início do século XX”, afirmou do autarca de Salvaterra de Magos, no distrito de Santarém.
Segundo o responsável, o Escaroupim tem a particularidade de ser uma “aldeia viva, com pessoas, com infraestruturas, com memória e com práticas que ainda hoje se mantêm”.
O processo de candidatura envolve trabalho de campo junto da população, recolha de testemunhos, registos em vídeo e áudio e a colaboração de historiadores e especialistas.
“Estamos a reunir informação sobre as artes de pesca, os trajes, as embarcações, a etnografia e o folclore da aldeia, com o objetivo de preservar não só o património material, mas também a memória coletiva da comunidade”, referiu o autarca, destacando o papel do Museu Escaroupim e do núcleo museológico, que têm permitido recolher artefactos e registar práticas associadas à pesca e à vida ribeirinha.
Hélder Esménio considerou ainda que a valorização das artes de pesca pode “reforçar o sentido de comunidade” e resistir à “homogeneização cultural”, para não “ser tudo igual”, além de contribuir para a dinamização económica local, através do turismo cultural e da promoção de produtos ligados ao rio.
“A preservação destas tradições é fundamental para afirmar a identidade do concelho e criar oportunidades de desenvolvimento”, reforçou.
O presidente da Câmara, que se encontra no último mandato e não se recandidata ao cargo nas eleições autárquicas de outubro, disse ainda esperar que o processo de candidatura seja continuado pelos seus sucessores.
“O importante é que este trabalho de recolha e registo não se perca e que a classificação possa abrir portas a novos projetos, como percursos turísticos integrados na região”, afirmou.
O Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial é uma ferramenta oficial de salvaguarda das manifestações culturais não materiais em Portugal, como saberes-fazer, práticas sociais, rituais, tradições orais ou expressões artísticas.