A polícia Judiciária deteve hoje militares da Polícia Judiciária Militar e da Guarda Nacional Republicana e um outro suspeito e realizou buscas em vários locais nas zonas da Grande Lisboa, Algarve, Porto e Santarém.

Segundo um comunicado da Procuradoria-Geral da República, no inquérito no qual decorreram as detenções, “investigam-se as circunstâncias em que ocorreu o aparecimento, em 18 de Outubro de 2017, na região da Chamusca, de material de guerra furtado em Tancos”.

Em causa, adianta o comunicado, estão “factos susceptíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, receptação, detenção de arma proibida e tráfico de armas”.

Entretanto, fonte da GNR disse à agência Lusa que estão a decorrer buscas no Núcleo de Investigação Criminal da Guarda em Loulé, que procuram provas sobre o comportamento de três militares da GNR. Entre os três militares inclui-se o seu chefe.

Na Operação Húbris, participaram cinco magistrados do Ministério Público e cerca de uma centena de investigadores e peritos da Polícia Judiciária.

Segundo a PGR, o inquérito corre termos no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), sendo o Ministério Público coadjuvado pela Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária,

Os detidos, que o comunicado não refere o número exacto, serão presentes ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

O furto de material militar dos paióis de Tancos – instalação entretanto desactivada – foi revelado no final de Junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

Em 18 de Outubro, a Polícia Judiciária Militar recuperou, na zona da Chamusca, quase todo o material militar que tinha sido furtado da base de Tancos no final de Junho, à excepção das munições de 9 milímetros.

Contudo, entre o material encontrado, num campo aberto na Chamusca, num local a 21 quilómetros da base de Tancos, havia uma caixa com cem explosivos pequenos, de 200 gramas, que não constava da relação inicial do material que tinha sido furtado, o que foi desvalorizado pelo Exército e atribuído a falhas no inventário.

CDS não comenta detenções mas promete continuar a dar atenção ao caso 

A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, evitou hoje comentar as detenções no processo do roubo de armas dos paióis de Tancos, mas prometeu que o partido continuará a dar atenção ao caso.

A notícia das detenções foi conhecida a meio de uma conferência de imprensa, na sede nacional do partido, sobre propostas de incentivo à natalidade e, poucos minutos depois, Assunção Cristas foi questionada sobre o assunto.

“Estava numa conferência de imprensa sobre a natalidade, não me pude inteirar dela [a notícia], mas certamente o CDS olhará para esse assunto com a maior atenção, como tem olhado para todas as questões relacionadas com Tancos”, afirmou.

Assunção Cristas lembrou que o CDS já chamou “amiúde” ao parlamento responsáveis, como o chefe do Estado-Maior do Exército ou o ministro da Defesa, para darem esclarecimentos aos deputados, mantendo também na agenda um eventual pedido de inquérito parlamentar “para descobrir o que aconteceu em Tancos”.

Presidente da República recorda que tem insistido no esclarecimento integral do caso

O Presidente da República divulgou hoje uma nota a relembrar que “insistiu desde o primeiro dia no esclarecimento integral do caso de Tancos” e que reiterou recentemente que esperava desenvolvimentos.

“O Presidente da República relembra que insistiu desde o primeiro dia no esclarecimento integral do caso de Tancos e na importância da investigação criminal; ainda recentemente, a 10 de Setembro, reiterou que esperava desenvolvimentos nessa investigação”, refere a nota, divulgada no “site” da Presidência.

Em 10 de setembro, o chefe de Estado disse ter “uma forte esperança” de que as conclusões da investigação criminal ao desaparecimento de material militar de Tancos fossem conhecidas dentro “de dias ou de semanas – e não de meses”.

“Estamos, penso eu, na ponta final da investigação criminal. E essa investigação criminal irá apurar, certamente, factos e eventuais responsáveis. E eu hoje tenho uma forte esperança que seja uma questão de dias ou de semanas e não de meses, portanto, que estejamos mesmo muito próximos do conhecimento das conclusões da investigação criminal”, afirmou, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita ao Centro de Educação para o Cidadão com Deficiência (CECD), no concelho de Sintra.

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