O Ministério Público (MP) pediu ao tribunal que seja declarada a especial complexidade ao processo das armas de Tancos, o que permitirá dilatar até ao final de Setembro o prazo para a conclusão do inquérito.Num despacho a que agência Lusa teve acesso, o MP alega que investiga criminalidade altamente organizada e que as diligências que considera imprescindíveis são impossíveis de realizar até dia 28 de Março, prazo inicial para a conclusão do inquérito.Para pedir o alargamento do prazo, o MP argumenta também com o número de arguidos, a dispersão territorial dos factos e a complexidade da análise dos meios de prova.Entre as diligências que o MP ainda pretende realizar, destaca-se a audição dos 20 arguidos e a inquirição de 15 testemunhas e reconstituição dos factos.
O processo, ainda segundo o despacho do MP, aguarda também a junção de mais de cem relatórios de exames periciais realizados pela Polícia Judiciária.O processo de Tancos, que resulta da apensação do processo do furto das armas e do aparecimento das mesmas meses depois na chamusca, conta com 20 arguidos, dos quais nove estão em prisão preventiva e um em prisão domiciliária.Os crimes indiciados são terrorismo internacional, associação criminosa, tráfico de droga, furto, detenção e tráfico de armas, tráfico de influência, e denegação de justiça e prevaricação, falsificação de documento e abuso de poder.
Actualmente, o inquérito, segundo o documento, é composto por 37 volumes e mais 50 apensos.No final de Janeiro, o coronel Luís Vieira, ex-director da Polícia Judiciária Militar, um dos detidos preventivamente, contestou a apensação dos processos sobre o furto das armas de Tancos e a sua recuperação, alegando que há crimes “estritamente militares” que não são investigados.O caso do furto de armas, ocorrido em 2017, ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos militares da PJM e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do roubo, um ex-militar de nome Paulino.
O furto de material de guerra foi detectado pelo exército a 28 de junho de 2017 e o reaparecimento das armas, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, foi revelado quatro meses depois (18 de outubro) pela PJM, em colaboração de elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.No parlamento decorre uma comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos que tem previstas audições a mais de 60 personalidades e entidades e que vai decorrer até maio de 2019, podendo ser prorrogável por mais 90 dias.