Flávio Filipe Cândido, 29 anos, nasceu em Tomar no dia de Natal. Oriundo de uma família numerosa, de cinco irmãos, desde sempre andou de mãos dadas com a música. Com apenas 8 anos, começou a explorar as primeiras notas de um piano. Depois, a partir daí foi sempre a somar instrumentos, bandas, projectos, desde o bailarico ao rock n roll dos bares. Actualmente o projecto que lhe anda a “tirar o sono” chama-se Motherflutters.

Como é que apareceu a música na sua vida?
Desde pequeno que me lembro de ver o meu tio a cantarolar lá pela casa da minha avó. Ora usava a sua guitarra para acompanhar ora pegava no velho teclado Casio que acabou por inspirar dois dos meus irmãos mais velhos. Depois disto foi como uma bola de neve, eles começaram com aulas de piano e eu acabei por seguir as pisadas deles.

Quando é que decide ser músico?
Recordo-me que na altura tinha cerca de 12 anos, já sabia algumas coisas no piano e na guitarra, mas apenas tocava, aos domingos, lá na missa da terra. Na altura o meu irmão mais velho já tocava num projecto de baile, falou bem de mim ao dono da banda e lá acabaram por me fazer uma proposta para ser vocalista. Sim, isso mesmo, o pequeno rapazinho que tinha fama de cantar bem o Salmo estava prestes a entrar no verdadeiro mundo da música.

Quando foi a primeira actuação em público?
Se a memória não me falha, foi na minha terra natal, Alqueidão, em 2002/2003. Noite de bailarico, estava com muita vergonha, era literalmente uma criança, o meu coração batia a mil, havia muita gente conhecida, enfim, todas as condições para correr bem.

Em que é que se inspira para produzir as suas músicas?
Acho que a minha inspiração se traduz um pouco no cruzamento de várias bandas que ouvia quando era mais novo. Tínhamos lá em casa um leitor de vinil pronto a reproduzir os grande êxitos de Queen, Stevie Wonder, Vivaldi, Billy Idol, José Cid, Pink Floyd, Michael Jackson, enfim, toda uma mistura de sons que guardei na minha memória e que hoje em dia serve de base para as músicas que componho.

Quais são as suas referências musicais?
Depende muito do ‘mood’. Tanto posso passar o dia inteiro a ouvir reggae como música clássica, mas sem dúvida nenhuma que o estilo com que mais me identifico é o Rock.

É formado em Informática. Como é que ajusta a sua vida profissional ao mundo da música?
Acho que há tempo para tudo, para a família, para o trabalho, para os amigos, para a música. Normalmente a vida profissional ocupa-me o tempo todo de segunda a sexta-feira, depois a música tem de passar para o fim-de-semana ou mesmo para durante a semana à noite. Às vezes é precisa alguma ginástica e logística, mas quando se gosta tudo se consegue.

Estava envolvido em vários projectos musicais antes da pandemia. Como é que se gere tantos compromissos?
Normalmente a pergunta que me fazem é a seguinte: “Mas afinal tens quantos projectos?”. Há bandas que tocam mais no Verão, outras mais no Inverno, outras são de ocasião, acabo sempre por conseguir arranjar um espacinho para cada projecto. Em último caso é preciso fazer escolhas e abdicar de alguns.

Qual é a expectativa que tem para o pós-pandemia?
Espero sinceramente que possamos recuperar o tempo perdido com aqueles que gostamos, espero voltar aos palcos, espero voltar a ver uma casa cheia, espero que possamos gozar novamente a nossa liberdade.

Que objectivos tem para o futuro?
Viajar mais e investir mais tempo com aqueles que se preocupam connosco. Se há algo de bom que a Pandemia trouxe foi tempo para pensar. Antes de tudo isto acontecer o meu objectivo era procurar um emprego melhor em Lisboa de forma a ter uma vida mais estável, mas neste momento prefiro estar junto da família, viver mais os pequenos momentos.

Qual é a sua vertente da música que mais gosta? E a que mais detesta?
Adoro o facto de poder conhecer muita gente, de fazer muitos amigos, de visitar tantos sítios diferentes, mas pisar o palco é sem dúvida o auge, aquele momento em que o mundo pára e espera por ti. A parte que mais detesto acho que é no fim de cada noite de concerto ou ensaio, o facto de saber que acabou e ainda ter tudo para arrumar e uma viagem pela frente.

Quais são os seus hobbies favoritos?
Nunca tive jeito para pintar, sempre tive preguiça para ler, nunca fui grande atleta, mas adoro ‘chatear’ os amigos. Adoro ir ao cinema, adoro ver documentários, sejam eles sobre história ou vida extraterrestre, adoro ir para o meio da Natureza, adoro olhar para o céu à noite e identificar cada uma das estrelas e constelações.

Qual é para si uma viagem de sonho?
Gostava muito de dar a volta ao mundo, sozinho, apenas com uma mochila às costas. Sempre adorei viajar, de conhecer pessoas, de viver novas culturas, sair da zona de conforto. Já estive em alguns países da América, da Ásia, é sempre tudo tão diferente e tão único que dá sempre muita vontade de lá ficar mais um pouco.

Se pudesse alterar um facto na história, qual seria?
Talvez mudasse a minha data de nascimento lá para os anos 60, para ver o homem chegar à lua, para ver os Beatles ao vivo, para ver o muro de Berlin cair, para poder ouvir o mítico Freddie Mercury, para assistir ao início da Internet, mas se assim fosse, provavelmente não estaria aqui neste momento a dar esta entrevista, poderia nem sequer saber o que é o Dó de uma guitarra e isso dá que pensar. Deixava tudo como está.

Leia também...

“No Reino Unido consegui em três anos o que não consegui em Portugal em 20”

João Hipólito é enfermeiro há quase três décadas, duas delas foram passadas…

O amargo Verão dos nossos amigos de quatro patas

Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa…

O Homem antes do Herói: “uma pessoa alegre, bem-disposta, franca e com um enorme sentido de humor”

Natércia recorda Fernando Salgueiro Maia.

“É suposto querermos voltar para Portugal para vivermos assim?”

Nídia Pereira, 27 anos, natural de Alpiarça, é designer gráfica há seis…