Entrevista a Duarte Neto, presidente da Junta de Freguesia de Amiais de Baixo.

O que distingue estas Festas das restantes que se organizam pela região e país? Estes festejos são o ponto alto da nossa vida colectiva. São realizadas no Inverno, e possuem um forte cariz comunitário: é com orgulho imenso que gostamos de receber as pessoas que nos vêm visitar e esse é talvez o factor mais distintivo da nossa festa: o receber as pessoas e fazer de tudo para que se sintam bem. A festa é, realmente, uma festa cristã que tem os seus pontos altos com as suas procissões – quer de sábado, domingo ou segunda-feira – e que envolve a população toda: quando se diz toda, é mesmo toda. Desde o mais pequeno ao mais velho, todos se sentem úteis, querem ajudar e acompanhar a festa, o que é realmente muito bom para a nossa vida colectiva.

Há, portanto um grande envolvimento das associações.Ter toda esta gente a trabalhar em torno de um objectivo comum é demonstrativo de uma grande coesão comunitária? Claramente: a nossa festa tem essa singularidade. Temos, asseguradas, pelo menos nos próximos 20 anos, comissões organizadoras que estão comprometidas em assegurar a festa. Isto quer dizer, a meu ver, que, realmente, é um orgulho e um prazer que as pessoas têm em servir na festa e em servir a terra, sejam instituições, sejam particulares. Todos se envolvem nesta semana que é a semana alta da nossa vida colectiva.

Existe, portanto, um espírito comunitário muito grande? Sim, tentamos fazer e cultivar esse espírito todos os dias, em cada actividade que fazemos. O ponto alto desse espírito é precisamente a nossa Festa Anual e, também, o Festival da Carne de Capado. Julgo que este foi um certame que conseguiu agregar novamente esse bairrismo que, por vezes, andava um pouco esquecido: existia, estava latente, mas o Festival do Capado foi especialmente isso: conseguimos juntar todas as instituições da terra e dissemos: ‘vamos todos trabalhar para o mesmo, vamos todos juntar esforços e cada um de nós vai dar o melhor para que o festival seja um sucesso’. Actualmente, vamos na sexta edição do festival e, hoje, temos uma coisa muito interessante: além das instituições que as pessoas representam, temos pessoas particulares, de fora, que nos dizem que também querem ajudar e colaborar – querem sentir-se úteis nessa missão que é a de ajudar a comunidade. Este espírito solidário é muito bom e nós, enquanto responsáveis por esta autarquia de proximidade ficamos realmente felizes por conseguirmos agregar novamente algumas peças que estavam um pouco dispersas e que hoje estão realmente unidas, novamente. É esse o espírito de Amiais.

Um espírito que também se vê muito bem durante as festas nesta altura. A vila, por estes dias, triplica o número de habitantes. Este facto pressiona a freguesia? As infra-estruturas dão resposta? Pressiona, claramente. Mas a Junta de Freguesia tem feito o seu “trabalho de casa”, ou seja, para que as coisas não corram mal, temos de começar a organizar antecipadamente. Já andamos a preparar as infra-estruturas que são necessárias – coisas básicas, como a água e a luz para os pavilhões da festa – há vários meses, para que as coisas corram bem. Temos andado também a organizar todos os outros aspectos para que haja segurança. Realço que tudo é feito em equipa: na nossa Junta, não há presidente nem secretário nem tesoureiro. Se errarmos, erramos todos, e quando se faz bem o mérito é também repartido. Eu digo isto todos os dias lá fora. Somos uma equipa a sério, somos poucos mas bons (risos). Nota-se muito que as pessoas que trabalham connosco nos dão apoio e reconhecem o esforço que tem sido feito em prol da freguesia.

Quais são os principais desafios que a freguesia enfrenta neste momento? Os desafios são muitos. Nós, no nosso mandato, queremos dar uma certa continuidade ao trabalho que vinha a ser feito anteriormente, com a preocupação da consolidação das nossas contas. Esse foi um dos principais desígnios da nossa candidatura. A par disso, estamos envolvidos em alguns projectos que julgamos serem estruturantes para a nossa vida. Em concreto, vamos requalificar e remodelar na totalidade o nosso jardim, o único que temos em Amiais. Vamos avançar com esse projecto já a seguir à festa. Fizemos também algumas pavimentações de estradas e temos outros concursos em aberto para outros melhoramentos viários que são necessários e estruturantes. Somos uma Junta de Freguesia – como tantas outras – limitadas em termos de orçamento, no entanto temos conseguido, como se costuma dizer, “levar água ao nosso moinho”. A preocupação central, volto a frisar, é em termos de consolidação das contas. Felizmente, neste plano, temos pago tudo aquilo que temos feito. Não posso deixar de dizer que a Câmara Municipal de Santarém tem sido uma ajuda fundamental para a nossa freguesia: não temos fontes de receita própria e, portanto, temos de, esforçadamente, nos fazer valer da ajuda que a câmara nos possa dar. Essa ajuda tem chegado, os nossos desejos e pedidos têm sido aceites até agora e espero que assim continue, porque, realmente, sem isso seria impossível fazer os projectos que temos em mente.

Que perspectivas é que tem para o futuro da freguesia? Eu e a minha equipa temos várias ambições para a nossa freguesia. Em primeiro lugar, há que a deixar organizada e equilibrada sob o ponto de vista financeiro. Como ambição, temos inúmeros projectos na calha, nomeadamente um projecto fundamental relacionado com o desporto, que é a substituição do campo sintético do Clube Desportivo Amiense (CDA). Este clube é a instituição que mais miúdos envolve no desporto a nível do concelho – cerca de 200 em todos os escalões – repartidos nas modalidades de futebol e basquetebol. É uma instituição que merece o nosso apoio e a nossa atenção: fizemos uma candidatura para a remodelação do pavilhão gimnodesportivo e este ano contamos que o piso sintético seja substituído. Trata-se de uma necessidade. Por outro lado, queremos asfaltar todas as estradas da nossa vila, condição essencial para facilitar a mobilidade de pessoas e bens. Em termos de futuro, e em parceria com a Câmara e outros intervenientes, gostávamos – e precisávamos – de fazer um posto médico novo, digno, dando as condições exigidas à população. O edifício actual possui vários constrangimentos e essa seria, a meu ver, uma obra fundamental para a terra. Estamos convictos que vamos deixar um novo posto médico na nossa vila, assim como a requalificação dos fontanários, a limpeza das nossas ruas, e todas as infra-estruturas necessárias ao embelezamento da nossa terra, aumentando a qualidade de vida de quem cá vive.

E a ambição da construção de um pavilhão multiusos? Eu gostaria que passasse de uma ambição para uma realidade: nós, enquanto Junta de Freguesia, já fizemos alguns desenvolvimentos nessa matéria e temos, pelo menos, três propostas em cima da mesa para a aquisição de um imóvel para que consigamos fazer um pavilhão multiusos. Este equipamento serviria, realmente, para todos os intervenientes. Costumo dizer que temos uma terra que está quase sempre em festa: temos o Festival do Capado, a Festa da Casa do Povo em 10 de Junho, temos a nossa Festa Anual, a Festa das Sopas, a Feira Multi-sectorial que foi um sucesso este ano na primeira vez que aconteceu… Portanto, não podemos deixar cair estas actividades e, antes pelo contrário, dar-lhes condições para que se possam desenvolver. Nesta óptica, um pavilhão multiusos é, realmente, uma necessidade extrema. Todos percebemos que se trata de um investimento bastante alto para os recursos de que dispomos, mas estamos a trabalhar em soluções.

A autarquia e o tecido empresarial do concelho poderão dar uma ajuda? Penso que sim. Eu sou optimista por natureza! Nós já fizemos três propostas a outros tantos proprietários diferentes de espaços e terrenos: espero que algum deles vá ler esta entrevista, que se sinta tocado e que venda aquilo de que nós precisamos.

Seria importante a concretização de um Parque Industrial na vila de forma a dinamizar economicamente o Norte do concelho? Uma das propostas que temos em cima da mesa é, realmente, estudar a instalação desse Parque Industrial. Este projecto, aliado ao Pavilhão Multiusos, seria o melhor de dois mundos. Estamos cientes que possuímos uma densidade geográfica muito complexa, não temos propriedades, na terra, em termos de área, dimensionadas para isso e, muitas vezes, a dificuldade é que um dado espaço pertence a cinco ou seis pessoas. Este facto faz com que a negociação entre as partes não seja fácil. Claro que juntar o Pavilhão com o Parque Industrial é uma das nossas pretensões: não sei se o conseguiremos, mas, como já referi, eu sou optimista por natureza e espero que isto se concretize.

A nível pessoal, como é que sentiu o apelo para a política? Se me dissessem, há uns sete anos atrás: “Duarte, tu vais para a Junta”, eu diria que é mentira. Não pensava que viria para cá, assumir a presidência. Colaborei com o anterior executivo e envolvi-me com um espírito de missão: vim com o espírito de desenvolver, de deixar alguma coisa feita pela nossa terra, dando o meu contributo pessoal. O papel das Juntas de Freguesia, é muito mais importante do que muitas pessoas pensam. Há pouca noção do trabalho diário e de proximidade que é realizado. Só quem passa por cá é que percebe a dinâmica e a envolvência que temos de ter e o que temos realmente de abdicar em prol da freguesia. Mas é um gosto tremendo e uma honra para mim poder presidir a esta terra, porque Amiais de Baixo é Amiais de Baixo.

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