Alpiarça – 27 de Agosto de 2022 – às 17.30 horas. Corrida à Portuguesa. Cavaleiros: João Salgueiro, Marcos Bastinhas e João Salgueiro da Costa; Forcados: Amadores de Santarém e de Montemor; Ganadaria: Mata-o-Demo; Director de Corrida: Dr. Marco Gomes; Tempo: Quente; Público: ¾ forte.
Após alguns anos de interregno voltou a realizar-se uma corrida de toiros no âmbito da Alpiagra, decisão acertada conforme se comprovou pela grande afluência de público. Os toiros de Mata-o-Demo tiveram um comportamento díspar, tendo saído alguns mais colaborantes e outros mais reservados, e todos de razoável apresentação.
Por acordo entre os toureiros, e com a aquiescência do Director, Marcos Bastinhas saiu pela frente de João Salgueiro, pois tinha de actuar nessa noite na Figueira da Foz. O cavaleiro elvense andou mais repousado e desenhou uma lide menos espalhafatosa do que tantas vezes lhe temos apreciado. Gostámos mais deste registo e cumpre-nos afirmar que Marcos Bastinhas, sobretudo no segundo toiro do seu lote, bregou adequadamente, elegendo os melhores terrenos para cada sorte e, mostrando-se nos cites, colocou emotiva ferragem, recreando-se com alegria e a-propósito. Rematou a sua actuação com dois meritórios pares de bandarilhas, muito aplaudidos, e não resistiu a desmontar na arena para fazer o número do costume. Modernices…, mas esteve em plano de triunfo.
João Salgueiro mantém intactas, ou quiçá ainda mais desenvolvidas, as suas potencialidades de toureiro clássico, mas espontâneo e artista. A forma como recebeu os seus oponentes em circulares no centro da arena, e a definição das sortes, em todos os seus tempos, é magistral, sendo coroadas com as reuniões apertadas e cravando os ferros de alto a baixo. Pelo meio, o veterano marialva de Valada expendeu lições de senhorio e de classe, quer na brega quer nos adornos. É sempre um gosto revermos esta figura de eleição.
João Salgueiro da Costa andou em bom plano, tendo-lhe cabido enfrentar um dos toiros mais complicados, enquerençando-se facilmente em tábuas, e um dos mais colaborantes. E o que é facto é que o jovem ginete andou bem frente aos dois. No que lidou em primeiro lugar persistiu numa brega de proximidade, para retirar o toiro da querença, e colocou bem a ferragem da ordem, e frente ao que encerrou a corrida Salgueiro da Costa exibiu um toureio vistoso, mas sério, colocando a ferragem em sortes frontais, pisando terrenos de muito compromisso.
Os toiros, que não tinham muita idade nem eram volumosos, não dificultaram a vida aos forcados que os tiveram de enfrentar, que uma vez mais solveram o seu compromisso com muita dignidade. Pelos Amadores de Santarém foram solistas Manuel Ribeiro de Almeida, que consumou pega fácil ao segundo intento, e Francisco Paulos e Guilherme Gallego, que consumaram bem as suas sortes à primeira tentativa. Pelos Amadores de Montemor foram solistas Manuel Carvalho, Manuel Campilho e Bernardo Batista, que concretizaram todas as sortes à primeira tentativa, com o Grupo a ajudar bem.
Direcção correcta do Dr. Marco Gomes e labor adequado dos peões-de-brega que cumpriram diligentemente o que se espera da sua intervenção.
No final da corrida, o jovem novilheiro amador João Carreira lidou um novilho tendo evidenciado alguns recursos técnicos e artísticos, tanto com o capote como com a flanela rubra. Destaque também para o bandarilheiro escalabitano João Ferreira, que cravou três pares de bandarilhas com a eficiência que lhe é peculiar.