O último álbum gravado por Pedro Barroso, que morreu hoje, está previsto sair em Abril, disse à agência Lusa o seu editor discográfico Fernando Matias, da Ovação. O álbum, intitulado “Novembro”, inclui um dueto com Patxi Andión, que morreu a 18 de Dezembro passado, em Espanha.
Matias referiu-se à obra de Pedro Barroso como “única”, no esteio das de Vinicius de Moraes e Leo Ferré. “Ele tinha um lugar único na música portuguesa, que ficará para sempre”, disse Fernando Matias acrescentando que o músico deixa “muitos admiradores fiéis, que falam por essa carreira feita”.
No final do ano passado, aquando da morte de Andión, Fernando Matias explicou que “o título ‘Novembro’ foi escolhido por ser o mês de aniversário do Pedro e porque foi em Novembro que se terminaram as gravações deste projecto”. Pedro Barroso referiu-se, então, a “Novembro” como a sua “despedida das canções”.
“A condição física, após mais um ano de tratamentos médicos, impede-me de tocar; e, mesmo na parte de canto, canso-me ao fim de minutos e, portanto… as coisas são como são…”, disse Pedro Barroso.
Pedro Barroso nasceu em Lisboa, em 28 de Novembro de 1950, numa família de Riachos, Torres Novas, cidade onde viveu desde a infância, e que sempre considerou a sua terra natal.
Intérprete de êxitos como “Menina dos Olhos D’Àgua”, celebrou, em dezembro passado, 50 anos de carreira, com um concerto na localidade.
No passado dia 20 de Dezembro, na véspera desse derradeiro concerto, escreveu na sua página oficial, na rede social Facebook: “Sim. Corto a ‘jaqueta de forcado’ amanhã [dia 21], no velho Teatro Virgínia, pelas 21:30 – com testemunho de 600 cúmplices [espectadores]; e quero dizer com isto, que cesso actividade como músico, não me retirando obviamente, nem como homem das ideias, nem das artes, nem das palavras. E da diferença. Não abandono a intervenção crítica, nem a cidadania, pelo menos enquanto o último neurónio mo permitir”.