Inesperadamente, uma bolinha na engrenagem, a obrigatoriedade de uma pausa, na nossa vida diária, no trabalho, nas viagens, na economia… mas não na política, nem na Democracia!!

A Covid 19 é causada por um vírus, uma bolinha de gorduras e proteínas que rodeia um programa de fazer mais vírus. Uma estrutura tão perigosa como eficiente na sua ação. O corona vírus não está vivo, não tem olhos, passaporte ou GPS, para ele não há países nem fronteiras. Para “ele” estes 27 pedacinhos de terra que nos habituámos a separar por cores e linhas no mapa são apenas mais possibilidades de fazer milhões de cópias de si próprio, utilizando as nossas células, mesmo que isso nos mate.
Muitas pessoas morrerão, mas neste momento estão também infetadas a União Europeia, a Democracia e os Direitos Humanos e estes, estes não podem morrer. Por isso a política, xs polític@s e o Parlamento português continuamos a trabalhar diariamente para ultrapassar da melhor maneira esta pandemia.

Os vírus não conhecem fronteiras e a crise económica e social que seguirá à pandemia também não. No entanto os governos Holandês e Alemão insistem na resposta do endividamento dos estados e na política da austeridade. Esta não pode ser a resposta da Europa a que chamamos Unida. Uma União Europeia que não é capaz de responder, de agir, no momento da crise é inútil, mais que inútil, pode ser patogénica e até destrutiva.

As notícias sucedem-se, reuniões virtuais substituem as físicas, mas a desunião tem sido evidente. Esta não é uma crise que resultou das escolhas ou decisões de cada um dos estados membros, é uma crise de saúde de escala global que acarretará consequências sociais e económicas gravíssimas, que não podem levar a uma nova crise de austeridade, como a que já conhecemos no passado.

Se a crise é europeia a resposta também o deve ser. São muitas as vozes que se levantam a pedir instrumentos que mutualizem os custos orçamentais do combate a esta crise, os Eurobonds, ou Coronabonds. Sem um plano estruturado a nível europeu muitas economias nacionais irão ao fundo, e o barco das estrelinhas não flutua com rombos no casco!!
Se não é agora o tempo da solidariedade, quando será?????

“Quando a Europa teve realmente necessidade de demonstrar entreajuda, foram demasiados os que começaram por tomar conta de si. (…) Quando a Europa teve realmente necessidade de provar que não é apenas uma «União para os dias bons», foram demasiados os que começaram por não partilhar o seu guarda-chuva”. Estas palavras não são minhas, não são sequer de ninguém do Grupo da Esquerda Unitária Europeia no Parlamento Europeu. Estas são palavras da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, proferidas na sessão do Parlamento Europeu, dia 26 de março, em Bruxelas.

Nessa reunião foram aprovadas por larga maioria as primeiras medidas propostas pela Comissão Europeia para ajudar os Estados-Membros a enfrentar a pandemia COVID 19. As medidas de emergência foram um primeiro passo necessário, entanto, ir ao fundo das gavetas da coesão, buscar as notas perdidas que por lá se encontram, as reservas de tesouraria, não será suficiente. Alargar as regras do fundo de solidariedade da UE não será suficiente, nem para combater o vírus e muito menos para mitigar o impacto da recessão que se lhe seguirá.

Só podemos superar crises como esta pandemia com soluções coletivas, públicas e democráticas. Serviços públicos fortes, especialmente sistemas universais de saúde pública, são vitais e devem ser defendidos e fortalecidos, agora e a longo prazo.

Perante uma situação sem precedentes, só a coragem de uma resposta sem precedentes poderá proteger a vida d@s europeus, responder pelos seus empregos rendimentos e assim, proteger o futuro da própria União Europeia.

Fabíola Cardoso, Deputada do BE eleita por Santarém

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