Álvaro Gaivoto foi a cara da Casa do Benfica de Santarém durante 37 anos. Assumiu as rédeas da associação ligada ao Sport Lisboa e Benfica e só aos 80 anos é que deu a vez aos mais novos. Foi com ele que nasceu o projecto da Casa do Benfica 2.0, a pioneira do novo conceito que o SL Benfica quer implementar para aquele que é o primeiro elo de ligação entre adeptos e clube. O antigo presidente explicou ao Correio do Ribatejo que a escolha para a arrancar esta nova vertente das Casas do Benfica recaiu em Santarém por ser uma das mais antigas do país, e por ser uma das poucas que nunca encerrou portas, mantendo- se no activo durante 62 anos.

Quantos anos foi presidente da Casa do Benfica de Santarém?

Fui presidente durante 37 anos. Não fui um dos fundadores, que a associação faz este mês de Fevereiro 62 anos. Mas é algo que me diz bastante.

O que é que o levou a querer assumir a presidência da Casa do Benfica?

Primeiro pela cor. Sou do Benfica desde miúdo. Depois porque nasci em Santarém. A minha filha também foi atleta na Casa do Benfica desde pequena. Era ginasta.

E sempre fui um homem do associativismo, sempre gostei de estar ligado a associações de Santarém. Mas o facto de ser benfiquista foi mesmo o que me motivou mais.

O que recorda destes 37 anos à frente da Casa do Benfica?

Grandes alegrias, dificuldades financeiras. Mas recordo bons momentos na parte desportiva, na ginástica e noutras modalidades que tivemos nestes anos todos. Mas mais na parte da ginástica e do judo especialmente. Recordo também as dificuldades, especialmente nesta fase da pandemia. Foi bastante complicado. E claramente este processo da primeira casa do Benfica 2.0 que vai nascer em Portugal.

Este processo ainda passou todo por mim. Só deixei a presidência em 2021.

Como é que nasceu este projecto da Casa do Benfica 2.0?

Nasceu porque a Casa do Benfica de Santarém é a quarta a nascer a nível nacional, e durante estes 62 anos teve sempre em actividade, nunca encerrou.

Estivemos sempre de porta aberta, ininterruptamente. É uma casa que está ligada a uma região de muitos benfiquistas e já deu apoio a muitas outras, como Cartaxo, Almeirim, Alpiarça ou Chamusca. Toda esta envolvência nos ajudou. Ao longo dos anos também pusemos em muitas centenas de crianças o emblema do Sport Lisboa e Benfica. Fomos pioneiros em algumas modalidades como a ginástica e o judo. Ainda chegámos a ter tiro, voleibol e basquetebol.

As casas do Benfica são o primeiro elo de ligação entre o clube e os adeptos. São uma parte importante daquilo que é a mística benfiquista?

Sim, claro. Ainda agora o presidente disse que a parte da bilheteira para os associados, que vão ao estádio, representa 25 por cento das receitas que têm, ou seja, um quarto da venda de bilhetes é feita nas Casas do Benfica.

Que trabalho é que a Casa do Benfica 2.0 pode desenvolver em prol da comunidade escalabitana?

Esta nova modalidade das casas tem a particularidade de reunir os associados numa casa que tem, efectivamente, condições para isso. Além disso, as modalidades que há dentro deste novo espaço

vão ajudar a comunidade de Santarém, especialmente os benfiquistas. Vai haver um ATL, secções de modalidades para os jovens, um sector de biblioteca, uma zona de lazer para os adultos, que podem utilizar enquanto esperam pelos filhos que estão nas modalidades, ou no ATL. Isto tudo além do serviço de bar e da secção de venda de produtos do Benfica. Tudo isto vai dar uma nova dinâmica à Casa do Benfica. Não é só um sitio para ir ver a bola e comprar bilhetes para ir ao estádio.

É um passo importante para a instituição Casa do Benfica de Santarém ter este novo espaço?

Sim, claro. É um passo de gigante. Com esta nova modalidade das Casas do Benfica, em que Santarém é a primeira a avançar, transforma o espaço num conceito diferente. Não é só ir lá ver a bola e beber um cafézinho. É todo um novo conceito em volta do espaço.

Estas iniciativas são importantes para o próprio SL Benfica, no sentido de haver uma maior proximidade entre adeptos e clube?

Sim. Não só de Santarém, mas em termos gerais. Uma estrutura deste género vai, de certeza, chamar os associados, mesmo aqueles que andam mais afastados do clube pelas mais variadas razões.

Este foi um projecto que apresentou alguma demora. A que se deveu?

Muitos associados ficaram a pensar que isto nunca seria possível. A demora deveu- se, primordialmente, à pandemia e a todas as consequências que teve. Quando era para ser iniciado o projecto veio a pandemia e atrasou tudo. Entretanto houve mudanças na estrutura directiva.

A falta de materiais de construção e a subida de custos atrasou ainda mais as coisas.

Esta variação dos preços levou a conversações com os empresários, e isso leva algum tempo. Houve muitos associados que não compreenderam essa demora e achavam que era tudo mentira. Os planos estão como desde o primeiro dia.

Tem ideia do investimento que este projecto representa?

De momento não tenho, porque com a subida dos preços e com o facto de me ter afastado da direcção da Casa do Benfica, desliguei-me um pouco e não tenho muita noção dos preços actuais. Ainda assim, numa primeira instância apontava-se para um investimento na ordem dos 100 mil euros, mas que já subiu imenso.

O que o levou a abandonar as rédeas da Casa do Benfica?

A idade. Tenho 82 anos e cheguei à conclusão que era altura de dar lugar aos mais novos e apareceu uma equipa com gente nova, em que reconheço que dão uma garantia de seguimento do trabalho feito até agora.

É uma equipa jovem, e estou convencidíssimo que vão fazer um óptimo trabalho.

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