Técnico de recursos humanos e bombeiro voluntário desde 2012, Alexandre Paulo candidata-se à presidência da Câmara de Santarém com o desígnio de renovar o CDS-PP no concelho e contribuir para que o município se torne mais atractivo.
Natural de Santarém, Alexandre Paulo, 29 anos, assumiu, em Abril, a liderança da concelhia centrista e não virou a cara ao desafio de liderar a candidatura a uma autarquia onde o partido nunca teve representação no executivo municipal (nas eleições de 2017 elegeu um deputado à Assembleia Municipal, ao obter 6,3% dos votos).
A vontade de estar ao serviço da população, que o motivou a ser bombeiro voluntário, e a identificação com a matriz democrata-cristã do CDS levaram-no a inscrever-se no partido em 2013, tendo sido militante de base da concelhia de Santarém até ser desafiado a candidatar-se, primeiro a esta estrutura e depois a liderar a lista à Câmara Municipal nas eleições do próximo dia 26.
Com a equipa que o acompanha, acreditou que a candidatura à Câmara “poderia ser uma boa forma de dar a conhecer à sociedade que o próprio partido se está a renovar”, disse.
“Neste momento, é fundamental uma dinâmica jovem e empreendedora”, referiu, salientando a vontade de “cuidar das pessoas”.
Como ‘bandeiras’ para estas autárquicas, Alexandre Paulo elege a família, defendendo uma aposta na natalidade, por exemplo através de “cheques natalidade”, medida que, afirmou à Lusa, terá impacto na economia ao “injectar capital no comércio” local.
Em matéria de habitação, o candidato centrista defende rendas apoiadas para famílias que se fixem no concelho e uma revisão do Plano Director Municipal que facilite a construção nas freguesias rurais.
Quer, ainda, uma rede de transportes públicos que sirva as populações rurais não apenas durante o período escolar, mas ao longo de todo o ano, para que os que não têm recursos nem transporte próprio “não fiquem reféns”, impedidos de se deslocarem à sede do concelho.
Cuidar dos mais idosos e dos mais jovens é outra ‘bandeira’ de Alexandre Paulo, que inclui igualmente nas suas propostas o aproveitamento de mecanismos como os Vistos Gold para atrair novos habitantes e projetos que potenciem o turismo no concelho.
Na saúde, uma das suas propostas é a instalação de desfibrilhadores automáticos externos nas juntas, com formação de pessoas, “para salvar vidas”.
Para Alexandre Paulo, uma vitória será “aumentar o número de autarcas eleitos”, o que, reconhece, “historicamente não é fácil para o CDS” em Santarém.
Que propostas e projectos fundamentais tem o CDS-PP para o futuro do concelho de Santarém?
A nossa candidatura apresenta três eixos fundamentais a partir dos quais pretendemos dar um melhor futuro à nossa cidade. Identificámos assim que é fundamental apostar nas Pessoas, na Requalificação Urbana e Mobilidade e na Economia. Analisando as políticas municipais dos últimos anos, verificamos que as Pessoas de Santarém não se sentem ouvidas, apesar de serem estes munícipes a contribuir para que este Concelho se mantenha rico em cultura e tradições. Propomo-nos a potenciar a qualidade de vida no Concelho, tornando-o atractivo para os jovens, com mais dinâmica e oportunidades de fixação de famílias. Tenho referido em várias intervenções que um dos nossos principais projectos é o Vale Natalidade, com um cheque no valor de 500€ no nascimento mais 50€ por mês durante o primeiro ano de vida da criança, sob forma de reembolso de despesas efectuadas no comércio local. Assim, apostando no aumento das famílias apostamos também na economia, neste caso circular. Destacamos ainda a oportunidade que são os vistos Gold na sua nova modalidade. Pretendemos atrair investimento estrangeiro para o concelho, para as suas freguesias rurais, a qualidade de vida e o potencial de crescimento do Concelho deverão tornar-se atractivos para estes investidores. Relativamente à Requalificação Urbana e Mobilidade, queremos tornar Santarém mais acessível a todos os cidadãos e cidadãs de mobilidade reduzida, às famílias com crianças pequenas, aos idosos. Os arruamentos em Santarém necessitam de intervenção urgente e há já muitos anos que o CDS identificou o problema em Assembleia Municipal e ainda assim não foi resolvido. Pretendemos também aumentar o turismo com projectos inovadores e divulgação em diversas plataformas, promover o Concelho e atrair novos operadores turísticos. A Reabilitação Urbana será um dos focos do nosso executivo, a necessidade de identificar, recuperar e colocar no mercado de habitação o edificado degradado, nesse sentido propomos a abolição de IMI para prédios de habitação (em arrendamento ou habitação própria) por um período de dois anos. Ainda na habitação, conscientes de que a fixação de novas famílias permitirá um rejuvenescimento do Concelho, apostaremos numa política de apoio ao arrendamento no valor de 20% do valor da renda, podendo esta percentagem aumentar até aos 35% em freguesias não urbanas.
Afirmou, na apresentação da sua candidatura, que pretende “tornar o concelho mais atractivo”. Em concreto, o que propõe para alcançar este objectivo?
Para tornar Santarém um concelho mais atractivo temos de o publicitar e criar condições para que as pessoas se queiram instalar aqui. Existem muitos exemplos de cidades que, por aparecerem mais nas redes sociais ou até em séries de televisão se tornaram destinos turísticos apetecíveis, com isto dizer que é absolutamente fundamental promover o Concelho nas mais variadas plataformas disponíveis. Estando o Concelho situados no eixo Lisboa- Fátima e dos caminhantes de Santiago, é definitivamente determinante que estes não vejam Santarém apenas como ponto de passagem. Criar em Santarém um cluster de Turismo em saúde cremos também ser uma aposta ganhadora. Todo o potencial turístico, subdesenvolvido, vai muito para além da freguesia urbana, todo o Concelho tem uma oferta inexplorada. Não sendo competência da Câmara Municipal a exploração turística, é desta a primeira responsabilidade de promover o Concelho e apresentar todas as suas potencialidades. Para além disso, e em objectivos mais imediatos, pretendemos criar espaços de co-working para atrair os chamados nómadas digitais que cada vez mais procuram qualidade de vida, longe dos grandes centros urbanos. Reduzir o IMI em 0,2%, e restruturar o “IMI Familiar” que consideramos ser insuficiente. Nesse sentido propomos um desconto de 25% para famílias com um filho, 50% para famílias com 2 filhos e 75% para famílias com três ou mais filhos. Considerando que este desconto será em forma de vale para descontar no comércio local. Pretendemos assim, criar incentivos para que as famílias jovens se fixem, injectando também capital e dinâmica no comércio local. Propomos também fomentar a prática desportiva nas camadas de formação e, ainda, criar um centro de alto rendimento desportivo. Este tipo de infra-estruturas traz postos de trabalho directos e indirectos, contribuindo para colocar o nosso concelho no mapa. Para potenciar a atractividade de Santarém é imprescindível que as populações se sintam seguras, apesar de positivo, as câmaras de videovigilância aprovadas são em nosso entender num número insuficiente, queremos, portanto, trabalhar em estreita colaboração com as autoridades policiais, fomentando um policiamento de proximidade. Um policiamento de proximidade implica também a vontade e pressão política sobre o Ministério da Administração Interna para que seja instalado o Posto da GNR na freguesia de Alcanede que está “criado” e publicado em Diário da República desde o ano 2000, são só 21 anos…
O que distingue a sua candidatura das demais, para que o eleitorado lhe dê a confiança do seu voto?
O CDS Partido Popular apresenta-se a estas eleições com uma equipa renovada, jovem, dinâmica e com provas dadas a nível profissional e académico. Apresentamos desde logo um programa credível, exequível e focado nas populações e nas suas necessidades. Há vários anos que os executivos municipais andam envoltos em polémicas, onde diariamente saem notícias na comunicação social levantando suspeições sobre procedimentos, suspeitas de favorecimentos e de situações que lesam o erário público, desde processos que se arrastam em tribunal onde vereadores desses executivos são candidatos e até partidos que apresentam nas suas fileiras ex-autarcas condenados por peculato em funções autárquicas (ficando provado que foi desviado dinheiro da autarquia). Situações como estas demonstram claramente que é necessário renovar os actores políticos em Santarém e apurar responsabilidades, o CDS-PP está empenhado em servir Santarém e as suas gentes, não fazemos acusações gratuitas e sem provas e, por isso, desde a primeira hora que defendemos uma auditoria económica e financeira e à contratação pública na CMS, e assumimos publicamente que se for identificada qualquer irregularidade encaminharemos para o Ministério Público ou Tribunal de Contas. Santarém precisa de transparência.
Em 2017, o CDS-PP obteve 6,3% dos votos, elegendo um deputado para a Assembleia Municipal de Santarém. Quais são as expectativas do partido para estas eleições?
O CDS Partido Popular está empenhado em fazer crescer o número de eleitos, na vereação, na Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia. O excelente trabalho desenvolvido pela deputada municipal eleita demonstrou claramente que o CDS está em Santarém de forma construtiva e empenhado em servir a população do Concelho.
Uma coligação pós-eleitoral com o PSD é um cenário que afasta por completo?
Nenhum cenário está descartado à partida, certo é, que o CDS Partido Popular tem um programa, um projecto direccionado para servir a população e para fazer crescer o Concelho. Qualquer, hipotético, acordo de coligação terá de respeitar imprescindivelmente o programa do CDS e a transparência que é exigida a qualquer autarca.
O que o leva, pessoalmente, a candidatar-se ao executivo da Câmara Municipal de Santarém?
Aceitei o desafio de me candidatar à Câmara Municipal de Santarém com sentido de missão e de serviço à causa pública, mas acima de tudo candidato-me com desprendimento e com a consciência de que posso dar um contributo muito positivo para o crescimento e evolução do Concelho de Santarém. Santarém é a terra que me viu nascer, a cidade onde cresci, estudei, casei e fui pai. Santarém deu-me tanto, é a hora de retribuir! Santarém, as suas gentes, cultura e tradições tão desde sempre na minha vida, acredito ser a pessoas certa para que, preservando o passado, se construa o futuro.
Nos seus contactos com as populações, que recepção tem encontrado?
A receptividade tem sido fantástica, reconhecem-se como filho de Santarém, o facto de apresentarmos uma candidatura jovem renova a esperança no futuro, muitos dos munícipes transmitem-nos isso mesmo, a importância de novas dinâmicas, de novas políticas e acima de tudo de novas caras.
Que eixos estruturantes pretende desenvolver no concelho, de modo a potenciar a satisfação das necessidades da maior parte dos munícipes?
Em primeiro lugar é fundamental que se possa servir as reais necessidades dos munícipes, e nunca nos esquecendo que o Concelho é muito mais que a freguesia urbana. É absolutamente inaceitável que na grande maioria das freguesias rurais não exista um serviço de transportes públicos digno desse nome, não só pelo estado muitas vezes degradante do material circulante, mas também pela falta de circulações fora do calendário lectivo, não podemos tolerar que ainda existam munícipes “reféns” na sua freguesia por falta de transportes públicos. Temos ainda o dever de cuidar de todos, dos que cuidaram de nós, dos nossos idosos, é imprescindível identificarmos todos os casos sociais no Concelho, e para tal vamos apoiar-nos nas IPSS e em cooperação dar as respostas necessárias. A necessidade urgente de rever o PDM, de forma a possibilitar a fixação de novas famílias nas freguesias rurais, potenciando assim também o investimento, criação de postos de trabalho e desenvolvimento económico. As grandes linhas estruturantes da nossa actuação terão em conta todos os munícipes, com especial atenção para os mais idosos e para os mais jovens, ou ainda para os que se encontrem em situações temporárias de vulnerabilidade.
E o rio? Para quando um projecto concretizável de valorização do Tejo, das suas margens e da sua navegabilidade?
Sabemos os problemas graves do rio Tejo, desde a falta de caudal à poluição, no entanto não sendo uma competência da CMS, consideramos que esta deve ter uma participação activa com outros municípios de forma que a pressão política sobre o Estado Central e outras instituições, permita encontrar soluções para “devolvermos” o Tejo a Santarém
Que medidas propõe para a política fiscal municipal e qual o modelo que defende para os tarifários de água e serviços de saneamento?
Relativamente à política fiscal, como referi anteriormente pretendemos baixar o IMI em 0,2%, tal como restruturar o “IMI Familiar” criando vales de compras no comércio local no valor correspondente a 25% do valor do IMI para famílias com 1 filho, 50% para dois filhos e 75% para 3 ou mais filhos. Pretendemos que Santarém seja um concelho atractivo para investir e, assim, propomos uma redução da Derrama para 1% para todas as empresas, independentemente do seu volume de negócios. Redução esta que permite captar mais empresas para o nosso concelho, consideramos que a longo prazo esta medida que não impactará negativamente as contas da Câmara. Em relação aos tarifários de água e serviços de saneamento, considero que é primordial implementar o sistema “PAYT” de forma a tornar a factura mais justa, relativamente à produção de resíduos.
Tem vindo a público a falta de condições em Santarém para a instalação de novas empresas e a deslocalização de serviços para outros concelhos. Qual a solução para evitar que outras situações possam ocorrer e que propostas preconiza para o desenvolvimento económico e emprego no concelho?
Considero que é o reflexo da burocratização da Câmara Municipal de Santarém. É nosso objectivo criar uma equipa especializada e exclusiva para apoio de projectos com impacto positivo na economia, uma via verde no acompanhamento do processo no seu todo e que apoie o investidor a nível interno (serviços da autarquia) e a nível externo (ligação com outras entidades das quais dependa o licenciamento), tornando assim o processo mais célere e transparente. Fundamentalmente é peremptório tornar o Concelho apelativo, criar condições de habitação e fixação, desburocratizar e tornar os processos transparentes, estamos servidos de uma excepcional localização, aliada às vias de comunicação disponíveis.
Que equipamentos entende serem necessários para o desenvolvimento mais equilibrado das freguesias do concelho, quais são os mais urgentes e onde os implantar?
O nosso programa apresenta uma medida que poderá potenciar as freguesias no seu todo. Se considerarmos as estruturas das antigas escolas primárias, por exemplo, muitas delas inutilizadas ou apenas usadas esporadicamente em actos eleitorais, estas podem ser transformadas em oficinas de artes tradicionais para apoio a artesãos locais podendo-se usar as salas para workshops, actividades de envelhecimento activo ou até actividades intergeracionais. Para além de artesanato, criar espaços para teletrabalho com internet rápida para que os jovens não sintam a necessidade de ter de se deslocar à sede de concelho para poder trabalhar num espaço de co-working. Antes de começarmos com projectos que requeiram grandes investimentos, acredito que devemos manter e reabilitar as estruturas existentes, como associações e equipamentos desportivos, para que se pare o êxodo das freguesias rurais. No entanto, neste momento, é urgente reabilitar também os acessos a diversas freguesias como Alcanede e Amiais, que têm estado esquecidas e, infelizmente, com estradas que não fomentam a instalação de novas indústrias e torna difícil o acesso a Santarém, quer para aceder a cuidados de saúde, quer para permitir que se desenvolva mais em termos económicos. Importa ainda aguardar para que se conheçam as novas delegações de competências (na área da saúde, por exemplo) e pacotes financeiros que as acompanham de forma a definir estratégias e identificar soluções, certo é que o serviço de saúde de proximidade estará sempre na prioridade. Ainda na área da saúde, será criado um programa municipal de Desfibrilhação Automática Externa (PDAE) com a colocação de DAE’s em todas as freguesias e formação de pessoal da autarquia, associações, entre outros.
Qual é a sua posição acerca da constituição de uma nova NUTS II englobando os territórios das NUTS III Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Oeste?
Como sabemos, actualmente a Lezira do Tejo está incluída com o Alentejo Litoral, Baixo Alentejo, Alto Alentejo e Alentejo Central.
Relativamente a projectos de investimento, e do ponto de vista estratégico, a nossa região tem poucos pontos em comum com o restante território onde está incluída. Desde a densidade populacional, passando pelas principais actividades económicas e projectos de regadio, a região de Santarém terá um plano de desenvolvimento muito diferente de Serpa, Moura ou mesmo de Évora. sentido agrupar a Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Oeste podendo assim traçar um plano de desenvolvimento e conservação para o Rio Tejo, para a agro-indústria (que em Santarém pode ser mais desenvolvida), para o Turismo e mais actividades económicas. As NUTS em Portugal, na sua maioria, não correspondem a poderes políticos directamente eleitos ao contrário dos outros países da União Europeia, pelo que juntar regiões mais próximas e com mais interacções económicas dará outro alento ao nosso concelho. Ainda que, consideramos importante ouvir os empresários do Concelho, de forma a esclarecer quais as mais valias e possíveis oportunidades a criar com esta alteração.
Que boa razão apontaria para pedir o voto à população de Santarém?
Apresentamos uma equipa jovem, uma equipa com novas ideias e dinâmicas para o Concelho, que se apresenta com desprendimento e com sentido de serviço. Urge renovar o executivo municipal, novas figuras, sem velhos hábitos. É fundamental incrementar novos projectos. Um executivo com os olhos postos no Concelho, como um todo, que responda a todos os munícipes, do mais jovem ao mais velho. Na génese do CDS Partido Popular estão as pessoas, são desde sempre, para nós o mais importante! Somos a direita moderada. Somos a direita dos valores e da família! Somos a Direita Certa!