Nuno Guerra foi o grande responsável pela subida do Moçarriense à primeira divisão distrital da Associação de Futebol de Santarém. Em entrevista ao Correio do Ribatejo, o treinador que vai continuar aos comandos do clube da Moçarria faz o balanço da última época e fala da preparação da próxima temporada onde afirma que a manutenção é um claro objectivo.

O Moçarriense conquistou a subida à 1ª divisão distrital de futebol na passada temporada. Como é que foi viver esse momento?
Uma subida de divisão é sempre especial para todos os intervenientes que com sacrifício o conquistaram, foi um objectivo que nos propusemos no início da época e do qual com elevação conseguimos conquistar. É um mérito de todos os jogadores, corpo clínico (em primeiro o Rui Bastos que não esqueço, mas por razões profissionais teve de nos deixar e depois o Armando que em boa hora veio nos ajudar também) e directores (Manuel José, Rui Paulino e o Cowboy, entre outros que nos ajudaram diariamente) que tantos sacrifícios fizeram para que nada faltasse. Aproveito para dedicar a todos os meus jogadores e restante equipa técnica, Luís Oliveira e Carlos Carreira, mas em especial à minha família (minha mulher e minha filha) que tantas vezes foram prejudicadas para estar com o grupo de trabalho, abdicando da vida familiar.
Quero dedicar também aos meus pais que infelizmente já não estão connosco e a um jogador que tive o privilégio de trabalhar nas camadas jovens do S.L. Cartaxo mas que infelizmente nos deixou muito cedo, é para ti também André Casimiro. Foram muitos os sentimentos após esta difícil conquista!

Certamente que muitos dos jogadores que integraram o grupo da época passada não devem continuar. Que equipa está a pensar formar para esta competição?
Os jogadores que não vão continuar tem muito haver com a sua situação profissional outros por opção, mas o Moçarriense não pára e estamos a preparar a época de forma minuciosa, indo buscar jogadores para as posições que mais necessitamos, sendo contratações cirúrgicas. Logicamente que quando se tem pouco dinheiro tudo se torna mais difícil, mas acreditamos piamente que vamos fazer um plantel competitivo, com o objectivo de alcançarmos o mais rápido possível a manutenção.

Já nos pode adiantar alguns reforços da equipa?
Os primeiros reforços são todos aqueles que renovaram e fizeram questão de fazer parte deste grupo de trabalho e do qual eu acredito cegamente no que vão dar à equipa. Depois fomos buscar o Fred, Atela, Colaço e Diogo todos ex-juniores. O David Cordeiro e o Tiago Laranjeira que regressam em boa hora a casa, depois de terem representado o Fazendense. O Franciso Corte Real (Kiko) que felizmente regressa após um ano de paragem sendo mais um jogador em quem muito acreditamos à semelhança de todos os outros naturalmente. Mas estamos à procura de mais três jogadores, um guarda-redes e dois médios.

Quem é que o acompanha na equipa técnica?
Quem me acompanha é o Luís Oliveira, um amigo, um confidente, do qual eu deposito uma confiança imensa, pelo ser humano que é, pela qualidade que tem e conhecimento técnico no que ao treino diz respeito.
Está quase fechado a situação do treinador de guarda-redes, porque este ano não podemos contar com o Carlos Carreira (foi um privilégio trabalhar com o Bita, grande ser humano) devido à sua situação profissional não ser compatível.

Com que objectivos parte o Moçarriense para o campeonato mais competitivo dos últimos anos? A manutenção é um claro objectivo?
Sem dúvida. Não podemos ambicionar mais, temos de ser realistas e perceber as nossas limitações, para não estarmos a colocar objectivos demasiado ambiciosos, e de difícil alcance, criando uma desmotivação grande, refletindo-se na performance dos jogadores ao domingo, com resultados que podem pôr em causa todo o trabalho. Prometemos muito trabalho, uma equipa muito unida e humilde respeitando todos os adversários mas com ambição sempre.

Ganhar o campeonato distrital está dentro das ambições do clube nos próximos anos?
Não me parece, como disse atrás, para se ter equipas competitivas temos de ter um suporte financeiro, que hoje o Moçarriense não tem.

Que falta ao Moçarriense para se afirmar como clube de referência no distrital?
Temos uma formação que se vai destacando de ano para ano. É preciso continuar este trabalho na base, para alimentar os seniores e aí sim, podemos nos afirmar, mas é sempre preciso ir buscar outros jogadores de fora que acrescentem qualidade, tal e qual como aconteceu este ano. Com alguns jogadores da formação e depois com a preciosa ajuda dos que vieram de fora foi possível conquistar a subida de divisão.

A Taça do Ribatejo é também uma competição importante?
É claro que sim. É um privilégio estar numa final da Taça. É uma festa muito bonita e vamos lutar também para chegar o mais longe possível nesta competição.

Como acha que será o campeonato na próxima época?
Com duas partes distintas… uma as equipas que vão lutar pela subida até à última jornada, como Almeirim, S.L. Cartaxo, Coruchense, Mação, Fazendense, U. Tomar depois o Amiense, Ouriense, que se vão intrometer nesta luta e as restantes vão todas andar na luta pela manutenção, obviamente que algumas com mais facilidade que outras.

Na sua opinião quem se afigura a vencer a competição?
S. L. Cartaxo, Coruchense, Mação e U. Almeirim.

Pensa que o campeonato beneficia com a criação das SAD e equipas B?
Penso que sim pois fica mais competitivo, dando mais profissionalismo à competição. Fala-se muito das SAD. Eu na minha opinião se não houvesse SAD em determinados clubes esses clubes já não disputavam o nosso campeonato. Não entendo tanta crítica e depois essas pessoas não querem pegar nos clubes, só criticam e vão pelo caminho mais fácil!
Equipas B concordo piamente, dando continuidade aos miúdos que sobem dos juniores para poder prosseguir a sua evolução, mas para isso é preciso investimento e por vezes os clubes não o fazem, não é por não quererem é por não poderem.
Na minha opinião é se eu tivesse autonomia, os juniores de um clube passavam logo para o campeonato sénior, disputando uma segunda divisão e dando lhes experiência neste escalão preparando-os para a realidade que vão encontrar no futuro. Quando fossem seniores (que é o escalão que vão passar a maior parte da sua carreira) já tinham acumulado dois anos de seniores sendo uma mais valia.

Onde é que ambiciona chegar como treinador?
Não tenho ambições devido à minha vida profissional, e sentir-me realizado profissionalmente, estou bem assim e sou treinador por prazer. Gosto de passar as minha experiências/vivências ao melhor que o futebol tem, que são os jogadores.

Em quem se inspira e quais são as suas referências no mundo do futebol?
Não me revejo em nenhum treinador consagrado como os Mourinhos e Guardiolas, tenho a minha forma de estar e ver o futebol. Tenho sim treinadores com os quais trabalhei e são esses que eu conheço bem, logicamente todos me marcaram e aprendi com todos eles, mas claro existe alguns que foram mais marcantes como o Sr. Barroca, o Gorriz, o Nuno Presume e o Zé Vasques claro (este é especial).

Que conselhos dá a quem quer ser treinador?
Que sejam iguais a vós próprios, que não queiram ser treinadores sem olhar a meios. Humildade e respeito são factores muito importantes para esta função. E que não pensem que já são treinadores aos 20/25anos sem experiência nenhuma futebolística e de vida. Eu trocaria com esses miúdos que hoje têm uma fome de ser treinadores, eu adorava sim, ainda ser jogador! Penso que há tempo para tudo. Mas com isto digo, sigam a vossa paixão e o vosso instinto.

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