João Monteiro regressou esta temporada à sua terra natal para jogar pela União de Santarém, que está nesta altura a tentar o apuramento para a Liga 3. O avançado não esqueceu os estudos, tem uma licenciatura em Desporto no Instituto Politécnico de Setúbal e agora frequenta o mestrado em Treino Desportivo na Faculdade de Motricidade Humana, em Lisboa. Para além disso, ainda consegue ter tempo para a actividade de barbeiro que começou quando regressou a Santarém. O atleta admite que não é fácil conciliar as três coisas mas garante que “quem corre por gosto não cansa”. João Monteiro fez a formação no SL Benfica, teve uma experiência no Novara de Itália e joga há sete épocas no Campeonato de Portugal.

Depois de ter saído, em 2007, da Académica de Santarém para o SL Benfica, como foi regressar à cidade que o viu nascer para o futebol?
Saí muito novo de Santarém, apesar de no início fazer as deslocações diárias para Lisboa para treinar, chegou ao ponto de ter de me mudar para o Seixal. Ao fim de 10 anos, regressar para defender as cores da cidade acaba por ser um orgulho enorme e estou muito satisfeito por ter acontecido.

Que balanço faz da temporada da União de Santarém até ao momento?
A realidade é que desde o início nos apontavam como uma equipa que ia lutar para não descer e chegámos agora a Abril com a possibilidade de disputar a Liga 3 no próximo ano, o que demonstra bem que tem sido até agora uma época bastante positiva. Esperemos que termine com esse objectivo alcançado: colocar a União de Santarém na Liga 3 na próxima época.

Sonha chegar com o clube a patamares mais elevados?
Claro que sim! Para já o objectivo é a Liga 3 e quem sabe depois o que se segue. O importante é o trabalho diário que tem vindo a ser feito e que permite, não só a mim mas a toda a estrutura, sonhar com patamares mais elevados.

Gostaria de continuar no clube da terra?
Vestir a camisola da União de Santarém é algo que me deixa muito orgulhoso e grato todos os dias e, como é natural, gostava muito de continuar a defender estas cores, se possível na liga 3.

Esteve nos escalões de formação do SL Benfica durante vários anos. Que memórias tem desse tempo?
Representar o clube do meu coração é para mim um orgulho enorme e algo que me deixa muito feliz! Foram anos fantásticos, de muita aprendizagem, muitas viagens, momentos marcantes, títulos e amizades que se mantém desde essa altura. Aqui na União estão inclusive dois amigos com os quais joguei no Benfica, o Varela e o Iuri, e muitas vezes relembramos momentos e histórias que nos deixam orgulhosos por ter feito parte da história de um dos maiores clubes do mundo.

Chegou ainda a passar por um clube italiano. Como foi essa experiência no estrangeiro?
A passagem pelo Novara, em Itália, acabou por não correr como esperava. Vinha do Benfica como campeão nacional de juvenis e de juniores no mesmo ano e tinha alguma expectativa que pudesse ser um passo importante na minha carreira mas, infelizmente, as coisas acabaram por não se desenrolar como esperava. Cresci e aprendi muito durante essa época mas a nível desportivo acabou por ser um ano perdido.

Como foi o regresso a Portugal?
Surgiu a possibilidade de voltar a Portugal para representar os juniores do Vitória de Setúbal e aceitei logo. Tinha estado praticamente um ano parado, vi essa possibilidade com bons olhos e acho que foi uma boa decisão voltar. Era novo, o ano não tinha sido fácil e poder representar um histórico do futebol português e voltar para junto da família fez com que regressasse.

Tem algum golo ou jogo marcante na sua ainda curta carreira?
Há sempre jogos que marcam e que nunca se esquecem. Na formação destaco um jogo na época de juvenis, o FC Porto – Benfica, no Olival. Precisávamos de um ponto para ser campeões nacionais, e já no tempo extra da segunda parte temos um livre à entrada da área, em que o Gonçalo Guedes faz o 1-1! O jogo acabou logo a seguir e foi uma festa incrível! A nível sénior destaco o meu primeiro golo na Taça de Portugal ao serviço do Olímpico do Montijo e também o golo no jogo em que nos sagrámos campeões distritais e subimos ao Campeonato de Portugal, também pelo Olímpico do Montijo. Há mais, mas esses são os que me saltam logo à memória.

Como é que o João concilia o futebol, com a profissão de barbeiro e o mestrado em treino desportivo?
A verdade é que já diz o velho ditado que “quem corre por gosto não cansa”, mas há dias que me sinto mais cansado do que outros. Treino sempre de manhã, excepto no dia a seguir ao jogo que é o dia de folga, e depois durante a tarde vou trabalhar até mais ou menos às 21h00. Com a questão da pandemia, as aulas de mestrado são online e acaba por ser mais fácil conciliar os três. O importante é perceber que há tempo para tudo e ter os objectivos bem definidos, nomeadamente quanto a acabar o mestrado que é uma decisão que não quero pôr de parte.

Que ambição tem para a sua carreira de futebolista?
Neste momento a ambição é conseguir que a União de Santarém suba à liga 3 e depois continuar no clube a disputar a mesma. Mas o futebol é o momento e as coisas mudam rapidamente. Estou satisfeito com todo o trabalho desta época e confiante que as coisas vão acontecer como desejo, mas o mais importante agora são os jogos que faltam até acabar o campeonato e garantir o objectivo do clube.

Depois do futebol, que carreira pretende prosseguir?
Ainda não penso muito nisso, sou novo e ainda tenho muito para aproveitar neste contexto enquanto jogador. Já tive a oportunidade de trabalhar dois anos como treinador adjunto nos escalões de formação do FC Barreirense e acabou por ser uma experiência muito gratificante, em que aprendi muito. Acabou por não ser possível continuar devido às circunstâncias da pandemia e de também ser difícil conciliar com os treinos de manhã e o trabalho, mas é algo que quero voltar a fazer, depois de acabar o mestrado. Espero que se abram novas portas. Por agora é aproveitar a vida, o dia-a-dia e, mais à frente, decidir então o caminho a seguir.

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