Especial 130 anos do Jornal Correio do Ribatejo

Em 1871, nascia a Real Associação dos Bombeiros Voluntários de Santarém, tendo mais tarde, passado a chamar-se Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Santarém (AHBVS).

Senhora de um historial invejável, fruto do trabalho de todos os que por ela têm passado, ostenta orgulhosamente a denominação de ser, a 2ª Associação Humanitária detentora de um Corpo de Bombeiros, mais antiga do país.

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Santarém, foi fundada em 29 de Outubro de 1871 e considerada Pessoa de Utilidade Pública por Decreto-Lei publicado em 21 de Novembro de 1932.

Ao longo da sua vida esta Associação foi distinguida, entre outras, com o Grau Oficial da Ordem Militar de Cristo, a Medalha de Ouro da Cidade de Santarém e Crachá de ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses.

Esta Associação viveu os seus primeiros anos de vida em vários locais do Centro Histórico da cidade de Santarém, tendo em 1914 adquirido 903 m2 do terreno pertença do antigo Palácio da Mitra, mediante uma indemnização anual de 12$00, para ali construir um edifício destinado à sua sede, conforme consta do Decreto nº 818, publicado no Diário do Governo de 2 de Setembro, do referido ano.

Em 1931, fazendo-se sentir a necessidade de aumentar a área até então ocupada com o edifício sede a Associação solicitou que lhe fosse cedido mais espaço, o que veio a acontecer através da publicação do Decreto nº 20 078 no Diário do Governo de 17 de Julho de 1931.

Depois de vários anos naquele local do Centro Histórico da cidade de Santarém, esta secular Associação encontrou, em finais dos anos 90, o local para a construção do seu novo Quartel.

Para que tal fim fosse atingido, muito contribui a boa vontade do Grupo SONAE e a Câmara Municipal de Santarém. O Grupo SONAE pela oferta do terreno, a Câmara Municipal de Santarém pela possibilidade que deu à Associação em obter tal doação.
Assim, o sonho tornou-se realidade e, no dia 24 de Novembro de 2007, foi possível inaugurar as novas instalações, dotando o Corpo de Bombeiros com as condições para que possa continuar a honrar a divisa de todos os Bombeiros Portugueses: “Vida por Vida”.

“Felizmente, e graças ao património que a associação humanitária, os directores, os bombeiros, associados, foram conseguindo ao longo de 150 anos, permitiu construir esta sede, que nos orgulha muito, sendo que é a única sede e quartel de bombeiros que foi construída única e exclusivamente com o património da associação”, diz, com orgulho, Diamantino Duarte, presidente da direcção da AHBVS.

“Temos que agradecer a todos os homens e mulheres que sempre deram o seu melhor para que a associação e corpo de bombeiros cumprissem o seu objectivo e aquilo para que foram criados”, acrescenta Diamantino Duarte.

Prestes a assinalar os seus 150 anos de actividade, a Associação Humanitária promete continuar a lutar para que o INEM atribua um PEM (Posto de Emergência Médica) ao Corpo de Bombeiros.

“O que mais nos dói é ainda não termos merecido da parte do Instituto Nacional de Emergência Médica a atribuição de um PEM, porque, com a atribuição desse posto, muitas das nossas dificuldades podiam ser ultrapassadas”, afirma.

“Mesmo com essa parte negativa, dessa entidade continuar a não querer reconhecer o Corpo de Bombeiros Voluntários de Santarém como PEM e atribuir-lhe esse estatuto, temos vindo a fazer isso: a associação assumiu esses custos e esse trabalho e é isso que queremos. Tem sido com a dedicação dos homens e mulheres que constituem o corpo que a associação tem feito e conseguido estar presente em todas as actividades sempre que a autoridade nacional de protecção civil nos solicita. Somos dos que tem mais equipas na altura dos fogos florestais, nas equipas permanentes, somos dos corpos que mais consegue colocar pessoas no terreno”, afiança Diamantino Duarte, acrescentando: “chegamos a ter aqui quatro equipas prontas e às ordens da autoridade. Isso é que é um orgulho para nós”.

Há mais de duas décadas à frente desta Associação Humanitária, Diamantino Duarte diz continuar com o mesmo espírito de missão: “Hoje, como há vinte cinco anos, a única coisa que me move enquanto presidente da direcção desta Associação é possibilitar que os homens e mulheres que nela servem diariamente tenham as melhores condições possíveis para desempenharem a sua missão, o socorro das pessoas e bens do nosso concelho”, afiança.

A associação optou, nos últimos anos, por uma nova política e deixou de fazer alguns trabalhos de transporte de doentes não urgentes para se dedicar 100% ao socorro.
“É uma opção assumida por nós. Tem custos, trás dificuldades financeiras acrescidas. Infelizmente, no país, o socorro não é comparticipado como devia pelas entidades que tem a responsabilidade. Mas isso foi uma opção nossa, sabendo os riscos que corremos”, esclarece o responsável.

Apesar disso, afirma Diamantino Duarte, tem sido possível manter uma estabilidade financeira, apesar da diminuição de receitas em virtude de muitos dos serviços que se realizavam terem deixado de existir.

No entanto, e graças “ao extraordinário trabalho que os nossos bombeiros e directores têm realizado, ao apoio de algumas entidades e de particulares, a nossa tesouraria tem-se mantido estável e capaz de dar resposta às nossas necessidades cumprindo, assim, atempadamente, os nossos compromissos”.

“A Associação é, acima de tudo, uma associação de socorro e emergência para as populações, e um porto de abrigo para aqueles que dela necessitam”, conclui.
Com 37 anos de serviço, o actual Comandante dos Voluntários de Santarém, Rui Carvalho, revela orgulho de vestir a farda: “esta Associação e Corpo de Bombeiros iniciaram actividade em 1871. Desde essa data, até agora, já passaram por cá cerca de 37 comandantes e eu tive o privilégio de trabalhar com os últimos oito”, começa por contar.

“Neste momento, sou eu o responsável operacional como comandante interino deste corpo de bombeiros que tenho o orgulho de comandar. Neste momento, temos 65 homens e mulheres no nosso quadro”, refere o responsável, revelando que, uma das preocupações tem sido a formação de novos valores para os bombeiros: “Fazem parte do corpo 10 novos recrutas estagiários. E este tem sido um trabalho muito constante”.
Foi a 30 de Dezembro de 84 que Rui Carvalho vestiu, pela primeira vez, a farda de bombeiro voluntário. Já lá vão 37 anos de serviço.

“Já passaram por esta casa, desde essa data, 387 bombeiros voluntários. Já conheci praticamente meio milhar de pessoas”, diz, com orgulho, embora reconheça que não é fácil manter o efectivo.

“O que temos para lhes dar é pouco: é o carinho, o amor que estas casas têm que dar a estes bombeiros. Este ano é especial, celebramos 150 anos, estamos motivados e felizes e esperamos poder fazer a nossa festa”, diz Rui Carvalho.

“Temos aqui bombeiros que têm que ser condecorados, acarinhados, não pode ser só trabalhar”, afirma, com um sorriso, o comandante de uma corporação que, em 2020 respondeu a cerca de 285 incêndios rurais nos vários pontos do País.

“É um trabalho muito importante que estes homens e mulheres fazem e que precisa de ser reconhecido e valorizado. Eles têm uma retaguarda positiva, que são as suas famílias, que, na hora de partir, ficam com os filhos, ou com os irmãos a cargo enquanto os pais se deslocam para estas ocorrências”, lembra.

“Nós, aqui, sabemos agradecer isso e, neste ano vamos torcer para que o 150º Aniversário da nossa associação possa ser festejado em pleno, e seja um marco na história deste nosso corpo de bombeiros”, diz Rui Carvalho que faz questão de deixar um agradecimento particular à Camara Municipal de Santarém, um “parceiro incansável”, sobretudo neste neste último ano e meio de pandemia, que “tudo fez” na ajuda nas diversas situações com que o corpo de deparou.

Rui Carvalho salienta ainda a relação salutar com os Bombeiros Sapadores de Santarém, e em particular, com o seu comandante, José Guilherme: “quero-lhes dizer um obrigado pela parte dos meus operacionais, um obrigado pela parte do comando dos bombeiros e dizer-lhe, que nos últimos 37 anos da minha existência neste Corpo de Bombeiros, os últimos dois são os anos em que há melhor coordenação entre os dois Corpos de Bombeiros da cidade”.

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