Vitor Neno, foto-jornalista, promove a exposição de fotografia “25 anos em retrospectiva”, que tem inauguração marcada para o próximo dia 12 de Outubro, na Biblioteca Marcelino Mesquita, no Cartaxo.

A exposição do foto-jornalista retrata os 25 anos de vivências no mundo da fotografia profissional.

Vitor Neno começou como foto-jornalista, com uma colaboração Jornal Vida Ribatejana, em Vila Franca de Xira. onde acabou por ficar responsável pela fotografia do caderno desportivo do jornal.

A partir daí começou a colaborar com alguns dos maiores títulos nacionais, uns em trabalhos esporádicos, outros, ainda hoje recebem fotografias suas. Jornal Record, jornal Correio da Manhã, Jornal O Jogo, Jornal A Bola, assim como títulos que se perderam na historia recente como o jornal A Bancada, um semanário desportivo regional, Hipócrates, revista médica, Fórum Ambiente, Fórum Estudante, Casas de Portugal, Espaço & Design, Revista Ripa na Rapaqueca, contam-se entre as muitas colaborações prestadas por si ao mundo do Foto-jornalismo.

Os clientes privados, bancos de imagem, assim como empresas, são outras das áreas que ao longo destes 25 anos foi trabalhando.


Recorde aqui a entrevista do Correio do Ribatejo ao fotógrafo, em de 26 de Julho de 2013.

Respiro fotografia 24 horas por dia”

Aos 44 anos, Vítor Neno é um dos mais conceituados fotógrafos da região. Começou o seu percurso há mais de 20 anos, quando adquiriu a sua primeira máquina para registar momentos em família. A partir daí, nunca mais parou de captar o quotidiano através da sua lente. Fotojornalista do Jornal ‘Record’ há mais de uma década, Vítor Neno diz “respirar fotografia” 24 horas por dia e não consegue sair de casa sem a máquina.

Como começou o seu percurso como fotógrafo?

Quando tinha 24 anos, em vésperas do nascimento do meu filho, comprei uma máquina compacta para registar os momentos em família; já tinha tido o ‘bichinho’ da fotografia com 18/19 anos mas, nessa altura, acabei por desistir da ideia porque não tinha a noção que equipamento adquirir.

De forma que um colega que trabalhava comigo nas OGMA (Indústria Aeronáutica de Portugal, S.A), em Alverca, apercebeu-se do meu interesse pela fotografia e emprestou-me um livro sobre o tema, que pertencia ao pai de um amigo seu, que tinha sido fotógrafo no Exército. Foi assim que comecei o meu percurso profissional. Lembro-me de ir para o trabalho, de comboio a ler fotografia e no regresso também. Todos os tempos livres eram dedicados a aprofundar conhecimentos sobre a técnica e a experimentar. Depois comprei a minha primeira máquina manual e, a partir daí, nunca mais parei (risos).

O que mais gosta de fotografar?

A área do fotojornalismo é aquela que me dá mais ‘gozo’, sendo que, dentro desta a vertente desportiva é aquela pela qual me apaixonei primeiro e que continuo a desenvolver com mais gosto.

Qual foi o trabalho que mais o marcou?

O Euro 2004 foi talvez o trabalho que me tenha dado uma experiência mais forte. Não falo só ao nível do trabalho em si, mas, acima de tudo, de toda a envolvência enquanto fotógrafo português a trabalhar para jornais nacionais em “competição saudável” com centenas de profissionais estrangeiros que cá vieram e tinham formas e ritmos de fazer as coisas completamente diferentes.

Em Portugal, estávamos ainda no início do digital e aqueles profissionais já estavam a anos-luz e vieram cá dar-nos, a todos um autêntico ‘bigode’.

Uma imagem vale, realmente, mais do que mil palavras?

Nem todas. Mas, de facto há algumas que valem mais do que mil palavras. Mesmo assim, eu acredito mais na complementaridade entre texto e foto. Enquanto fotojornalista, defendo uma união entre estes dois registos, para que a informação que passa seja a mais completa e inteligível possível.

Que equipamentos e câmaras usa mais frequentemente?

Sou um adepto do material Canon. Tenho várias máquinas e lentes da marca, que utilizo em função da especificidade de cada trabalho. Em termos de uso mais corrente, prefiro uma objectiva mais versátil, a 70-200 mm, que é intermédia e permite realizar boas fotos.

Qual a sua opinião sobre as evoluções tecnológicas que se verificam ao nível da fotografia?

A fotografia digital veio, sem dúvida, facilitar muito o trabalho e abriu um leque de possibilidades que, com o analógico não era possível. Foi um iluminar de ideias com um potencial imenso. Quando comecei a fotografar para jornais, nomeadamente para o Record, estávamos ainda na era analógica. Recordo perfeitamente que, aos domingos, depois de um jogo de futebol, tinha que revelar os negativos, passar as fotos por um scanner e depois enviá-las para a redacção para ser paginada. Era um stress muito grande. Perdia-se muito tempo, que, com o digital foi encurtado ao mínimo. Contudo, na ‘era do digital’ não podemos ser apenas bons fotógrafos. Temos de dominar também as técnicas de edição de imagem em computador, por exemplo. Há todo um know-how paralelo que é preciso conhecer e aprofundar continuamente.

Que conselho daria aos novos fotógrafos?

Que faça formação. A aprendizagem é a base de tudo. Hoje em dia, há muitos ‘fotógrafos’ que julgam que, pelo facto de terem um bom equipamento dominam a técnica, mas isso não é assim. Não basta colocar a máquina em automático e carregar no botão (risos). É preciso, para quem quer fazer disto um modo de vida, um investimento muito grande em termos de formação, que deve ser contínua.

Onde vai buscar a inspiração para o seu trabalho?

Eu trabalho várias áreas. Desde um tipo de fotografia mais artística aos eventos e ao fotojornalismo. Na altura em que fotografo, e dependendo do tipo de trabalho, torno-me um observador muito atento aos detalhes, que tento captar, e à própria envolvência. Em termos de influências, posso dizer que, em Portugal, há excelentes profissionais e eu, como respiro fotografia 24 horas por dia, passo muito tempo a ver fotografia, em jornais, revistas ou na internet. Isto é um exercício diário e acho que, no meu caso, a inspiração vem daí.

Se pudesse alterar algum facto da História de Portugal qual alteraria?

O povo português é, talvez, do mais completo do mundo. Somos capazes de tudo, de fazer tudo com quase nada. Por isso, é com alguma tristeza que assisto à actual conjuntura de grandes dificuldades, onde as pessoas estão em grande sofrimento. Se tivesse essa hipótese, fazia uma alteração nas políticas que foram seguidas ao longo dos últimos 30/40 anos neste país, que já dominou o mundo.

Um título para o livro da sua vida?

“Sangue, Suor e Lágrimas”, mas sempre acreditando…

Prato favorito?

Sopa da Pedra da Lecadita, em homenagem à minha mãe, Leocádia (risos)

Música?

Sou muito ecléctico. Gosto de ouvir Diana Krall quando estou a fotografar em estúdio, mas aprecio também jazz e blues.

Livro?

Para além de muitos livros técnicos sobre fotografia, há uma obra de Paulo Coelho – Maktub – que me tem acompanhado ao longo dos últimos tempos e à qual recorro com frequência, como fonte de meditação e enquadramento para algumas situações da minha vida.

Viagem de eleição?

Há uns anos atrás fui, em trabalho, a Viena de Áustria e a cidade marcou-me muito. Voltarei logo que conseguir. Foi uma paixão absoluta! Respira-se tranquilidade.

Destino de férias?

Como tenho o prazer de viver no campo, as férias são na praia (risos). Gostava muito de ir com a família a Cabo Verde relaxar uns dias.

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?

Um misto de acção com alguma comédia. O riso tem de, cada vez mais, fazer parte dos nossos dias…

O que mais aprecia nas pessoas?

A sinceridade e a honestidade.

O que mais detesta nelas?

A falsidade.

Acordo ortográfico. Sim ou não?

Não sou adepto, embora não seja um assunto que me tira o sono. Sou, sobretudo, um defensor acérrimo dos traços que são genuinamente nacionais. Penso que devemos preservar as nossas tradições, a nossa identidade e a nossa cultura, porque é isso que nos define como povo e nos distingue no resto do mundo.

Se os sete pecados mortais fossem oito, qual seria o oitavo?

Eu não me preocupo muito com os outros sete (risos) e, como tal, se houvesse um oitavo, para mim, seria igual…

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