O Passado é história, que nunca renegámos e de que muito nos orgulhamos, pelo respeito devido a quantos nos precederam nesta caminhada.
O Futuro é a projecção do tempo que há-de vir, sempre falível e sujeita a alterações de guião, mas que, nem por isso, nos inspira menos ambição e menor empenhamento.
O Presente… já foi! Pois, é de tal maneira efémero o nosso presente que se esfuma na frenética correria dos ponteiros do relógio, quase não nos permitindo desfrutá-lo por aquilo que representa na intersecção do pretérito e do vindouro.
O tempo presente está a ser vivido num ambiente de consternação e de incerteza em consequência da terrível pandemia do Covid-19, que inunda de tristeza e de luto o lar de tantas famílias em todo o mundo, ao que nós não estamos imunes nem somos indiferentes. Seria impossível ficarmos alheios a tamanha catástrofe! Por isso apenas assinalamos esta tão grata efeméride, sem a celebrarmos, como tanto se justificaria. Melhores dias hão-de vir!
Olhando para o passado, no tempo que o nosso Jornal já viveu e testemunhou – de 1891 a 2020 – lembramos que o “Correio” assistiu a algumas das maiores calamidades da humanidade, assim como a algumas das maiores conquistas sociais, culturais, políticas e económicas, como, judiciosamente, as suas insignes páginas deram notícia e fazem fé para a posteridade. Cumprindo a missão para que foi fundado por esse homem arrojado, íntegro e sério que foi João Arruda!
O “Correio” nasceu pouco depois do levantamento militar de 31 de Janeiro de 1891, primeiro movimento revolucionário que intentou a deposição do regime monárquico, tendo em vista a instauração da República, de que, de resto, o “Jornal” viria a ser um abnegado paladino.
Assistiu à I Grande Guerra (1914-1918), à II Guerra Mundial (1939-1945), e, pelo meio, à Guerra Civil de Espanha (1936-1939), a que teremos de juntar a dolorosa Guerra Colonial Portuguesa, entre os anos de 1961 e de 1974, felizmente terminada por essa gesta heróica dos militares de Abril.
Este tão conceituado hebdomadário sobreviveu às crises financeiras a nível mundial, nomeadamente à Grande Depressão, em 1929, e à crise imobiliária do “subprime” norte americano, nos anos de 2007 e 2008, simbolicamente representada pela queda do índice bolsista de Dow Jones e pela falência do Banco Lehman Brothers, e da qual apenas nos últimos anos Portugal estava a conseguir recuperar, após exigente intervenção estrangeira.
O “Jornal” testemunhou também a instauração da República, após a crise monárquica e a sua deposição, em 5 de Outubro de 1910 – sobre cuja data se celebram este ano 110 anos –, a emergência do Estado Novo, precedida por um turbulento processo político caracterizado pela desgastante instabilidade governativa, e ao dealbar da democracia, como corolário da vitoriosa Revolução dos Cravos, em grande parte resultante da empenhada, corajosa e competente intervenção dos militares da Escola Prática de Cavalaria, de Santarém.
Ao longo destes cento e vinte e nove anos de vida, o “Correio” nunca se demitiu da sua responsabilidade regional, batendo-se galhardamente pelas causas mais ingentes e necessárias, na salvaguarda dos interesses de uma comunidade que sempre soube qual era o seu caminho e quais eram as suas expectativas. Relatámos momentos de alegria e de tristeza. Celebrámos o sucesso das gentes ribatejanas, com a mesma intensidade e respeito que as chorámos nas circunstâncias mais adversas. O “Correio” sempre cultivou o espírito de solidariedade que une e aproxima as pessoas e fortalece as comunidades.
Por isso, nestas circunstâncias conseguimos fazer amigos para a vida. Para as nossas vidas! Assumindo um compromisso de verdade e de honradez. Não especulamos, nem forjamos notícias. Somos fidedignos e honramos o nosso compromisso com os nossos parceiros. Que são os nossos Leitores e os nossos Anunciantes, a quem estamos infinitamente reconhecidos por nunca nos esquecerem.
Esta relação de respeito, mutuamente assumida, infunde no nosso espírito uma imensa tranquilidade, a de que saberemos manter-nos unidos e solidários em mais esta provação, que tem efeitos à escala global. O país do futuro será, decerto, muito diferente do que poderíamos projectar há um ano atrás. Há apenas seis meses. Tão simplesmente há um mês.
Como tudo é efémero, transitório e volátil. Mas, acreditamos que o futuro poderá ser melhor se tivermos aprendido a valorizar mais aquilo que tem mais valor. Sem sofismas e sem ambições desmedidas… Saibamos aproveitar esta oportunidade que a tragédia nos proporciona.
Mas, contudo, há valores de que não abdicamos. Agora, como no futuro, por respeito ao passado. E por respeito a nós próprios. Continuaremos fiéis aos nossos princípios éticos de respeitar todos e cada um, e de não nos intrometermos em áreas que não são as nossas. Não esperem de nós aquilo que nós não podemos fazer. Porque não queremos fazer e, sobretudo, porque tal não se inscreve no nosso código deontológico.
Alguns políticos da nossa praça censuram-nos pelo facto de nós não criticarmos mais os executivos municipais, suscitando o debate público sobre matérias do seu interesse. Insinuam, assim, que estamos submissos ao poder, por troca de contrapartidas publicitárias. A nossa resposta pauta-se pela nossa atitude de isenção e transparência não nos envolvendo em controvérsias que não nos estão cometidas. Nas democracias, governa quem ganha as eleições e faz oposição quem as perde, sendo que, no exercício destas funções cada uma das partes deve, responsavelmente, fazer bom uso dos votos que recebeu nas urnas.
Temos um compromisso com a “Verdade das Palavras”, pelo que não podemos usar senão as palavras da verdade. Não nos substituiremos aos políticos, no poder ou na oposição, pois, temos para nós que cada um deve desempenhar com competência e com lealdade a sua missão. Não marcamos a agenda política, pois, não nos candidatamos a nenhum órgão político – local, regional ou nacional.
Os tempos que nos esperam exigem que os enfrentemos com tenacidade e firmeza, sem temor nem tibiezas. Saibamos ser dignos deste repto. Estamos cá para cumprir o que se exige de nós – informar com verdade e rigor os nossos Leitores – do mesmo modo que queremos legar aos vindouros a história fidedigna destes tempos. Esperam-nos muitas dificuldades, como, aliás, as esperam todos em todo o mundo. Só solidariamente as lograremos vencer, para a construção de um futuro que será mais fraterno e menos egoísta. Que valha a pena viver! Contamos consigo, conte connosco!
“Verdade das Palavras” Comunicação Social, Lda.
Ludgero Mendes,
Teresa Lopes Moreira,
João Paulo Narciso