Aos 30 anos, João Oliveira conquistou o 3º prémio a nível nacional do Programa Poliempreende, numa cerimónia de atribuição dos prémios do concurso nacional que decorreu na quinta-feira, dia 16 de Setembro, no auditório da Escola Superior Agrária de Santarém. O estudante desenvolveu um equipamento promotor do bem-estar animal para utilização no processo produtivo de suínos, um ideia que lhe valeu a distinção por parte do júri.
Conquistou recentemente o 3º prémio do Concurso Nacional Poliempreende. O que significa estar entre os três melhores projectos de inovação a nível nacional?
Estar entre os 3 melhores projectos significa que o meu projecto despertou interesse no júri e que, possivelmente, trará mais valor à sociedade do que outros projectos apresentados. Significa também um voto de confiança enorme em nós próprios, visto que quando expomos as nossas ideias a familiares e amigos nem sempre são recebidas da melhor maneira, podendo haver algum negativismo associado e cautela em termos de investimento e tracção no mercado.
Porque é que decidiu concorrer ao Poliempreende?
O Poliempreende foi me dado a conhecer pela professora Paula Lúcia Ruivo no meu segundo ano de tesp na cadeira de Marketing. Daí em diante concorri a todos os Poliempreende, fazendo cumprir a promessa que lhe fiz de fazer todas as cadeiras, todos os anos e levar uma ideia inovadora ao Poliempreende. Assim mais um ano se passou e mais um projecto foi apresentado. Felizmente consegui chegar ao nacional com ela e obter este magnífico resultado.
O que significa para si ser empreendedor?
Um empreendedor é alguém que quer mais tanto para si como para os outros. É alguém que detecta um problema, põe mãos à obra e a cabeça a pensar em maneiras eficientes de o resolver, para melhorar e simplificar a vida de todos os que sofrem com esse problema. É alguém resiliente, auto-motivado, com a necessidade de concluir objectivos a que se propôs.
Apresentou o projecto SCRATCH. Como nasceu esta ideia?
A ideia surgiu no meu estágio final de tesp na produção eficiente de suínos, onde verifiquei que existia um problema com os equipamentos de enriquecimento ambiental, devido ao local e funcionalidade dos mesmos e também com os gradeamentos onde os porcos estão contidos. Com a aquisição de mais conhecimento sobre o assunto na licenciatura de Zootecnia, a ideia ganhou mais força com a premissa de quanto maior o bem-estar dos animais, melhores serão os seus índices de produção e melhores, em termos de qualidade, os produtos finais para os quais são criados. Esta é a premissa verificada cientificamente para todos os animais de produção.
Em que é que consiste este equipamento promotor do bem-estar animal no processo produtivo de suínos?
Com este equipamento os animais estão protegidos das barras metálicas onde se encontram contidos. Tem assim um melhor maneio e protecção dos técnicos, que conseguem realizar a investigação, manipulação nasal e mandibular do produto. Estes processos entram em 3 das 5 liberdades do bem-estar animal, sendo elas livre de dor, ferimentos e doença (protecção), são livres para exprimir os seus comportamentos naturais (investigação e manipulação nasal e mandibular) e livres de medo e angústia (redução de stress). Ainda em estudo, pretende-se que com estas características e funcionalidades se possam melhorar parâmetros produtivos dos animais, promovendo o seu bem-estar no processo, aumentando assim a rentabilidade das explorações, saindo todos os intervenientes beneficiados com a implementação deste equipamento. Os animais vivem melhor, possivelmente com melhores índices produtivos, os produtores gastam menos dinheiro com medicação para tratar lesões e os consumidores conseguem um produto certificado de melhor qualidade.
É finalista do curso de Zootecnia na Escola Superior Agrária de Santarém. Porque é que escolheu esta escola e em concreto este curso?
Além de ser relativamente perto de Leiria, o que facilita as viagens, a minha família tem alguma relação com a antiga escola dos regentes agrícolas, tendo alguns dos meus familiares frequentado esta mesma escola. Também por saber da experiência académica de amigos que a frequentaram, sendo o seu feedback extremamente positivo, acabei por cimentar esta escolha. Este curso foi escolhido por gostar de animais, mas não me vejo a trabalhar em clínica como veterinário. Também o escolhi pelo tempo de conclusão de curso, que podia ser reduzido devido às equivalências provenientes do curso anterior.
Como avalia em termos de formação o Instituto Politécnico de Santarém e em concreto a Escola Superior Agrária?
Considero que a escola dispõe de uma formação de excelência, tanto pela qualidade, empenho e motivação do corpo docente da escola. Também a componente prática muito presente em todos os cursos leccionados, sendo o de Zootecnia um dos beneficiados devido às microexploracoes e núcleos de conservação de raças autóctones de animais. É uma formação que nos dota de componentes técnico-práticas muito boas e que nos prepara para o mercado de trabalho, aprofundando todas as áreas de aplicação de conhecimentos, em todos os tipos de exploração animal. Quem faz os sítios normalmente são as pessoas que lá trabalham e usufruem dos espaços e neste caso, essas pessoas, docentes, recursos humanos e alunos são de excelência e por isso fazem da escola o que é. Um centro de excelência de conhecimento técnico-prático, amizade e entre ajuda.
Está prestes a acabar o curso em Zootecnia. O que pretende fazer no futuro?
O próximo passo será continuar a trabalhar na área da produção suinícola para poder concluir o estudo de caso. Certamente, mais tarde voltarei a estudar para um mestrado em bem-estar animal e quem sabe um doutoramento relacionado com o mesmo tema.