O Clube de Canoagem de Santarém (CCS) foi fundado a 3 de Dezembro de 1991 com o firme propósito de proporcionar a prática desportiva interagindo com a natureza.

Desde a sua fundação, até aos dias de hoje, o CCS tem vindo a desenvolver actividades que interagem com a população em geral, incluem-se iniciativas de aproximação com a população escolar, população mais idosa e população possuidora de deficiência, bem como proporcionar condições de treino e competição aos seus atletas.

Paralelamente a estas actividades “ditas normais”, o clube tem parcerias firmadas com a autarquia, presta apoio a peregrinos e à população mais desfavorecida, acções que assentam em protocolos estabelecidos com a APPADCM, AGIR+ Santarém, Município,

União de Freguesias da Cidade, Agrupamento de Escolas de Sá da Bandeira e Escola Profissional Vale do Tejo. “Além disto, temos promovido eventos que têm como objectivo principal a disponibilização de desporto gratuito a populações que, normalmente, não têm acesso a equipamentos e à prática desportiva de uma forma regular. São disso exemplo, a criação de vários dias de canoagem abertos à população, abertos à terceira idade e a pessoas portadoras de deficiência”, explicou ao ‘Correio do Ribatejo’ Celso Pereira, presidente da direcção do CCS, no passado sábado, dia em que o Jornal visitou o clube.

“Além destas actividades temos os nossos associados que, nos últimos dois anos, passaram de 40 para 140, 80 deles atletas federados. Cerca de 70 por cento têm idades abaixo dos 15 anos, logo, frequentam as nossas instalações na companhia de pais e amigos, portanto, em termos de ocupação e frequência estamos a falar de cerca de 200 pessoas”, contabiliza o dirigente. Celso Pereira considera que a Ribeira de Santarém tem em plena actividade três instituições, – o Rancho, o Teatro Clube Ribeirense e a Canoagem – que têm conseguido “dinamizar a Ribeira”.

“Só com mais dinamismo se consegue voltar a meter a Ribeira no mapa”, nota. “São as pessoas que fazem as cidades, as instituições, os privados têm-nos apoiado e os empresários, quando aqui vêem, dizem que isto é um diamante bruto por lapidar”, afirmou o presidente do CCS ao nosso Jornal.

Celso Pereira pede à população de Santarém que “procure o clube, que conheça a sua actividade” já que este tem as portas abertas e um rio imenso para usufruírem. Reconhece que o “afastamento” das pessoas se deve ao “forte estigma” que a Ribeira e o Tejo têm, mas afirma que só conhecendo o clube se pode ter consciência da forma como trabalha e acolhe os jovens desta cidade, inclusive os portadores de deficiência.

“É importante desmistificar a Ribeira de Santarém e o Tejo. Tudo é perigoso, até atravessar uma passadeira. Mas se tivermos o conhecimento de como atravessar uma passadeira, é como aqui, conhecendo e respeitando o rio a partir daí tudo é seguro”, alega.

“A nossa necessidade mais urgente é que as pessoas nos conheçam, que venham cá. Venham à Ribeira, venham ver como funcionamos”, sugere.

“Temos um ginásio que usamos na época de Inverno. Temos embarcações de competição, de lazer, um barco a motor de apoio que nos foi oferecido por uma empresa parceira. Temos vindo a melhorar as nossas instalações. Já temos um balneário feminino, com casa de banho para mobilidades reduzidas. Temos um projecto em mente que espero seja continuado pelas futuras direcções: uma Academia Scalabitana que envolva ATL’s e, assim, pretende ir buscar os jovens às escolas. Nós temos as condições para terem estudos, explicações e apoio aos estudos e logo de seguida terem a canoagem como desporto de eleição.

Essa é uma ambição que faz todo o sentido para nós. É mais uma ferramenta para atrair atletas para a nossa modalidade. E é uma mais valia para os pais terem um local onde deixar os miúdos”, salienta Celso Pereira.

Para Júlio Venâncio, director técnico do Clube, outro dos aspectos a melhorar são as acessibilidades ao rio: “Temos um vídeo, onde um atleta teve de ir ao colo até ao rio, porque não há acesso facilitado a portadores de deficiência. Temos miúdas nessa condição a praticar canoagem que têm muita dificuldade em chegar ao rio”, alerta.

Quanto às vantagens da prática deste desporto, Celso Pereira considera-o “muito completo, com exigência física forte, mas com a mais valia de estarmos cem por cento em contacto com a natureza”, admite.

O Clube vive do apoio do Município, dos seus sócios, e de algumas empresas que têm apoiado o clube de forma incondicional, nomeadamente na oferta de materiais e de equipamentos, nomeadamente um barco de apoio aos treinos no rio.

Ajudas para fazer face aos custos da actividade já que uma canoa de competição pode custar cerca de 2.000 euros, mais uma pagaia (remo) que pode orçar “tanto quanto a canoa”, consoante a qualidade.

O clube inaugurou, em Maio de 2017, as actuais instalações que tem vindo a melhorar sobretudo com meios próprios e a ajuda de muitas empresas solidárias com este projecto. Para além dos anexos que o clube dispõe, investiu ainda nas embarcações.

O clube dispõe de um voucher, no valor de 15 euros, que permite a todos os interessados uma experiência no Rio Tejo. Se esta for positiva e a pessoa pretender continuar, esse valor é convertido em jóia.

“Gostaria de desafiar todos a visitarem o nosso Centro Náutico. Temos todas as condições para vos proporcionar uma actividade diferente”, remata Celso Pereira.

Jovens promessas já são certezas

Martim Figueiredo, 17 anos de idade, representou a Selecção Nacional de Canoagem no Campeonato da Europa Júnior em K1, que decorreu em Montemor, em Julho, e onde o atleta conseguiu um motivador 16.º lugar. É, hoje, uma das referências do clube.

“Nunca estive tão nervoso. Estava a acabar a prova parecia que ainda a estava a começar. Tinha o coração a bater bastante, foi uma sensação de orgulho e de que alguma coisa estava bem feita”, afirma Martim ao Correio do Ribatejo a propósito da sua primeira internacionalização.

“Sempre estive ligado à água. Comecei pela natação, sempre gostei muito de praia, já tentei o surf, já fiz mergulho, gosto da liberdade que a água nos concede”, salienta.

“Eu escolhi a canoagem porque sempre fui muito ligado a desportos com água, sempre gostei da liberdade e da paz que a natureza me pode dar. Um dia decidi vir experimentar e nunca mais parei”, observa. “Tento sempre melhorar todos os dias, chegar mais longe, para alcançar os meus objectivos”, sublinha.

Martim quer continuar a praticar e a evoluir dentro da canoagem, “tentar estar entre os melhores a nível nacional”, concilia- la com os estudos, o que “é cada vez mais difícil”.

“Estou agora no 12º ano com a PAP para fazer, mas vou tentar continuar a treinar. Tentar voltar a entrar na selecção, que não será uma tarefa fácil”, refere.

O atleta do CCS deixa ainda uma palavra para quem se quer iniciar neste desporto, ou em qualquer outro: “não desistam, é preciso muito trabalho, não vai acontecer de um dia para o outro, tentem divertir-se, dar o melhor todos os dias, para chegar ao nível pretendido”, conclui.

António Rodrigues, 14 anos, já foi campeão regional pelo CCS. Escolheu a modalidade para “tentar conseguir ser melhor em alguma coisa”.

“Comecei porque o treinador Júlio Venâncio veio para a canoagem. As nossas famílias são muito amigas e isso ajudou a decidir-me. Entrei aos seis anos, já sou praticante há oito”, lembra.

Também Carolina Venâncio, 19 anos, tem aspirações dentro do clube e pretende chegar longe na modalidade, com muita dedicação, muito treino e “alguns picanços”, uma maneira de “puxarmos uns pelos outros”, reconhece, sempre que treina junto dos colegas e amigos com a mesma paixão.

“Praticar canoagem ajuda a libertar o stress, é o paraíso, a paz, ouvir os pássaros ao mesmo tempo que se rema”, admitiu, no passado sábado (dia 23), quando o Correio do Ribatejo os foi ver treinar num rio Tejo com pouca água.

Fundador José Maurício, uma grata memória do Clube

O Clube de Canoagem de Santarém (CCS) foi fundado, em 1991, por José Maurício.

O clube instituiu um Troféu com o seu nome, por forma a homenagear o seu fundador, falecido no passado mês de Maio, três meses antes das duas provas que o Clube organiza, anualmente, no mesmo dia, para facilitar a logística: o Campeonato Regional e o Troféu José Maurício.

O grande condicionante para as provas que decorrem normalmente em Setembro é o rio: “uma prova nacional poderá ter 800 atletas, uma prova regional terá 150 a 200. Estamos limitados a um canal no rio, o rio não tem largueza”, salientou o director técnico Júlio Venâncio.

Regressado do Ultramar e passeando pelas Portas do Sol, o fundador do CCS ter-se-á apercebido das potencialidades do Rio Tejo para a prática de canoagem, actividade que José Maurício já praticava em Angola.

Algum tempo depois foi convidado pelo CADCA para constituir uma secção de canoagem a qual teve início com jovens de Almeirim. Foi um elemento crucial no surgimento do CCS na Ribeira de Santarém, tendo a escritura de constituição sido paga inteiramente do seu bolso, cerca de 75 contos na altura, e envolvendo outros 30 associados.

A então Junta de Freguesia da Ribeira de Santarém cedeu para sede a Casa João Arruda (fundador do Correio do Ribatejo) na Praça Oliveira Marreca, tendo o clube iniciado a sua actividade com três barcos.

Mais tarde, a Direcção Geral dos Desportos concedeu-lhe outras oito canoas e dinamizou um curso de construção deste equipamento. Contudo, nos primórdios da sua existência, o CCS só possuía cinco para competição. Mais tarde, viria a adquirir outros quatro barcos K1. A pouco e pouco começou a montar um ginásio nas instalações, o que hoje é já uma realidade.

Ainda segundo os registos do clube, a primeira direcção foi constituída por vários jovens que davam o apoio possível e a participação nas provas era feita com recurso ao seu carro particular.

Ao fim de algum tempo, mudaram de instalações para o local onde se situa actualmente o ginásio até ser construído o actual Centro Náutico, em terreno propriedade da Junta de Freguesia e cedido por um período de 30 anos, renováveis.

Em 2009, o clube possuía 150 associados e entre 1991 e 2009 passaram pelo clube cerca de 50 atletas, a grande maioria da Ribeira de Santarém e alguns de Alfange, onde a actividade da canoagem foi dinamizada como apoio a alguns jovens considerados pelo clube como “mais problemáticos”.

“Não só temos uma preparação física muito forte, muito exigente, como temos outra componente muito forte que é a natureza.

Na canoagem estamos cem por cento em contacto com a natureza. É o melhor

antidepressivo que podemos ter”, conclui o presidente do CCS Celso Pereira que deixa o convite a que visitem o clube, na Ribeira de Santarém, bem junto às margens do rio Tejo.

JPN

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