“Improvável” é o nome do primeiro livro da autoria de António Rocha Pinto, 60 anos e engenheiro civil de formação. O livro, com a chancela das edições Toth, é um romance que conta a a história da família do autor. Uma história, tão improvável quanto verdadeira, de um clínico goês, que aderiu ao comunismo, que se bateu pelos rojos na Guerra Civil de Espanha e por fim foi médico de Salazar. António Rocha Pinto nasceu em Lisboa, em 1960, mas tem as suas raízes familiares maternas e paternas, respectivamente, na Covilhã e em Goa. Passou a sua juventude em Santarém onde ainda vive. Engenheiro civil formado no ISEL, com pós-graduações em Urbanismo e em Gestão, exerce a profissão desde 1982, em conjugação com actividades e participação cívica e sócio-cultural e com responsabilidades em instituições do Terceiro Sector. Exerce funções dirigentes na função pública, foi vice-provedor da SCM de Almeirim e presidiu ao Clube de Santarém. Dos pais lhe terá vindo a paixão pelas leituras. Iniciou-se na escrita com a publicação digital de contos – nas redes sociais e no blogue quemcontadoiscontos.blogs.sapo.pt/. “Improvável” é o seu romance de estreia.

Lançou recentemente o livro “Improvável”. O que o levou a editar este romance?

O tempo. Tudo tem um tempo e a vida vai-nos enchendo de experiências. A dada altura sentimos a necessidade de fazer uma súmula dessa existência e condensá-la em qualquer coisa. Uns pintam essa realidade coada, outros escrevem-na. Eu não tenho dotes de pintor resolvi escrever.

Em que altura da sua vida descobriu a vocação para a escrita?

Vocação é um termo com conotações muito fortes. Sempre li bastante, de tudo um pouco. Cheguei a um momento em que como que o copo começou a transbordar e saiu a escrita. Primeiro nuns contos e depois arrisquei um romance.

Como é o seu processo criativo?

Muito desordenado. É como um puzzle que só faz sentido no final. Vou escrevendo ao sabor do estado de espírito do momento pelo que não uso um fio condutor lógico de começar na página 1 e acabar na 300. Tenho uma matriz na cabeça e vou arrumando os números conforme eles me vêm à cabeça.

O que inspirou esta sua obra  “Improvável”  ?

A minha família e a sua vivência improvável.

O que é que retrata?

As vidas improváveis dos meus pais e tios, de geografias e culturas diversas e de serem pessoas muito pouco convencionais para o seu tempo. Até mesmo para este tempo.

O que representa para si a escrita?

Algo que ajuda a (re)pensar a vida e a ordená-la.

É o primeiro romance que lança. A história de família é um tema que pretende explorar nos seus livros?

Não obrigatoriamente, estou em fase exploratória de outro que nada tem a ver com a família, com a minha pelo menos.

Que livros é que o influenciam como escritor?

Muitos e muito variados. Penso que todos os livros que lemos têm influência no que escrevemos. Em termos de romances, os russos. Guerra e Paz por exemplo é ‘O romance’. Depois muitos dos nossos clássicos, o incontornável Eça, mais recentemente o Equador, do Miguel Sousa Tavares, muitas biografias. Mário Vargas Llosa (a Tia Júlia e o Escrevedor é notável), Os Pilares da Terra do Ken Follet. E dois pequenos livros – o Sidarta do Herman Hess e Uma Noite em Lisboa do Erich Maria Remarque.

Considera que um livro pode mudar uma vida?

Um livro pode ajudar a mudar uma vida. Muitos livros mudam-na certamente. Obrigam a que as pessoas se interroguem. Por alguma razão os livros sempre foram consideradas coisas perigosas. Originariamente pela Igreja que criou o célebre “Index” e depois pelos regimes totalitários, onde muitos eram proibidos e os autores presos.

Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa?

Como disse, tenho um segundo romance em desenvolvimento. Ponho também a hipótese de organizar os meus contos todos e publicá-los e finalmente um livro de contos infantis, para os meus netos.

Um título para o livro da sua vida?

Improvável, nova temporada (risos).

Viagem?

Todas, viajar é sair de si, mais que sair de onde estamos. O simples facto de nos pensarmos viajantes apura-nos os sentidos. Mas sem pandemias, voltar a Goa e ir à Terra Santa.

Música?

Muito variada, jazz e o que hoje são clássicos, de Mccartney, Sinatra, Sting, naturalmente o Veloso.

Quais os seus hobbies preferidos?

Leitura, fotografia, naturalmente a escrita e olhar babado para os meus netos, hoje é mesmo o meu hobby preferido

Se pudesse alterar um facto da história, qual escolheria?

Há muitos factos que gostaria que pudessem ser mudados. No século passado duas guerras que deviam ter sido evitadas. Sendo bairrista também gostaria que o infante D. Afonso não tivesse morrido em Santarém e com isso tivesse alterado uma parte da história do mundo.

Se um dia tivesse de entrar num filme, que género preferiria?

Preferia escrever o guião. De um romance histórico.

Acordo ortográfico. Sim ou não?

Na edição do livro foi retirada uma página introdutória, onde dizia que por vezes escrevia em desacordo comigo próprio quanto mais seguir uma nova ortografia.

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