“Vírus, Perdigotos e Ajuntamentos” é o título do livro que Rui Duarte Coelho apresentou hoje, 15 de Outubro, no Convento de São Francisco, em Santarém. O autor, residente em Santarém, professor de profissão e presidente da CPCJ de Alpiarça, descreve a obra como um olhar atento sobre o atípico quotidiano das pessoas durante a pandemia Covid-19.

“Apesar de toda a tragédia e drama que vivemos, não se trata de um livro dramático. É uma narrativa séria sobre um acontecimento que marca, indelevelmente, a História mundial, mas mesclada com sentido de humor e muita positividade. A importância de um abraço, de um beijo ou de outra qualquer manifestação de afecto é a marca d’água transversal a toda a obra”, diz Rui Duarte Coelho.

O que inspirou este seu livro?

O que inspirou este meu livro foi o contacto com o insólito, provocado pela pandemia. No dia 16 de Março de 2020 saí para o trabalho e reparei que, embora o património edificado fosse o mesmo, tudo o resto era estranho, único, singular. As formigas devem ter tido um dia glorioso, pois não havia ninguém na rua para as pisar. Escrevi toda a vida, só para mim. Mas, no final desse dia, tive a certeza que esse era o momento de escrever para editar. Essa certeza adveio de muitas coisas que se passaram nessa segunda-feira – nome do capítulo um – e que me admiraram. A principal delas foi as escolas estarem fechadas num dia de semana e na porta estar um papel a dizer “Fechado por tempo indeterminado”. Perante este quadro, e perante muitos outros que relato no livro, decidi escrever.

Qual é o tema predominante e que mensagem pretendeu passar?

O tema principal é a pandemia. Tentei focar os aspectos do novo normal que passamos a viver.  Escrevi a pensar nas pessoas, nas suas dificuldades e nas estratégias de cada uma para lidar com a pandemia. E foi isso que quis retratar. Generalizei sempre. E mesmo quando pessoalizei, fi-lo porque tinha a noção de que o que se estava a passar comigo, se estaria a passar com muita gente, por esse mundo fora. O livro contém muitas reflexões, narradas com positividade e mesmo com humor. Não queria que este livro fosse conotado com negatividade e amargura. Para isso já bastava o que vivíamos. Enquanto escrevia pensava sempre que o mais importante era arrancar um sorriso aos leitores, era abraçá-los através das palavras, era acarinhá-los com as frases. Há muitas mensagens nesta obra. Um livro tem que ter mensagens fortes e penso, sem falsas modéstias, que este tem. A principal é de esperança num futuro melhor para mais gente. Saibamos aproveitar a mudança que a pandemia nos impôs. Olhemos para o planeta e para os ecossistemas de outra maneira, mudemos os nossos comportamentos, sejamos mais solidários, sejamos mais comedidos nas nossas ambições pessoais e mais pró-activos nas ambições colectivas. Essa é a mensagem principal desta obra: as pessoas são todas importantes. O desafio deste século é a mudança estrutural das mentalidades.

Como foi o processo criativo?

Escrevi no convite “No dia 15 de Outubro, no Convento de S. Francisco, apresento o resultado, convertido em livro, de ano e meio de trabalho árduo e dedicação (…)”. E foi mesmo isso. A produção de um livro é um trabalho conjunto de amigos. Uma vez mais e sempre, a união faz a força. Tenho que aproveitar esta oportunidade para agradecer publicamente ao Jorge de Sá, ao José Luís Cordeiro, ao Ludgero Mendes e ao Daniel Pires Roque, bem como a ilustríssimos, e não menos importantes, anónimos, pelo apoio incondicional nesta realização. Sem eles não havia este livro. O processo criativo em si mesmo foi o resultado de momentos de muita inspiração, mas, também, de muita transpiração. A minha escrita passa muito pela reescrita. É uma fase muito importante do meu processo criativo. O êxtase é quando escrevo e não mudo nada. Aí é um prazer absoluto.

O que representa para si a escrita?

A escrita é a minha vida. A vida faz sentido para cada um de nós de diferentes maneiras. A paz de espírito, o prazer, a felicidade que sinto quando estou a escrever não tem paralelo com nada. É puro prazer. Descobri isso quando estava a escrever o “Vírus, Perdigotos e Ajuntamentos”.

Considera que um livro pode mudar uma vida?

Este livro mudou a minha vida. Abanou-me de alto a baixo. Recentrou-me. Mudou o meu centro de felicidade. Apaixonou-me.

Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa?

Já estou a escrever outro livro. Não vou parar mais de escrever e quero dar-me a ler, aceitando todas as críticas para crescer com elas. E tenho um sonho: ser escritor. Sinto que só escrevi um livro e quero muito mais do que isso. Mas sou professor e presidente de uma CPCJ e isso ainda me apaixona. Ainda não é o momento de acordar todos os dias muito cedo para me dedicar em exclusivo às palavras escritas. Mas é o meu maior sonho. Ensinei aos meus alunos que o sucesso só vem antes do trabalho no dicionário. Quando chegar o momento, trabalharei arduamente, até que as mãos me doam, para merecer o epíteto de escritor.

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