Mónica Guerra nasceu em Lisboa mas considera-se Ribatejana. Licenciada em Sociologia, define-se como “curiosa e observadora”. Confessando-se uma “leitora compulsiva”, aprendeu a ler e a escrever ainda antes de entrar para a escola primária. Publicou o seu primeiro livro “De manhã já te esqueci” (2007), baseado na sua tese de licenciatura, e “A Prometida” (2015). “Primavera” é o segundo volume de uma colecção que a escritora tem sob a chancela da Emporium Editora.

Em que altura da sua vida descobriu a vocação para a escrita?
Desde sempre gostei de escrever e de ler. Aos quatro, cinco anos, a minha avó começou a ensinar-me em casa, comprava-me os livros do ‘Papu’ (que ainda guardo) e ensinou-me. Quem cresceu nos anos 80 de certeza que se lembra destes livros de exercícios para crianças. Foi assim que aprendi. Quando entrei na escola primária já sabia ler e escrever o meu nome. Ficou o vício. Nas férias entretinha-me a fazer cópias e a escrever diários. E a ler, claro. Devorava todos os livros de banda desenhada que me dessem e os livros da colecção Uma Aventura e dos Cinco. O melhor presente que podia receber era um livro. Ainda hoje é.

Como é o seu processo criativo?
Quando começo um novo livro a primeira coisa que faço é comprar um caderno novo, bonito, para anotar tudo o que me vier à cabeça. Esse caderno é a minha companhia até o livro estar editado. Anda sempre comigo. Nele anoto todas as ideias, personagens, pesquisas, notas soltas. Tudo. A primeira página tem o nome do livro, o ano em que decorre a acção, as personagens e a data em que começo a trabalhar nele e a data em que termino. No caso desta série já tenho uma ideia do que vou escrever, por isso começo sempre por investigar tudo o que se passou no ano em que se desenrola a acção. Acontecimentos históricos, personalidades, invenções, vida quotidiana, etc. Isso ajuda-me também a compor a história na minha cabeça e a ter ideias do que posso usar. Depois é começar a escrever, e à medida que vou escrevendo mais ideias surgem. Também me dão ideias e quando fico ‘bloqueada’ também as peço àqueles que acompanham o processo de escrita. Inspiro-me nas coisas e nas pessoas que me rodeiam ou se cruzam comigo para compor as personagens e criar as histórias. Nas coisas que me acontecem. Isso aconteceu com duas personagens do “Inverno” a Leónia e o Alexandre, voltou a acontecer na “Primavera” com a Olga, como irá acontecer no “Verão” com a Carolina que já nos é apresentada nos últimos capítulos da “Primavera”.

O que inspirou esta sua obra ‘Primavera’?
Um objecto em particular: o Ovo da Serpente Azul de Fabergé. Foi em torno dele que idealizei toda a história. Depois juntei mais duas coisas que me fascinam: história russa e templários. São temas que individualmente nada têm a ver uns com os outros (excepto Fabergé que está intimamente ligado à história da Rússia e dos Romanov), mas consegui juntá-los na minha imaginação e criar uma história.

O que é que retrata?
Na “Primavera” vamos acompanhar o percurso de duas personagens que foram apresentadas no “Inverno”, a Luz e o Filipe. São eles os protagonistas desta nova aventura e vão conduzir-nos numa demanda em busca de um Diário, que contém a localização do tesouro dos templários.

O que representa para si a escrita?
Liberdade, realização e felicidade.

Tem algum tema predominante nos seus livros?
Escrevo predominantemente livros de época. Apenas uma ou duas vezes escrevi fora disso. Esta série das Quatro Estações é uma série que mistura espionagem, romance e aventura. São os meus temas favoritos. Mas também gosto de escrever romances. Os primeiros contos que escrevi foram romances de época.

Que livros é que a influenciaram como escritora?
A primeira influência foi sem dúvida a colecção “ Uma aventura”. Depois não houve propriamente livros, mas sim escritores: Paulo Coelho e Luís Miguel Rocha. Nos clássicos, Tolstoi e Dickens. Vários me inspiraram, mas estes são os mais importantes para mim.

Considera que um livro pode mudar uma vida?
Sim, tenho a certeza disso.

Tem outros projectos em carteira que gostaria de dar à estampa?
Sim. Quero fazer uma reedição da “Prometida”, com uma boa revisão e em papel. A primeira edição foi em ebook e foi uma edição de autor, mais para ver no que dava. Era completamente leiga sobre o mercado editorial. Escrevi este conto quando tinha 18 anos e considero que foi o primeiro “com pés e cabeça”. Quem o leu gostou muito. E ainda tenho mais duas “Estações” para escrever: o “Verão” ( que já tem “esqueleto” e primeiros capítulos escritos ) e o “Outono”.

Um título para o livro da sua vida?
O livro que mudou a minha vida: “Verónica decide morrer” de Paulo Coelho.

Viagem?
Fazer o Expresso do Oriente, o Transiberiano, e ir ver as auroras boreais à Finlândia.

Música?
Não tenho um género favorito, gosto dos mais variados estilos. Ultimamente descobri algumas bandas de rock sinfónico que me têm acompanhado.

Quais os seus hobbies preferidos?
Ler e viajar.

Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?
O assassinato dos Romanov.

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?
Um filme de época, claro.

Acordo ortográfico. Sim ou não?
Não.

Leia também...

“No Reino Unido consegui em três anos o que não consegui em Portugal em 20”

João Hipólito é enfermeiro há quase três décadas, duas delas foram passadas…

O amargo Verão dos nossos amigos de quatro patas

Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa…

O Homem antes do Herói: “uma pessoa alegre, bem-disposta, franca e com um enorme sentido de humor”

Natércia recorda Fernando Salgueiro Maia.

“É suposto querermos voltar para Portugal para vivermos assim?”

Nídia Pereira, 27 anos, natural de Alpiarça, é designer gráfica há seis…