José Filipe Melo, 25 anos, é médico e iniciará, em breve, o internato de formação específica em ortopedia no Hospital Distrital de Santarém.

Recentemente, sob o pseudónimo Teodoro Benjamim, publicou o seu primeiro livro na Astrolábio Edições, uma chancela Atlantic Books. O Livro intitula-se “O Batalhão da Noite” e trata-se de um livro de ficção. Oportunidade para o Correio do Ribatejo ficar a conhecer melhor o autor.

Em que altura da sua vida nasceu para a escrita?

Antes de nascer para a escrita, nasci para a leitura. Não me consigo lembrar de um Natal em que não tenha recebido livros (e ficado contente com isso). Depois de ser leitor, creio que a escrita surgiu durante o meu Secundário.

Lembro-me de num texto para um teste de Português ter escrito algo que fugia do texto argumentativo e ganhava laivos de quase crónica, resumindo não fiz nada do que era suposto, mas, na altura, gostei do resultado.

Cheguei a escrever alguns textos para o jornal da escola, mas o momento em que assumi a escrita como uma ambição foi quando me candidatei ao Prémio Literário Albertino dos Santos Matias, promovido pela Fundação Lapa do Lobo, em 2018, com um conto, tendo sido agraciado com uma Menção Honrosa e a publicação do mesmo em livro.

Que eventos ou experiências o inspiraram a criar a figura de Evaristo?

A figura de Evaristo surgiu numa ida para a faculdade. Estava à espera do autocarro e vi um senhor que remexia num monte de livros que tinham sido abandonados junto a um caixote do lixo. Quando entrei no autocarro acabei por passar a viagem a pensar no mágico “E se…?” e o Evaristo lá acabou por aparecer.

Como concilia a sua profissão de médico com a escrita?

Não tenho bem uma resposta para isso, para mim a medicina sempre esteve em primeiro lugar, mas a escrita é um bom escape, uma boa forma de desligar de um mundo que não controlamos e entrar noutro que só depende da nossa vontade.

Porquê a ficção?

Talvez por ser o tipo de leitura que mais me atrai e, apesar de ter pontuado a escrita deste livro com muitos factos e acontecimentos reais, a ficção acaba por me dar mais liberdade criativa.

Como equilibrou o tom humorístico com a crítica social na narrativa? Pretendia criar um certo contraste entre esses elementos ou uma interligação mais directa?

Essa dualidade é uma coisa que, por exemplo, Saramago faz muito bem e, nunca me querendo comparar, Saramago não pode deixar de ser um exemplo. São coisas que não são antagónicas, é muito mais fácil fazer crítica social quando se satiriza o visado do que mantendo um tom sério.

A crítica do protagonista à evolução do mundo contemporâneo é um elemento interessante. Qual é a mensagem principal que espera que os leitores retirem em relação a isso?

Acho que o melhor livro é aquele que deixa mensagens diferentes em leitores diferentes, se quisesse ser objectivo não tinha escrito um texto de ficção, talvez me tivesse dedicado antes aos textos jornalísticos.

Além de contar uma história cativante, havia outros objectivos literários que pretendia alcançar com “O Batalhão da Noite”?

Acho que o objectivo último de um escritor, mesmo quando diz o contrário, é ser lido. O que pretendia era provar a mim mesmo que conseguia escrever uma obra maior que um conto e conseguir ser publicado.

Não pretendia ser gostado, apenas lido, mas se gostarem ainda melhor!

Um título para o livro da sua vida?

O que não tem remédio, remediado está!

Viagem?

Itália.

Música?

Senhor Extraterrestre, cantado pela Amália.

Quais os seus hobbies preferidos?

Ler.

Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?

Distante: O terramoto de 1755. Recente: O acidente de Camarate.

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?

Um Musical, de preferência histórico.

O que mais aprecia nas pessoas?

A diversidade.

O que mais detesta nelas?

Quando tentam ser fotocópias umas das outras.

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