O jovem estudante universitário Joaquim Veríssimo Serrão publicou no jornal “Correio do Ribatejo”, entre 1 de Novembro de 1947 e 22 de Maio de 1948, uma coluna literária dedicada aos poetas portugueses intitulada “Fragmentos de Oiro”, onde pretendia divulgar os melhores sonetos da poesia lusa. A rubrica veio a ser interrompida a fim do autor concluir os seus estudos universitários.
No Verão de 1949, Joaquim Veríssimo Serrão reiniciou a sua colaboração no referido jornal escalabitano com a rubrica “Poetas do Ribatejo”. A 30 de Julho publicou um artigo dedicado a Faustino dos Reis Sousa. Este nasceu na Ribeira de Santarém, em 1883, sendo filho de Joaquim Augusto de Sousa e Custódia Chaves de Sousa, irmão de José Avelino de Sousa e primo em segundo grau do poeta Guilherme de Azevedo. Reis Sousa escreveu teatro como “Coroa de Espinhos” e “À Sesta”, representada no teatro Rosa Damasceno, a 28 de Julho de 1923 e no sarau do Orfeão Scalabitano, de 20 de Abril de 1930, mas também publicou livros de poesia como “Meio Dia” (1918), “Fumo do meu casal” (1938) e “Luz da tarde” (1946). Os seus dotes literários foram premiados nos Jogos Florais de Gaia (1924), Jogos Florais da Emissora Nacional (1937), “Bocageanos” em Évora (1942) e Ateneu de Sevilha (1947). O artigo terminou com a publicação dos poemas “Contraste” e “Madrigal”.
O poeta faleceu em 1972. Américo Durão foi o poeta homenageado no artigo publicado a 6 de Agosto. Este nasceu no Couço, Coruche, em 1893, concluiu o curso de Direito, foi professor das Escolas Primárias Superiores, cônsul de Portugal em Bilbau e Trieste e funcionário da Câmara Municipal de Lisboa. De entre as suas obras publicadas destacam-se “Penumbras” (1914), “Vitral da minha dor” (1917), “Tântalo” (1921), “Lâmpada de Argila” (1930) e “Tômbola” (1942). Os poemas “Soror Água” e “Súplica” concluem o artigo de Serrão. Américo Durão faleceu em 1969.
A obra da poetisa, professora e colaboradora do “Correio do Ribatejo” Maria de Carvalho foi o tema do artigo de 13 de Agosto. Esta nasceu na Chamusca, em 1889 e estreou-se nas letras como o livro “As sete palavras” (1915), a que se seguiu “Sonetos”, “Folhas” (1921) e “Chama inquieta” (1937). A antiga aluna de D. João da Câmara e colaboradora do jornal “O Comércio do Porto” foi representada no artigo com a publicação dos poemas “No moinho” e “Viver”.
O último artigo desta rubrica foi dedicado a Ramiro Guedes de Campos e publicado a 27 de Agosto. Este poeta e engenheiro nasceu em Abrantes, a 24de Novembro de 1903 e recebeu várias distinções como nos Jogos Florais da Emissora Nacional (1937, 1938) e nos Jogos Florias Ibéricos (1938, 1945). De entre a sua obra publicada realça-se “Portugal” que recebeu o prémio Antero de Quental, em 1937, “Auto de Aljubarrota” (1938), “Auto da Fundação de Portugal” (1940) e “Dia Perdido” (1941). Joaquim Veríssimo Serrão admitiu que admirava a poesia de sentido nacionalista, heróico e patriótico de Guedes de Campos, no entanto, não publicou um poema no seu artigo, alterando o formato anteriormente utilizado.
Após uma paragem de alguns meses, Joaquim Veríssimo Serrão publicou cinco artigos incluídos na rubrica “Poesias eternas de Guilherme de Azevedo”. Neles analisou os poemas “Aparições” (1867), “À Musa”, “É noite na floresta” (1871), “Mater” e “Alma Nova”. O percurso literário do escalabitano Guilherme de Azevedo sempre fascinou Joaquim Veríssimo Serrão que publicou, em 1948, “A Mundividência na Poesia de Guilherme de Azevedo”. Serrão lamentava o esquecimento a que Santarém tinha votado um dos seus grandes poetas e lançava a ideia de se construir “um busto cheio de mimosas flores, num dos mais belos jardins da sua ingrata terra” (CR, 14/1/1950, p. 4).
Entre 16 e 30 de Setembro de 1950, publicou três artigos sobre a obra de Guerra Junqueiro no âmbito do centenário de nascimento do poeta de “Os Simples”. O autor tinha como objectivo “dar algumas achegas para a difusão da obra de um dos maiores poetas portugueses” (CR, 30/9/1950, p. 8). Os poemas preferidos de Serrão têm por temática o papel da mãe na família e o amor. Este relembrou o poema “O amor” que Guerra Junqueiro dedicou a Guilherme de Azevedo.
Em Outubro de 1950, Joaquim Veríssimo Serrão suspendeu novamente a sua colaboração com o “Correio do Ribatejo” porque foi convidado para exercer funções de leitor de português, na Universidade de Toulouse, como bolseiro do Instituto para a Alta Cultura.
Teresa Lopes Moreira