Foto ilustrativa
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A Guarda Nacional Republicana (GNR) registou mais de 300 furtos de cortiça até 20 de agosto, sobretudo no distrito de Santarém, e três pessoas foram detidas, de acordo com os dados enviados à Lusa.

Em 2022, foram registados 284 furtos de cortiça e detidos 22 suspeitos, sendo que no ano seguinte verificaram-se 465 furtos e 45 detidos.

Já até 20 de agosto do corrente ano, contabilizam-se 321 furtos de cortiça e três suspeitos detidos.

Por distritos, este ano, os mais afetados foram Santarém (74), Portalegre (73) e Setúbal (68).

Seguem-se Évora (34), Castelo Branco (28), Faro (16) e Beja (10).

Depois surgem Bragança (seis), Aveiro (três), Guarda (dois), Lisboa (dois), Porto (dois), Viseu (dois) e Leiria (um).

Até agosto, não foram registados furtos de cortiça nos distritos de Coimbra e Vila Real.

“O ‘modus operandi’ mais comum para a prática deste ilícito incide na extração direta da árvore nas propriedades, havendo uma maior preponderância de registos de furtos através deste método. Com menor frequência, é utilizado o furto de cortiça empilhada”, precisou.

Segundo a GNR, as ações de patrulhamento e fiscalização, que decorrem em articulação com várias entidades, permitem que diversas campanhas agrícolas decorram “num clima de segurança, procurando ainda identificar possíveis situações de tráfico de seres humanos”.

O secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, disse à Lusa que estes furtos não são uma novidade, podendo mudar apenas, de ano para ano, os alvos destas práticas.

“Se as vagas de furtos e destruição de postos de transformação de eletricidade e pivôs de rega (para retirada do cobre e posterior revenda) têm sido uma constante ao longo dos anos, atingindo níveis preocupantes e prejuízos avultados (em regiões como Alentejo, Ribatejo ou mais a Norte, por exemplo, na Póvoa do Varzim), já no caso das colheitas, os alvos podem ir mudando, consoante os preços praticados”, apontou.

Por exemplo, na campanha de passada, com a subida do preço da azeitona, a fileira viu o número de roubos a crescer.

O mesmo aconteceu, no Algarve, com a alfarroba, há duas campanhas, quando os preços bateram recordes, enquanto na fileira do pinhão os roubos têm sido frequentes e constantes.

“Já este ano, a fileira da cortiça tem estado particularmente vulnerável a furtos e, entre os produtores, têm sido muitas as dezenas de situações reportadas, que incluem o descortiçamento selvagem de sobreiros, danificando-os e colocando em causa a sua produtividade futura”, ilustrou.

Luís Mira lamentou ainda que as ações de fiscalização sejam apenas pontuais, o que faz com que o seu fator dissuasor perca força.

A CAP exige assim uma ação concertada por parte do Estado para que se aumente a vigilância e se agrave a moldura penal para estes crimes.

Para evitar estas ocorrências, a GNR aconselha a instalação de alarmes, a colocação de marcas nos equipamentos e o reforço das medidas de proteção de infraestruturas.

Os produtores devem ainda dar conhecimento à GNR dos locais de armazenamento da cortiça, que, quando amontoada ao ar livre, não deve estar junto a locais de fácil acesso, comunicar furtos e potenciais compradores e locais de transformação.

Contactado pela Lusa, o Ministério da Agricultura assegurou estar a trabalhar com o Ministério da Administração Interna para um reforço policial nos locais mais propensos a furtos.

O Governo tem ainda a intenção de “analisar a possibilidade de usar mecanismos e instrumentos financeiros da União Europeia” para apoiar parte do custo de implementação de sistemas de segurança.

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