A Feira da Golegã celebra 450 anos de existência e a efeméride não será esquecida na edição deste ano da Feira Nacional do Cavalo que começou no passado dia 5 e se estende até 13 de Novembro.
Para António Camilo, presidente do Município, esta edição da Feira do Cavalo, Feira Internacional do Cavalo Lusitano e Feira de São Martinho possui um sabor especial por marcar o regresso destes eventos após a interrupção forçada por força da Pandemia.
“Esperamos que esta edição afirme o nosso certame, do ponto de vista desportivo em volta do Cavalo e na preservação das nossas tradições”, afirmou ao ‘Correio do Ribatejo’ António Camilo que nesta entrevista assegura: “A Golegã continua a ser a Capital do Cavalo e continuará a desempenhar o seu papel na promoção e desenvolvimento da criação do Cavalo Lusitano”.
O que é que se pode esperar desta edição da Feira da Golegã?
Esta edição da Feira do Cavalo, Feira Internacional do Cavalo Lusitano e Feira de São Martinho possui um sabor especial. Por um lado, marca o regresso da Feira após a interrupção por força da Pandemia. Por outro lado, celebramos os 450 anos da Feira. Esperamos que esta edição afirme o nosso certame, do ponto de vista desportivo em volta do Cavalo e na preservação das nossas tradições.
É um certame que se viu forçado a suspender nos dois últimos anos, devido à Covid-19. Portanto, quais são as grandes novidades para este regresso ao Largo do Arneiro?
A nossa Feira é, tradicionalmente, um momento de grande afluência de pessoas. A sua realização, este ano, apenas é possível graças ao avançado estado da fase de vacinação de toda a população portuguesa. Neste momento, os grupos de maior risco já se encontram inoculados com a terceira dose da vacina, o que significa que as repercussões no caso de eventuais contágios, serão sempre tendencialmente diminutas e controladas para a saúde das pessoas. No entanto, foram tomadas diversas medidas para prevenir o contágio. As medidas passam por um acentuar da desinfecção dos espaços públicos, por uma fiscalização prévia mais apertada e em conjunto com as autoridades de saúde dos espaços que vão abrir, garantindo condições efectivas ao nível da saúde pública e por uma redução dos horários de ruído dos estabelecimentos nocturnos, medida esta solicitada pelo Comando Territorial da GNR de Santarém. Também a disposição dos stands colocados nos espaços exteriores foi alterada, evitando que se criem aglomerados de pessoas nas vias de acesso ao Largo do Arneiro, tendo inclusive sido removidos os stands de venda ambulante em algumas das artérias da Vila, para facilitar a circulação de pessoas. Ao nível do bem-estar animal, a proibição de circulação entre as 02h00 e as 07h00 da manhã foi alargada para toda a Vila, o que representa uma melhoria significativa a este nível.
Apesar deste interregno, a Golegã continua a ser o grande entreposto do cavalo lusitano?
Sem dúvida. A Golegã contínua a ser a Capital do Cavalo e continuará a desempenhar o seu papel na promoção e desenvolvimento da criação do Cavalo Lusitano. Não só durante a FNC, mas também durante todo o ano. Será uma aposta nossa acentuar o pendor desportivo do mundo equestre, aumentando a qualidade e quantidade das provas que aqui se realizam, mas colaborando ao mesmo tempo com as entidades do sector na promoção e desenvolvimento do cavalo lusitano.
Qual é, para si, o momento que destacaria do programa?
Todas as provas têm imensa relevância do ponto de vista desportivo. No entanto, destacaria a Final da Taça de Portugal de Ensino e a final do Campeonato Nacional de Equitação de Trabalho. Serão também marcantes o espectáculo equestre que assinala os 450 anos da Feira de São Martinho e a homenagem a realizar à Equipa Olímpica de Ensino, que representou Portugal nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
A Feira tem espaço para crescer e para inovar no seu formato?
A Feira precisa de aliar a tradição à inovação. Considero que devem ser feitas melhorias ao nível da segurança dos visitantes e dos animais. Também será necessário projectar mais a FNC e estabelecer parcerias com agentes públicos e privados, que permitam oferecer aos participantes da FNC uma experiência diferente e digna. Acima de tudo, importa dignificar a Feira Nacional do Cavalo.
A questão financeira é importante. Esta feira continua a ser a oxigenação financeira do comércio do concelho?
Divido a questão financeira em dois aspectos. Por um lado, a importância económica inquestionável da FNC para o comércio local, que se traduz num autêntico balão de ar puro para a nossa economia. Por outro lado, a questão económica da própria Feira, que tem ficado fechada em si mesma e limita a sua sustentabilidade económica nas taxas que são cobradas aos estabelecimentos temporários. Pretendemos abrir a Feira a novos investidores, que queiram associar as suas marcas a um evento de excelência, que não precisa ser vendido nem promovido.
A Golegã não é só Feira de São Martinho. É um concelho ligado ao sector primário, mas em que a grande aposta também passa pelo turismo. Defende uma aposta mais clara neste sector?
A Golegã possui imensas oportunidades no sector do turismo, que têm de ser aproveitadas. Possuímos uma enorme riqueza histórica, desde a nossa rede de monumentos e museus, passando pelo turismo equestre, pelo turismo templário, ou pelo turismo de natureza, que encontra o seu expoente máximo na Reserva Natural do Paul do Boquilobo. Estaremos apostados em aumentar a nossa oferta turística, estabelecendo parcerias com os nossos concelhos vizinhos, numa autêntica oferta turística em rede.
Quais serão as suas grandes prioridades para este mandato e que projectos gostaria de ver concretizados?
As nossas prioridades passam por reverter a tendência de desertificação do interior, fixando os habitantes que vivem no nosso território e, ao mesmo tempo, criar condições de atractividade para que novos habitantes aqui queiram residir.
O essencial para que isto se verifique é haver oferta de emprego, existir uma boa política de habitação e garantir que as pessoas possuem qualidade de vida, o que se consegue através da boa mobilidade, excelentes condições ao nível da comunicação e novas tecnologias, boa oferta de serviços de saúde e de educação, uma oferta cultural de excelência e boas condições para a prática desportiva e promoção de hábitos de vida saudáveis. Toda esta conjugação de factores fará com que o nosso território seja mais atractivo.
Em termos concretos, iremos iniciar uma política agressiva de incentivos à natalidade, apostar na dinamização do nosso polo empresarial como motor para a criação de novas empresas. Procuraremos aumentar a qualidade e diversidade da oferta educacional e iremos aumentar ao máximo a nossa oferta cultural e desportiva. Iremos também estar atentos às oportunidades que o Plano de Recuperação e Resiliência irá oferecer, nomeadamente ao nível da promoção, instalação e recuperação do parque habitacional.