“A Feira de Setembro de Rio Maior, com 300 anos de existência é, ainda hoje, o evento que mais nostalgia traz aos riomaiorenses”. Quem o afirma é Filipe Santana Dias, presidente da Câmara Municipal de Rio Maior.

Nesta entrevista ao ‘Correio do Ribatejo’, numa altura em que o Município prepara mais uma FRIMOR, o autarca considera que o certame se tem modernizado, muito embora mantendo “a aposta forte numa feira de cariz agrícola e agro-alimentar”.

A aposta nas actividades culturais foi reforçada, garantindo na FRIMOR 2023 um espaço de animação para os mais jovens.

Assim, nasce uma nova estratégia para promoção daFRIMOR, que segundo Santana Dias “aposta claramente na boa música, boa mesa e na divulgação do que de melhor fazemos no nosso Concelho”, salienta.

O investimento total ronda os 175.000 €, mas o Município desenvolveu diversas parcerias e patrocínios para apoiar o investimento.

À margem da Feira, o autarca salienta os investimentos PRR que segundo afirma “foram levados muito a sério pelo Concelho de Rio Maior” e lamenta a decisão do ministro da Saúde por ter optado pelo Bombarral para a instalação do futuro hospital do Oeste. “Considero que é uma escolha errada, que não irá garantir as condições básicas para a fixação de profissionais, de serviços e de outrasexigências que uma infra-estrutura deste tipo necessita”, comenta.

Quanto à FRIMOR que marca presença em Rio Maior de 31 de Agosto a 3 de Setembro, o autarca não tem dúvidas: “tem conseguido atrair jovens dos 8 aos 80 e é assim que pretendemos continuar”.

Tem vindo a referir que “a Frimor é uma feira em constante actualização”. Nesse contexto quais são as novidades deste ano?

A FRIMOR é uma feira que se tem modernizado nos últimos anos e que tem profundas raízes na Feira de Setembro de Rio Maior, cuja origem remonta há mais de 300 anos. Este ano, embora mantenhamos a aposta forte numa feira de cariz agrícola e agro-alimentar, reforçámos a aposta na actividade cultural, garantindo na FRIMOR 2023 um espaço de animação para os mais jovens. A boa música é um ponto forte desta feira. No entanto, além do palco principal onde irão decorrer os concertos, teremos um parque de actividades radicais e um espaço loungecom um palco secundário, onde os visitantes poderão desfrutar das boas tardes de Setembro. Nos restantes espaços da FRIMOR, mantemos a divulgação da in dústria agro-alimentar do Concelho, as tradicionais tasquinhas, promovidas por associações locais, e espaços de diversão para os mais novos. No espaço exterior do pavilhão estarão, obviamente, aqueles que são os principais embaixadores desta feira, os nossos ceboleiros, que aqui vêm expor e comercializar o fruto do trabalho de vários meses, mostrando a todos aqueles que nos visitam a verdadeira rainha desta festa, a cebola.

Como avalia a relevância da FRIMOR – Feira da Cebola para fortalecer a ligação dos munícipes à sua terra natal e de que forma um evento com três séculos de existência poderá contribuiu para preservar as tradições culturais e identidade histórica do concelho?

A Feira de Setembro de Rio Maior, com 300 anos de existência é, ainda hoje, o evento que mais nostalgia traz aos riomaiorenses. Muitos de nós ainda se lembram de vir nas suas carroças ou carros de bois, com os seus avós, para aqui poderem fazer o negócio essencial para a actividade agrícola ou pecuária. A feira de então, muito diferente da actual, espalhava- se por toda a localidade de Rio Maior, trazendo milhares de pessoas ao nosso território. A FRIMOR mantém o seu cariz tradicional em vários pontos da feira, nomeadamente pela presença e destaque dado dos agricultores (ceboleiros) que aqui vêm vender os seus produtos e também pela exposição e comercialização de máquinas e produtos destinados à agricultura, actividade que retomámos há uns anos. Do ponto de vista cultural, mantemos a animação popular, apostando este ano, em particular, num festival de bandas filarmónicas.

A FRIMOR tem mantido o seu foco no tradicional, mas com uma abordagem adaptada aos nossos tempos. A Feira de Setembro estará sempre viva no coração dos riomaiorenses e é a esse sentimento que queremos dar continuidade.

Como é que a autarquia encara o papel da Feira na promoção do turismo regional e no incremento da economia local?

Rio Maior tem apostado na realização de eventos e na oferta turística diferenciada, por forma a poder sempre receber com grande qualidade todos aqueles que nos visitam. Disso são exemplos, além da FRIMOR, as Tasquinhas e os Presépios de Sal, entre outros. A promoção turística em Rio Maior é fruto de uma estratégia concertada, em que todos os eventos contribuem para o desenvolvimento global e harmonioso do Concelho. Hoje, em Rio Maior, os players da área do turismo trabalham de forma articulada, mantendo as suas especificidades individuais, e isso permite-nos, avistar um futuro promissor para o sector. Rio Maior vivia o desafio de transformar visitantes em turistas, e hoje essa transformação é já uma realidade. Com o desenvolvimento e organização da oferta turística, é possível darmos maior visibilidade a todo o nosso património, potenciando a iniciativa privada, em parceria com o setor público.

Hoje, o alojamento local em Rio Maior é já um negócio muito interessante, que beneficiou em muito da nossa estratégia e sendo um parceiro indispensável.

Qual é o investimento previsto?

O investimento total para toda a organização da FRIMOR 2023 ronda os 175.000 €. Nesta edição, o Município desenvolveu ainda diversas parcerias e patrocínios para apoiar o investimento.

Como se encaram os desafios de equilibrar a tradição de uma Feira da Cebola com a modernização do evento, visando atrair públicos diversos e dinamizar a economia local?

Acredito que um evento desta dimensão necessita de se reinventar constantemente, por forma a oferecer, constantemente, novidades a quem nos visita. Creio que a modernização do evento tem sido respeitadora das tradições e da importância do mesmo para a história de Rio Maior.

Hoje, mais do que participar num evento, a generalidade do público visitante quer viver experiências, quer ver coisas diferentes. Tem sido esse o nosso foco.

Como tem sido a adesão dos cidadãos e visitantes à FRIMOR ao longo dos anos, e quais são as estratégias para incentivar a participação crescente neste evento, nomeadamente dos jovens?

Desde 2017, ano em que fiquei responsável pelas feiras na Câmara de Rio Maior, entendi que FRIMOR necessitava de, aproveitando o bom trabalho que vinha sendo feito, dar um salto efectivo de qualidade. Assim, nasce uma nova estratégia para promoção da FRIMOR, apostando claramente na boa música, boa mesa e na divulgação do que de melhor fazemos no nosso Concelho. A partir do momento em que a aposta em animação cultural, através de concertos com bandas de topo nacionais, foi uma realidade, houve automaticamente um aproximar da juventude a esta feira. A forte promoção que temos vindo a fazer, devidamente acompanhada por um programa atractivo, são garantia de sucesso. A FRIMOR tem conseguido atrair jovens dos 8 aos 80 e é assim que pretendemos continuar.

Em Rio Maior não faltam projectos para a juventude. A Residência de Estudantes, por exemplo, era uma das prioridades da Câmara há muito desejada.Como estão a decorrer as obras e para quando a inauguração?

A residência de estudantes é um projecto muito desejado pela comunidade estudantil em Rio Maior. Através de uma candidatura ao programa de Recuperação e Resiliência (PRR) conseguimos assegurar verbas para a sua concretização.

Estas obras estão a correr muito bem, estando a sua conclusão prevista para o final deste ano. 2024 será o ano em que iremos inaugurar a obra, e mais importante do que isso, colocá-la à disposição dos nossos alunos.

Para além desta Residência, que outros investimentos do Plano de Recuperação e Resiliência seriam fundamentais para alavancar o concelho?

Os investimentos PRR foram levados muito a sério pelo Concelho de Rio Maior. Além da Residência (aproximadamente 2M€), conseguimos fixar investimentos importantes como a melhoria das nossas áreas de localização empresarial (aproximadamente 13M€), o indispensável investimento na N114 (uma parceria entre o Município e as Infra-estruturas de Portugal – aproximadamente 9M€).

Além de tudo isto, vamos ainda investir na habitação pública, contribuindo para a resolução do problema de falta de fogos habitacionais na cidade e no concelho.

Quais são os principais desafios que Rio Maior enfrenta neste momento?

Rio Maior tem vindo a trilhar um caminho de desenvolvimento, ao longo dos últimos anos, em diferentes áreas: na economia, no turismo, no desporto, entre outras. Temos trabalhado sempre para manter a atractividade do Concelho, no que toca ao investimento e ao emprego e os indicadores são muito positivos.

No entanto, debatemo-nos com desafios, decorrentes do ambiente económico em que vivemos, a nível europeu e mundial, a que temos de estar atentos, por forma a respondermos às necessidades dos munícipes, através de medidas que potenciem a economia local, que protejam os mais frágeis economicamente e que apoiem as gerações mais novas. Um dos maiores desafios é a necessidade de fixar mão de obra qualificada para que a nossa indústria continue a desenvolver-se com cada vez mais qualidade.

Na área da saúde, tem defendido um novo hospital no Norte da Região Oeste e que o mesmo deveria situar-se próximo das Caldas da Rainha. Desiludiu-o saber que a sua localização será em Alcobaça conforme anunciou, em Junho, o ministro da Saúde?

Discordo profundamente da decisão do Senhor Ministro da Saúde. Sem desprimor para o Concelho do Bombarral, considero que é uma escolha errada, que não irá garantir as condições básicas para a fixação de profissionais, de serviços e de outras exigências que uma infra-estrutura deste tipo necessita.

O estudo técnico independente que foi realizado pelos municípios de Caldas da Rainha e Óbidos, revelou inequivocamente que o hospital deveria ser fixado num grande centro do Oeste, como Torres Vedras ou Caldas da Rainha. Destes, Caldas da Rainha seria a decisão óbvia pela centralidade e pelo maior afastamento da zona de influência da Grande Lisboa. A decisão tomada é prejudicial para os riomaiorenses e deixa cerca de 12 mil pessoas do concelho com menos disponibilidade de serviços e menos qualidade de serviço, a partir do momento em que a distância ao hospital se torna maior.

Com esta decisão Rio Maior ficará fora da área de influência do novo hospital do Oeste. Não será um contra-senso? Decisões como esta esbarram na reorganização administrativa proposta para a região com a criação de uma NUT II englobando a Lezíria, o Médio Tejo e o Oeste?

A criação de uma nova NUT que agregue Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Oeste é uma oportunidade única para colocar a região a falar a uma só voz. Neste tema Rio Maior pode desempenhar um papel fundamental sendo o concelho onde estas três regiões se juntam e por isso o local ideal para acolher a CDDR desta nova NUT.

Não considero que a reorganização administrativa e a existência do Hospital em Caldas da Rainha sejam concorrentes. Pelo que expliquei anteriormente, considero um erro crasso a localização escolhida para o novo hospital, mas não creio que condicione a reorganização.

Numa outra perspectiva, creio que torna a região mais susceptível em termos de cuidados de saúde, porque aproximando esta unidade hospitalar de Lisboa, estamos na verdade a afastá-la de onde ela é mais necessária.

Rio Maior é conhecida pela ‘Cidade do Desporto’ e o ano passado acolheu projectos que saíram da iniciativa de jovens do concelho, como por exemplo o Projecto Vencedor do Orçamento Participativo Jovem de 2022, ligado ao Street Basket. O projecto “Cidade do

Desporto para todos” passa pela criação desses espaços informais de prática desportiva aberta a públicos de todas as idades? Em que consiste?

O Município de Rio Maior é reconhecido pelas suas infra-estruturas desportivas de excelência e tem sido a casa do desporto de competição ao mais alto nível. No entanto, temos, nos últimos anos, apostado em projectos e infra-estruturas que têm como objectivo a promoção da prática desportiva informal, de forma acessível e gratuita para todos os riomaiorenses, e não apenas para os

atletas profissionais. Exemplo disso são os diversos equipamentos de acesso livre que têm vindo a ser construídos e reabilitados, em todas as freguesias do concelho, e que são uma oportunidade para os munícipes terem acesso à prática desportiva e uma melhor qualidade de vida.

Implementámos projectos como o KM Zero, que disponibiliza 36 circuitos mistos (pedonais e BTT), com mais de 300 km espalhados por todas as freguesias do concelho. Apostámos também em programas como o + Desporto + Saúde, que promovem actividades para diferentes faixas etárias.

Temos vindo a inaugurar novos equipamentos como o parque de arborismo, campos de basquetebol, campos de futebol de praia e parques de treinos informais, onde todos são bem-vindos. Como já apresentado na nossa estratégia para o Desenvolvimento Económico, temos como objectivo transformar Rio Maior na primeira Smart Sport City do país.

Rio Maior será a casa do Casa Pia para os jogos da I Liga de futebol. De que forma poderá o concelho potenciar essa presença?

Pela primeira vez os riomaiorenses assistiram a um jogo da primeira liga no nosso Concelho, na passada sexta-feira, com estádio cheio, numa festa muito bonita.

A parceria com o Casa Pia deixa-nos muito orgulhosos e é uma oportunidade para aumentar a visibilidade do nosso Concelho e mostrar a nossa capacidade de receber grandes eventos. A organização não podia ter corrido melhor, graças ao esforço da DESMOR, dos colaboradores do Município e da estrutura do Casa Pia.

Para alguém que visita o concelho, como o apresentaria? Que características distintivas tem este território, do ponto de vista económico e empresarial, cultural e patrimonial?

Rio Maior é um concelho atractivo, bom para viver, estudar, trabalhar e visitar. Estamos a 45 minutos de Lisboa, mas, ao mesmo tempo, temos uma grande área de parque natural e uma grande proximidade à Serra dos Candeeiros. Rio Maior é um município seguro e acolhedor, com qualidade de vida e com boas ofertas educativas, como a Escola Superior de Desporto de Rio Maior e a Escola Profissional de Rio Maior. Quanto ao dinamismo empresarial, temos visto crescer o número de empresas que investem e se fixam em Rio Maior, resultado da estratégia municipal para captação de investimento e das melhorias nas infra-estruturas do nosso Centro de Negócios. Rio Maior é um concelho que tem uma oferta cultural alargada e que marca a agenda na região, ao longo do ano.

Quanto ao turismo, esta tem sido uma das áreas com maior crescimento, especialmente depois da pandemia. A aposta do Município no turismo de natureza, nos nossos produtos originais, mas também na gastronomia e nas experiências diferenciadas têm colhido frutos, com o aumento de visitantes.

JPN

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