Bruno nasceu para o atletismo aos 18 anos, após a entrada na APPACDM de Santarém. Desde então, tem coleccionado medalhas e recordes nacionais, europeus e mundiais: o Síndrome de Down não é algo que o diminui. Antes pelo contrário. Superara-se todos os dias e entrega-se com entusiasmo e dedicação aos treinos.
Os resultados não tardaram a chegar: em 2010, no Campeonato do Mundo Atletismo Síndrome Down, realizado no México, arrecadou a Medalha de Prata –1500 metros Marcha e a Medalha de Bronze – 400 metros Marcha.
Um feito de monta para o atleta, que não esconde o orgulho enorme de levar o nome da instituição e de Portugal aos lugares cimeiros do desporto mundial.
Mas Bruno Leitão, garante que é calmo nessas alturas de competição e nem tem medo de andar de avião. Já fez várias deslocações ao estrangeiro para representar Portugal na marcha atlética e garante estar preparado para continuar.
A grandeza e o mérito são maiores quanto maiores forem as adversidades que enfrentamos. E o atleta Bruno Leitão, da APPACDM de Santarém, é disto um exemplo vivo.
A sua garra e a dedicação têm feito com que esteja a competir ao mais alto nível há 14 anos. A juntar à modalidade da marcha, Bruno Leitão foi desafiado a fazer o lançamento do peso. No seu entusiasmo, o jovem aceitou, e a primeira experiência até não correu muito bem.
“O peso tem quatro quilos, e nos primeiros lançamentos quase que me caía aos pés”, brinca Bruno Leitão. Mas a evolução foi muito rápida, e pouco tempo depois já fazia bons lançamentos.
Logo em 2011, foi Medalha de Prata no Lançamento Peso. “Chegou ao dia da primeira prova, estava nervoso, mas a prova até correu bem, fiquei nos primeiros lugares, e ganhei mais entusiasmo”, referiu Bruno Leitão.
Bruno Leitão passou então a treinar em Almeirim com o técnico de desporto da Câmara Municipal, e os resultados deram um salto muito grande. “Rapidamente se aproximou do recorde nacional”.
O brilhante atleta, capitão da selecção e porta-estandarte da bandeira nacional, tem trazido para a terra medalhas e títulos no lançamento do disco, na marcha, no dardo e no lançamento de peso.
“Nós estamos aqui para ensinar, mas também aprendemos muito. O Bruno é um ser humano fantástico e tem sido um privilégio enorme trabalhar com ele”, refere o treinador, elogiando o “compromisso, empenho e dedicação gigantes” para com os treinos que o atleta demonstra.
“O Bruno tem um enorme talento, que é fomentado e suportado por toda a estrutura da APPACDM. Tudo se torna fácil quando toda uma equipa está a trabalhar para o mesmo”, sublinhou, acrescentando: “o Bruno tem sido um atleta brilhante: São 14 anos ao mais alto nível”.
Aos 44 anos (feitos em Março), o atleta da APPACDM é a “prova viva” que a força de vontade e a singularidade do espírito humano “podem ultrapassar quaisquer obstáculos”, segundo afirma Luís Amaral, presidente da APPACDM, instituição que que, diariamente, trabalha com o maior afinco para esbater todas as diferenças, tornando a vida destas pessoas o mais gratificante possível.
“Trabalhar a parte da inclusão e aquilo que possa ser uma ferramenta para essa mesma inclusão e o desporto é uma ferramenta muito importante para esse desígnio”, explicita Luís Amaral.
“Apostamos muito no desporto e temos uma equipa dedicadíssima e temos obtido muito bons resultados a esse nível. O Bruno é um símbolo e um exemplo para outros colegas que o admiram e aspiram chegar onde ele já chegou. O que queremos é continuar a trabalhar em prol da inclusão, usando de tudo o que esteja ao nosso alcance para isso mesmo”, acrescenta o responsável da instituição.
A instituição, já há alguns anos presidida por Luís Amaral, iniciou as suas actividades numa casa de habitação no Centro Histórico de Santarém, mas, dada a procura, teve de buscar instalações mais amplas, acabando por adquirir a Quinta de Nossa Senhora do Rosário, no Vale de Santarém, onde hoje tem sede.
Com meio século de existência, a instituição tem um grande caminho feito, mas que “está longe de estar concluído”, diz o presidente da APPACDM, revelando que o grande desafio actual se prende com o aumento da capacidade de acolhimento permanente.
No aspecto da inclusão, diz o presidente da APPACDM de Santarém, está a ser feito um “caminho interessante”. Essa é, aliás, “uma das bandeiras da instituição, que conta com um corpo técnico e de funcionários muito competente de cerca de 120 pessoas”.
“A deficiência intelectual tem características específicas e cada uma delas merece uma atenção redobrada. Daí que a nossa missão seja promover e estimular o desenvolvimento das pessoas com deficiência e a sua inclusão na sociedade; disponibilizar apoio aos seus familiares e co-responsabilizar o Estado na defesa dos direitos destes Cidadãos”, afirma.
Desporto, dança, equitação, teatro, música, projectos internacionais e formação profissional são outras das dimensões da associação que ambiciona ainda ter uma nova Unidade de Vida Autónoma, uma casa de transição: “um passo mais avançado em direcção à autonomia”.
Um Curriculum Desportivo que fala por si
Medalhas em Provas Internacionais – Atletismo Síndrome Down Campeonato do Mundo Atletismo Síndrome Down – África do Sul (Novembro, 2015)
• Medalha de Bronze – Lançamento Disco (1 kg)
Campeonato da Europa Atletismo Síndrome Down – Póvoa Varzim (Maio, 2014)
• Medalha de Ouro – Lançamento Disco (1 Kg)
• Medalha de Ouro – Lançamento do Dardo (600 gr)
Campeonato da Europa Atletismo Síndrome Down – Roma (Junho, 2013)
• Medalha de Ouro –Lançamento Disco (1 Kg)
• Medalha de Ouro – Lançamento do Dardo (600 gr)
• Medalha de Bronze – 800 metros Marcha
• Medalha de Bronze – 1500 metros Marcha
Campeonato do Mundo Atletismo Síndrome Down – Açores (Maio, 2012)
• Medalha de Ouro – 1500 metros Marcha
Campeonato da Europa Atletismo Síndrome Down – Sardenha (Junho, 2011)
• Medalha de Ouro –Lançamento Disco (1 Kg)
• Medalha de Prata – 1500 metros Marcha
• Medalha de Prata – Lançamento Peso (4Kg)
• Medalha de Bronze – Lançamento do Dardo (600 gr)
Campeonato do Mundo Atletismo Síndrome Down – México (Setembro, 2010)
• Medalha de Prata –1500 metros Marcha
• Medalha de Bronze – 400 metros Marcha
Campeonato do Mundo Atletismo Síndrome Down – Florença, Itália (2016)
• Medalha de Bronze – 800m Marcha
Campeonato da Europa Atletismo Síndrome Down – Vila Nova de Gaia (2017)
• Medalha de Bronze – Disco 1kg
• Medalha de Bronze – 800m Marcha
• Medalha de Bronze – 1500m Marcha
Campeonato da Europa Atletismo Síndrome Down – Ferrara, Itália (2021)
• Medalha de Ouro – Dardo 600gr
• Medalha de Bronze – Disco 1kg
• Medalha de Bronze – 800m Marcha
Campeonato do Mundo Atletismo Síndrome Down – República Checa (2022)
• Medalha de Bronze – 4x400m (estafeta)
Campeonato da Europa Atletismo Síndrome Down – Padova, Itália (2023)
• Medalha de Prata – Disco 1kg
• Medalha de Prata – Dardo 600gr
• Medalha de Prata – Peso 4kg
• Medalha de Prata – 4x400m (estafeta)
Recordes Internacionais e Nacionais – Atletismo Síndrome Down Recordes do Mundo – Atletismo Síndrome Down
• 1500 metros Marcha com 10´21”15 alcançado no Luso em Maio, 2014
• 800 metros Marcha com 5´08”87 alcançado no Luso em Maio, 2014
Recordes da Europa – Atletismo Síndrome Down
• Lançamento Disco com 24,58 metros alcançado em Roma (Junho, 2013)
Recordes Nacionais – Atletismo Síndrome Down
• 1500 metros Marcha com 10´21”15 alcançado no Luso em Maio, 2014
• 800 metros Marcha com 5´08”87 alcançado no Luso em Maio, 2014
• Lançamento Disco (1Kg) com 24,58 metros alcançado em Roma (Junho, 2013)
• Lançamento Dardo (600gr) com 25,21 metros alcançado no Luso em Abril, 2013
• Lançamento Peso (4Kg) com 8,96 metros alcançado no Luso em Maio, 2010