Célia Evaristo nasceu em Tomar, a 11 de fevereiro de 1980. Licenciou-se em 2002 como Professora do 1.º Ciclo do Ensino Básico, na Escola Superior de Educação de Santarém, profissão que exerce desde essa data. Já em criança queria ser professora e trabalhar com crianças e esse desejo cumpriu- se, lecionando diariamente com o mesmo amor de sempre. Reside atualmente em Alverca do Ribatejo.

A escrita faz parte da sua vida desde que se lembra, assim que aprendeu a ler e a escrever. Participou em diversos concursos de conto e de poesia, tendo sido distinguida com diversos prémios literários. Recentemente, em outubro de 2023, alcançou o 1.º prémio no Concurso Literário Palmira Bastos, na modalidade de prosa, com o texto “Sete letras de saudade”. Neste mesmo concurso, na modalidade de poesia, alcançou uma menção honrosa com o poema “Deixa-te em mim voar”.

Viu publicadas histórias e poemas que escreveu em jornais da cidade onde nasceu e em alguns jornais nacionais.

Entre 1996 e 2005, nos seus tempos livres, foi locutora em duas rádios locais, onde também declamou poemas da sua autoria.

É cronista na Helicayenne Magazine Portugal e autora da página do Facebook, “Histórias de Amor com Aromas do Mar”, que dá nome ao seu primeiro livro de poesia, publicado em 2022, sob a chancela da Oficina da Escrita.

Quais foram as influências mais marcantes da sua infância e formação académica que a levaram a seguir a carreira de professora do 1º Ciclo do Ensino Básico?

Sempre quis ser professora. Ainda eu não era aluna e as minhas brincadeiras com as minhas amigas de então já se baseavam na escola, sendo que eu era sempre a professora. Felizmente tive excelentes professores que me mostraram o melhor desta profissão e motivaram-me a continuar.

É muito gratificante ver as crianças crescerem a aprenderem o que temos a ensinar-lhes. Não há palavras para descrever o que se sente quando um aluno nosso tem sucesso e sabemos que nesse sucesso há um bocadinho de nós. E eu, enquanto professora, tenho aprendido tanto com os meus alunos.

Como descreveria a relação entre a sua profissão como professora e a sua paixão pela escrita?

Ser professora permite-me conjugar muito do que escrevo com a minha profissão. Quando escrevo algo destinado a um público mais jovem, gosto de partilhar com os meus alunos. São grandes críticos, gostam de dar ideias e, felizmente, querem sempre mais. Foi o que aconteceu com a Pimpineta. Era para ser apenas um poema que partilhei com eles, mas logo a seguir começaram a sugerir ideias, a pedir-me mais aventuras, e assim surgiu o livro “A Borboleta Pimpineta (e as suas histórias a rimar)”. Também gosto de escrever com os meus alunos, são muito imaginativos e escrevemos histórias deliciosas.

Quais são os temas ou experiências pessoais que mais frequentemente inspiram as suas histórias e poemas, e de que forma esses temas se refletem nos seus trabalhos?

Na escrita para as crianças centro-me nas suas vivências, aprendizagens e brincadeiras.

Divirto-me muito a brincar com as palavras, dando-lhes vida e sonoridade. Tento sempre conjugar o cariz lúdico ao educativo quando escrevo. Na escrita para adultos, dedico-me principalmente ao sentimento mais nobre que existe, o amor, em toda a sua plenitude. Amor este que anda de braços dados com o mar.

Uma poesia romântica, leve e delicada que transporta o perfume, o sabor, o som e a paisagem de um mar que me fascina e vive em mim. Quem me lê navega docemente nas ondas do mar e do amor, do desejo, da paixão, das trevas e da luz, através de um registo calmo e sereno, mas simultaneamente intempestivo, como é o mar.

No coração de quem ama existe toda uma miscelânea de sentimentos contraditórios. Uma escrita simples e cuidada, marcada por um vocabulário rico e diversificado, que proporciona uma leitura agradável a quem a venha a ler.

Como foi a transição de locutora em rádios locais para escritora e autora na página do Facebook “Histórias de Amor com Aromas do Mar”?

O convite para entrar no mundo da rádio surgiu com os meus 16 anos. Seguiram- se 9 anos como locutora, nos meus tempos livres, nas duas rádios locais de Tomar, interrompidos aquando da minha vinculação como professora na região de Lisboa, onde passei a morar e que tornou incompatível a minha continuação na rádio. Já nessa altura declamava poemas que escrevia nos programas que fazia e publicava nos jornais da cidade. Ao passar a lecionar em Lisboa, a escrita foi ficando guardada até que, em 2021, criei a página “Histórias de Amor com Aromas do Mar”, no Facebook, na qual partilho um pouco do que vou escrevendo e as minhas aventuras no universo da escrita. Após o incentivo constante da parte de familiares, amigos e seguidores, decidi tentar fazer do meu sonho uma realidade. A Letícia Brito, da Oficina da Escrita, leu alguns poemas meus que, entretanto, tinha partilhado em grupos de poesia e mostrou-se interessada e entusiasmada em embarcar comigo nesta aventura de publicarmos o meu primeiro livro de poesia, ao qual dei o título da minha página de escrita.

Quais são os desafios e as recompensas de escrever e publicar para um público mais vasto através das redes sociais, em comparação com a escrita de livros?

Considero que as duas formas de publicação complementam-se e não se substituem. Quando se publica nas redes sociais, temos a certeza de fazer chegar o que escrevemos a mais pessoas, em vários países.

É uma forma mais fácil, menos dispendiosa e mais imediata de partilhar a nossa escrita com outras pessoas. A escrita de um livro é uma forma de reunir tudo o que temos vindo a publicar nas redes sociais e de perpetuar em papel, é algo palpável. É um processo mais demorado e mais rigoroso.

Para mim, não há nada que substitua um livro, que possa “cheirar” e manusear diversas vezes. Estou ciente que as novas tecnologias têm permitido, de certa forma, o “esquecimento” dos livros físicos, mas também podem ajudar o autor na sua promoção e na promoção das suas obras.

Podemos esperar novos projetos literários seus num futuro próximo?

Não concebo a minha vida sem a escrita e recebo de braços abertos tudo o que ela me oferece. Atualmente estou a participar de diversos projetos no âmbito literário, desde a participação em antologias e coletâneas, tertúlias poéticas, programas de rádio e outros eventos. Também continuo a promover os meus livros “Histórias de Amor com Aromas do Mar”, lançado em 2022, e “A Borboleta Pimpineta (e as suas histórias a rimar)”, lançado em 2023. Encontro-me igualmente a preparar o meu terceiro livro de poesia. Estou a viver o meu sonho.

Leia também...

“No Reino Unido consegui em três anos o que não consegui em Portugal em 20”

João Hipólito é enfermeiro há quase três décadas, duas delas foram passadas…

O amargo Verão dos nossos amigos de quatro patas

Com a chegada do Verão, os corações humanos aquecem com a promessa…

O Homem antes do Herói: “uma pessoa alegre, bem-disposta, franca e com um enorme sentido de humor”

Natércia recorda Fernando Salgueiro Maia.

“É suposto querermos voltar para Portugal para vivermos assim?”

Nídia Pereira, 27 anos, natural de Alpiarça, é designer gráfica há seis…