Não podiam ser mais clamorosas as manifestações aos elementos do Movimento das Forças Armadas que haviam saído da Escola Prática de Cavalaria e que foram os primeiros a chegar a Lisboa.

Milhares de pessoas concentraram-se ao longo da Estrada Nacional nº 3, que atravessa esta cidade, aguardando os gloriosos militares e entoando o Hino Nacional e gritando “vivas” ao Movimento e a Portugal.

Na Madrugada do dia 27

Pouco antes da uma hora da madrugada chegava o primeiro veículo da coluna auto-transportada, comandada pelo Capitão Tavares de Almeida, e que logo foi envolvido pela multidão que não se cansou de aclamar os briosos militares. Sucessivamente, foram chegando outros veículos que a custo rompiam por entre a compacta massa de povo que gritava “O Povo unido jamais será vencido”.

A coluna militar, que era apenas metade do efectivo que partira da unidade sob o comando do Capitão Salgueiro Maia, chegou finalmente à unidade. Mas o povo continuou a vitoriar as Forças Armadas e gritar vivas a Portugal e a cantar o Hino Nacional.

Na noite seguinte

 A população de Santarém ao ter conhecimento do regresso, à Escola Pratica de Cavalaria, da coluna de blindados que, comandada pelo capitão Salgueiro Maia, tomara parte activa no movimento do passado dia 25, ocorreu, em massa, junto daquela unidade. Enquanto aguardava a chegada dos militares, a multidão entoou o Hino Nacional e deu vivas a Portugal.

Quando a coluna entrou no aquartelamento, todos proclamavam o nome do capitão Salgueiro Maia. Toda a multidão reclamava a presença daquele oficial que, no entanto, só apareceu à varando do edifício principal momentos depois, tendo então sido calorosamente saudado e acarinhado pelos presentes.

Na passada segunda-feira

Decorreu com o maior civismo e grande entusiasmo patriótico a manifestação promovida pela Comissão Democrática Eleitoral de Santarém.

Muito Antes da hora marcada (19 horas) começaram a concentrar-se junto do edifício do destacamento da Escola Pratica de Cavalaria, numerosas pessoas vindas de vários pontos da região, empenhando bandeiras. Entretanto, formava-se o cortejo cívico, no qual se incorporou a banda da Filarmónica de Alpiarça, que seguiu em direcção ao aquartelamento principal da Escola.

Ali juntaram-se-lhe o capitão Salgueiro Maia, que comandou a coluna que daqui saiu quando da eclosão do Movimento que pôs termo ao regime de 48 anos instaurado no País; e o alferes Maia Loureiro, furriel Costa e soldado Carlos Pereira, que tiveram acção preponderante na histórica acção.

O cortejo dirigiu-se seguidamente aos Paços do Concelho, onde uma delegação foi recebida pelo presidente do Município, sr. João Marcelino de Noronha Azevedo, o qual estava acompanhado de todos os vereadores. Seguidamente, assomaram à varanda principal dos Paços do Concelho, o capitão Salgueiro Maia, acompanhado pelos seus camaradas do Exército, o qual leu a proclamação da Junta de Salvação Nacional. Terminada a leitura ouviram-se apoteóticos vivas às Forças Armadas e a Portugal.

A vida na cidade decorreu calmamente e apenas pequenos grupos se juntaram perto das residências de alguns suspeitos de serem informadores da extinta DGS, indivíduos que forças militares, que compareceram nesses locais, conduziram ao aquartelamento da Escola Prática de Cavalaria, onde foram devidamente identificados, saindo depois em liberdade.

Junto da casa da extinta Mocidade Portuguesa registou-se um pequeno incidente provocado por jovens e que esboçaram uma tentativa de apedrejamento, o que foi obstado por forças militares que rapidamente ocorreram. Foi retirado o emblema da extinta organização, protegendo assim um edifício  de propriedade particular.

Às 4 horas da madrugada, uma pequena força militar ocupou, por motivos de segurança, as instalações da Rádio Ribatejo, que tem o seu emissor nesta cidade.

Também a GNR fez uma operação próximo de Salvaterra de Magos, por ter chegado ao seu conhecimento que ali se encontravam elementos da DGS. Porém, após minuciosa busca, não foram encontrados quaisquer suspeitos nem armas.

(In: Correio do Ribatejo de 4 de Maio de 1974)

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